Foi preciso apelar às forças que já não existiam para garantir, frente à AS Roma, uma passagem aos quartos de final da prova milionária, que tem tanto de dramática como de justíssima.
Com sangue, suor e lágrimas (desta vez de alegria), o FC Porto mostrou acima de tudo a alma que o norteia e que, dúvidas houvesse, não o deixou num estado depressivo que o impedisse de reagir ao soco no estômago que fora a derrota com o SL Benfica.
Do pé esquerdo de Alex Telles saiu o bilhete que garante mais 10,5 milhões de euros a juntar ao bolo de 68 que os dragões já tinham amealhado na fase de grupos. Pelo meio, Soares e Marega fizeram ebulir um Dragão a rebentar pelas costuras. De Rossi ainda deixou tudo igual, através de um penálti, mas a festa pintou-se mesmo em tons de azul.
Um golo marcado e nenhum sofrido era o bastante para o FC Porto avançar mais um degrau nesta escadaria cada vez mais milionária. Até por isso, a ausência de Brahimi do onze inicial dos dragões causou alguma estranheza. Militão, esse, voltou à equipa para ocupar o lado direito da defesa, acabando por não ter um regresso muito feliz. Foi dele a imprudência que culminou no golo de De Rossi, à entrada para o intervalo. Antes, porém, já se via um FC Porto intenso, forte e pressionante, com a baliza de Olsen na mira.
Corona, a jogar do lado esquerdo do ataque, tinha em Karsdorp um oponente bastante frágil, que acabou ultrapassado pela irreverência do mexicano numa mão cheia de ocasiões. Numa delas, a bola até sobrou para Alex Telles já no interior da área, mas o tiro do brasileiro só fez abanar as redes pelo lado de fora.
Disposto a aproveitar o bom momento da equipa estava Marega, que fez um sprint estonteante na direção contrária à da baliza romana para recuperar uma bola e, mais tarde, servir o último passe a Soares que, à boca da baliza não perdoou.
A superioridade que os portistas espalhavam em campo, contudo, não se viria a traduzir no placard à saída para os balneários, já que uma imprudência de Militão culminou numa grande penalidade favorável à Roma. De Rossi não se iludiu com Casillas e atirou fácil para o empate.
Os primeiros minutos do segundo mostram um FC Porto do melhor que já se viu esta época e, sem surpresa, a casa quase voltou a vir abaixo assim que Corona, depois de mais uma bola iniciativa sobre a esquerda, cruzou com a medida certa ao segundo poste, onde Marega apareceu para encostar.
A eliminatória estava empatada e, com as defesas a superiorizarem-se aos ataques, tudo se encaminhou para o prolongamento. Di Francesco, técnico dos romanos, por esta altura já havia lançado no jogo Cristante para ganhar a luta a meio campo e estancar a avalanche portista.
Do lado contrário, Conceição sentiu a menor capacidade física de Corona e mandou a jogo Brahimi, assim como Fernando e Hernâni, duas setas prontas a aproveitar o cansaço que o avançar dos minutos iam provocando numa experiente mas algo lenta defesa da AS Roma.
Olsen continuava a manter vivas as esperanças dos romanos em decidir tudo para lá dos 90 minutos, sobretudo ao negar o golo com belas intervenções a remates de Brahimi e Herrera.
Dzeko, completamente tapado por Pepe e Felipe ao longo do tempo regulamentar, teve no segundo tempo do prolongamento as oportunidades tão desejadas e, valha a verdade, a sorte protegeu a audácia do dragão. Essa proteção haveria de dar o fruto mais desejado. Florenzi, solidário com o erro de Militão na primeira parte, também foi ‘anjinho’ ao agarrar Fernando a três minutos do fim.
Çakir precisou do VAR para tirar todas as dúvidas, mas a decisão foi célere: penálti para o FC Porto e oportunidade para arrumar ali a questão. Alex Telles aguentou nos ombros toda a pressão e atirou, com classe, para a vitória.
ONZES INICIAIS E SUBSTITUIÇÕES:
FC Porto: Casillas, Militão (Maxi Pereira, 106′), Felipe, Pepe, Telles, Corona (Brahimi, 69′), Danilo, Herrera, Otávio (Hernâni, 84′), Soares (Fernando Andrade, 78′) e Marega
AS Roma: Olsen, Karsdorp (Florenzi, 56′), Manolas, Juan Jesus, Marcano (Cristante, 76′), Kolarov, De Rossi (Pellegrini, 45’/ Schick 96′), Nzonzi, Zaniolo, Perotti e Dzeko