Longos dias tem Março | FC Porto

    Em pleno mês de março, o FC Porto está em todas as frentes. É líder isolado no campeonato, está nas meias finais da Taça de Portugal e encontra-se, ainda, nos oitavos de final da Liga Europa. Tudo tem um custo. Mas que preço está o FC Porto disposto a pagar?

    Desde o início que se avizinhava uma época difícil. Partimos em segundo, visto que o Sporting CP era campeão e vinha com garra para dar mais luta. O SL Benfica queria limpar a face e recuperar o orgulho, ferido na época transata.

    A verdade é que fazemos um início de época tremendo. Empatamos apenas na Madeira, frente ao CS Marítimo, e em Alvalade, onde até podíamos ter perdido. Na Liga dos Campeões, o grupo era temível, mas o início de época dava esperança de passagem épica. Começamos com empate no Wanda Metropolitano, frente ao campeão espanhol.

    Um jogo em que o empate não é mau resultado, mas podíamos ter saído de Madrid com os 3 pontos. A goleada sofrida, em casa, com o Liverpool FC trouxe à tona duas realidades. A de que existem adversários que, simplesmente, estão num nível bastante superior, e a de que, ainda assim, podemos e devemos fazer mais, porque existe qualidade.

    No jogo frente aos reds, Sérgio Conceição dá um grito para dentro, porque o orgulho foi ferido. A resposta no campeonato está há vista. Um campeonato invicto, até agora.

    Luis Díaz FC Porto SL Benfica
    A saída de Díaz para o Liverpool comprovou que tinha talento a mais para o campeonato português
    Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

    Em janeiro comprova-se outra realidade. Luis Díaz explodiu, de tal maneira, que o campeonato português era pouco para ele. E a queda, injusta, para a Liga Europa fez com que a sua saída para um clube de maior dimensão e para um campeonato altamente competitivo, fosse mais lógica. Não vou falar dos números do negócio, para não me dar outro desgosto.

    Nos jogos seguintes, a sua falta foi sentida. Um jogador que fazia a diferença na manobra ofensiva, com as suas arrancadas, fintas e jogadas deslumbrantes. Pará-lo era tarefa quase impossível. Ficámos sem isso. Já não é tão fácil penetrar a defesa adversária, com bloco baixo. Os jogos ficam mais difíceis, mais cansativos.

    Como portistas, habituados a vencer, vemos as competições restantes, e existe a possibilidade de levar tudo. Seis pontos de vantagem para o Sporting CP é uma boa vantagem, ainda que curta, quando ainda faltam dois meses de competição.

    Na Liga Europa, calhou a SS Lazio que, com mais ou menos dificuldade, foi ultrapassada, seguindo-se o Olympique Lyonnais. O adversário da Taça de Portugal é o mais difícil que defrontámos esta época, o Sporting CP.

    Os jogos com o Moreirense FC, SS Lazio, em Roma, e Gil Vicente FC, mostraram-me uma coisa. A equipa está mais frágil. Está mais cansada fisicamente e, por vezes, sem ideias. A técnica está lá toda. Vitinha, Otávio, Taremi, Evanilson, têm vindo a fazer uma época fantástica, com números impressionantes. Mas mesmo estes têm mostrado, algumas vezes, dificuldades em desbloquear os jogos.

    O mês de março vai revelar-se, no meu entender, o mais crucial da época. O mês em que se vai perceber se é possível ganhar tudo, ou se é melhor dispensar uma competição, para focar na principal, que é o campeonato.

    O jogo frente ao Gil Vicente FC podia ter dado uma resposta. Em caso de vitória, o FC Porto alargava a vantagem para o Sporting CP para oito pontos. Recuperável, mas mais difícil, tendo em conta que faltariam 10 jornadas para o final.

    Na Liga Europa, o Lyon é ultrapassável, apesar da derrota na primeira mão. Como se viu no Estádio do Dragão, tem jogadores com muita qualidade, mas está a fazer um campeonato muito instável.

    FC Porto Olympique Lyonnais
    Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

    Temos tudo para chegar aos quartos de final. Sevilha é ali perto.

    Mas há que pensar. Reunir os jogadores e equipa técnica. Fazer a questão, se existe a real possibilidade de ganhar tudo. Mentalmente existe, uma equipa que luta até ao fim, não desiste de nenhum lance.

    Mas, por vezes, mentalidade não chega. É preciso frescura para, se necessário, recorrer a prolongamentos, na Liga Europa e Taça de Portugal, e passados três dias, mais 90 minutos, no campeonato. É preciso ser-se de ferro. Sérgio Conceição falou dos objetivos aquando da saída do seu jogador mais desequilibrador. De facto, com Luis Díaz tudo era mais fácil, tudo estava mais ao alcance.

    Estas questões podem ser resolvidas em março. Um mês com, pelo menos, seis jogos, para três competições. Jogos muito exigentes com adversários fortes.

    Os primeiros dois testes de março foram ultrapassados com categoria. Vitória no clássico, frente ao Sporting, na primeira mão das meias finais da Taça. Ainda assim, a primeira parte do FC Porto não foi muito bem conseguida, apesar de na segunda, a equipa ter controlado e criado mais.

    O teste em Paços de Ferreira também foi ultrapassado. Ofensivamente, muita categoria. Defensivamente, é preciso melhorar. Sérgio Conceição falou que preferia vencer por 2-0 do que por 4-2. Sou da mesma opinião.

    O seguinte não correu bem, frente ao Olympique Lyonnais, com a equipa a notar o cansaço já mencionado. Segue-se uma visita ao Bessa, para defrontar um Boavista FC que está a fazer uma boa segunda volta do campeonato.

    Vai ser um mês de resiliência. Eventuais tropeções dos adversários diretos são possíveis, tal como ao FC Porto. Mas, mais do que esperar que os outros não cumpram, é fazer de tudo para cumprir a nossa parte. Entrar sempre para vencer, dar tudo em cada lance, como é costume na equipa.

    Ter confiança desmedida também pode ser mau. Respeitar sempre os desafios e os adversários. Por vezes, podemos assumir que somos melhores que os outros, e depois a queda é maior. Por vezes, quem tudo quer, tudo perde.

    Artigo de opinião da autoria de Francisco Macedo Amaral.

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