Sensacionais e retraídos | Moreirense FC x SL Benfica

    Benfica
    Primeira Liga, 12.ª jornada: domingo, 18h. 3 de dezembro de 2023

    ANTEVISÃO: HÁ CURA PARA A BIPOLARIDADE?

    Olha a oportunidade boa de provar que continua vivo o super Benfica de muito de 2022-23 e da primeira parte com o Inter: jogo em Moreira de Cónegos, ambiente tradicionalmente confortável para os encarnados e um adversário que vai crescendo a olhos vistos, que muito valorizará uma eventual vitória. Roger Schmidt lá vai remendando onde pode e como consegue: aprendeu com o debacle de San Sebástian que o 3-4-3 não era dança para este rancho, voltando a confiar e bem na fórmula inicial e em Tino como recuperador; descobriu em Morato lateral para outras andanças, que funcionará em pleno quando do outro lado tiver a flecha Bah para dar amplitude, libertando o craque Aursnes para funções que lhe são mais próprias; acreditou em Tengstedt e o nórdico retribuiu com participações decisivas; e agora terá finalmente à disposição Kökcu, garantindo a paciência e assertividade que faltam muitas vezes aos repentinos Rafa ou Di Maria.

    Resta agora ao mestre alemão voltar a tentar que os pupilos cumpram a totalidade dum jogo a bom nível, podendo nunca chegar à perfeição da primeira parte de quarta-Feira, mas sempre muito mais vivos que a apatia generalizada na segunda parte. Pede-se equilíbrio e estabilidade ao Benfica, antes de se verem os grandes recitais do ano passado. Os resultados internos têm garantindo calma para trabalhar, mas a nível exibicional terá que se aperfeiçoar, queira Roger sair da alhada em que se meteu com a comunicação social.

    A recebê-lo estará Rui Borges, muito mais realizado com o próprio trabalho. O Moreirense já cheira a Europa, morde os calcanhares ao Braga e a sequência fantástica de vitórias na Liga garantiram ao treinador o Prémio de Melhor do Mês em Novembro: numa daquelas anedotas recorrentes do Futebol Português, Rui teve que chamar o adjunto Tiago Aguiar para ir receber o prémio por ele… já que lhe falta o diploma do curso da UEFA que, entretanto, já terminou!

    Depois de arrumar o diploma no dossier dos prémios, abriu-se outro como que por magia, bem mais pertinente: o das lesões. João Camacho, um dos elementos mais produtivos da temporada e de fora desde o confronto para a Taça, continua em recuperação, como Sylla ou Wallison. Faltar o brasileiro não seria grave se Ofori continuasse com a folha limpa, o que não é o caso – e assim faltam as duas opções para a zona ‘6’, obrigando Rui Borges a adaptação de recurso ou à aposta em Rúben Ismael, alguém com 14 minutos na temporada.

    Equipado a rigor de apito pronto a soar estará Fábio Veríssimo.

    10 DADOS RÁPIDOS

    1. 32 jogos entre as duas formações e só duas vitórias do Moreirense, nenhuma em casa: uma na Luz em 2018-19, por 1-3, com direito a tento de Chiquinho, e a outra naquela icónica meia-final da Taça de Liga de 2016-17, troféu que moreirenses e Augusto Inácio viriam a ganhar.
    2. Portanto, o Benfica nunca perdeu em Moreira de Cónegos em 17 visitas. O pior foram três empates, dois deles nas últimas cinco visitas.
    3. Estatística que poderá mudar se os de Lisboa não empregarem rigor máximo na contenda: porque este Moreirense é 5.º classificado, está a três pontos do SC Braga (que joga umas horas antes) – acima da melhor classificação de sempre, que é o sexto posto.
    4. 11 jornadas, só três derrotas, todas contra o top4 – se em Alvalade não houve argumentos e sucumbiu com 3-0, as recepções a FC Porto (0-1) e SC Braga (2-3) foram tudo menos divertidas para os ‘Grandes’. Aviso está dado.
    5. Azar do calendário, foi tudo no início do campeonato, o que impediu o bom começo da equipa: foram quatro derrotas nos primeiros seis jogos, com uma eliminação da Taça da Liga à mistura. Mas ultrapassado esse campo de minas, aceleração: uma derrota (a eliminação da Taça perante o Paredes) nos sete jogos desde aí!
    6. Portanto, na Liga, a equipa vem em sequência de perigosas ultrapassagens, com cinco vitórias e um empate desde meados de Setembro. 16 pontos em 18 possíveis e a colagem à Europa!
    7. Para tornar isso possível, o perfeccionismo defensivo de Rui Borges: um golo sofrido nesses seis jogos, não sofre há três consecutivos e com essa proeza são seis clean sheets nos 13 jogos da temporada! Confirma méritos o treinador nortenho, que já tinha pegado no Mafra a meio de 2022-23 para os colocar na melhor classificação de sempre, depois de apenas duas derrotas em… 15 jogos!
    8. André Luis é o artilheiro com quatro golos, com quatro assistências, surge Alanzinho no topo do ranking de ofertas. O vice nas duas estatísticas, João Camacho (três em cada), fica de fora por lesão.
    9. Fábio Veríssimo é o senhor do apito. Para os da casa, um reencontro (a última vez tinha sido em… 2021-22!) e um registo pobre: 14 jogos e apenas cinco vitórias.
    10. Para o Benfica, são 22 vitórias em 32 jogos, com sete nos últimos sete.

    JOGADORES A TER EM CONTA

    Gonçalo Franco Quanto valeria se actuasse num dos quatro da frente? Quão bem encaixaria nos plantéis de Sporting ou FC Porto? Podemos adaptar o ditado sobre o filho de peixe saber nadar a ‘filho de general, sabe comandar’ ainda que não tenha tanta lógica? É que como o pai, centralão dum grande Rio Ave e figura tradicional do campeonato na primeira década do milénio, sabe impor-se em campo pela inteligência e disponibilidade física que, aliada aos recursos técnicos do típico número oito português, dota a equipa duma dimensão competitiva acima do previsto. Sem Ofori, seu fiel escudeiro na contenção da intermediária, terá responsabilidades acrescidas num dos confrontos onde pode fazer a tal capa de jornal já justificada há muito.

    João Neves e Morten Hjulmand no Benfica x Sporting
    Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

    João Neves Depois de dominar mais um meio-campo contrário a meio da semana como quem pede um café, o protagonista João chega a Moreira de Cónegos sobreavisado sobre os talentos contrários: até porque além de Franco – naquele que será o duelo mais interessante do jogo – há Alan a chamar a atenção, uma cria da academia do Palmeiras que se fartou de atazanar cabeças na Segunda Liga e mantém a tendência no escalão maior. Ainda que Kokcu pudesse ajudar na batalha, Schmidt deverá continuar a confiar no raio de acção alargado de João para manter três peças no meio-campo ofensivo – e aí vai ele, sem rebater nem discordar, o desenrascadíssimo número 87, exímio estafeta, que continuará a acumular excessiva quilometragem para levar as tão precisas encomendas aos mais necessitados em qualquer canto do relvado, num excepcional transe alimentado pelo sentido de compromisso e lealdade pura.

    XI´s PROVÁVEIS

    Moreirense FC: Kewin; Fabiano, Marcelo, Maracás e Amador; Rúben Ismael, Franco e Alanzinho; Kodisang, Madson e André Luís.

    Treinador: Rui Borges

    «Podem esperar de nós uma equipa audaz, bem ciente dos momentos do jogo, sempre bem organizada. Temos sido uma equipa muito equilibrada. Percebemos que, do outro lado, existe muita qualidade e o mínimo erro pode sair caro. Acredito que os jogadores vão estar motivados. Somos corajosos e vamos ter sempre uma ambição muito grande».

    SL Benfica: Trubin; Aursnes, António Silva, Otamendi e Morato; Florentino e João Neves; Di Maria, Rafa e João Mário; Tengstedt

    Treinador: Roger Schmidt

    «Sempre estivemos perto do topo, perdemos o primeiro jogo e depois vencemos todos tirando o Casa Pia AC. Vencemos o primeiro classificado, passámos para a frente e vai ser uma luta até à última jornada. O importante é terminar em primeiro».

    PREVISÃO DE RESULTADO: Moreirense FC 1-2 SL Benfica

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    Pedro Cantoneiro
    Pedro Cantoneirohttp://www.bolanarede.pt
    Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, o Benfica como pano de fundo e a opinião de que o futebol é a arte suprema.