(I)maturidade Emocional e (In)consistência Exibicional: Uma Teoria Explicativa

    A maturidade não tem uma significativa relação com a idade; porém, esta liga-se mais fortemente à experiência, que é algo que escasseia no plantel do FC Porto. Os jogadores sabem, a priori, que o modelo de jogo da equipa é algo limitado na medida em que não lhes proporciona, por via do mesmo, a criação de tantas oportunidades de golo quantas poderiam existir se esse mesmo modelo fosse mais evoluído. Assim sendo, e sabendo que estão significativamente entregues à sua capacidade de ir resolvendo os problemas que o jogo coloca, quando os golos não surgem e a contestação à equipa sobe de tom a tendência é que esta entre numa espiral negativa caracterizada por uma maior propensão para a tentativa de resolução de problemas de forma individual, por mais erros ao nível da tomada de decisão, pela criação de menos oportunidades de golo, por menos confiança para concretizar as oportunidades que vão surgindo e, consequentemente, por menos golos marcados.

    Assim sendo, a esta equipa do FC Porto parecem faltar, pelo menos, dois futebolistas que, pela sua maturidade emocional, não se deixem afetar de forma tão significativa pelos momentos de insucesso e pelas críticas negativas: um para atuar sobretudo nas zonas de criação, e outro com maior foco na finalização. Esta necessidade prende-se com duas evidências que emanam da observação do comportamento dos futebolistas em campo: 1) dos quatro jogadores mais criativos do FC Porto, dois deles (Brahimi e Corona) têm alguma tendência para a tentativa de resolução de problemas de forma individual, tendência essa que se exacerba nos momentos de maior adversidade; 2) André Silva precisa de minutos de jogo para se desenvolver enquanto futebolista, mas não é benéfico para a equipa que este, com apenas 21 anos de idade, sinta o peso da responsabilidade de marcar (sempre) golos quando os seus colegas de equipa não o conseguem fazer.

    Fonte: FC Porto
    Fonte: FC Porto

    Não creio que o sucesso no futebol seja primariamente explicável à luz da psicologia, na medida em que os níveis de confiança dos jogadores parecem relacionar-se, sobretudo, com o conforto que sentem no modelo de jogo e com a crença que estes têm no potencial de sucesso do mesmo. Nessa ótica, a confiança parece surgir, secundariamente, enquanto consequência do trabalho técnico-tático. Contudo, os atores do jogo são seres humanos, dos quais é indissociável a componente emocional. A esse nível o FC Porto teria a ganhar com a contratação de futebolistas que emanem tranquilidade mesmo nos momentos de maior tensão, como os recentes exemplos de Lucho González e João Moutinho. Porém, mesmo que no plantel não figurem jogadores com essas características, não há dúvidas de que à equipa não falta qualidade individual para que possa lutar pela conquista da Liga NOS 2016/17.

    Foto de Capa: FC Porto

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    Francisco Sampaio
    Francisco Sampaiohttp://www.bolanarede.pt
    Apaixonado por futebol desde a segunda infância, Francisco Sampaio tem no FC Porto, desde esse período, o seu clube do coração. Apesar de, durante os 90 minutos, torcer fervorosamente pelo seu clube, procura manter algum distanciamento na apreciação ao seu desempenho. Autodidata em matérias futebolísticas, tem vindo recentemente a desenvolver um interesse particular pela análise tática do jogo. Na idade adulta descobriu a sua segunda paixão, o ténis, modalidade que pratica de forma amadora desde 2014.                                                                                                                                                 O Francisco escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.