O fim de um ciclo?

    O FC Porto não está num bom momento, principalmente no que ao futebol diz respeito.

    A hegemonia, a que tão bem habituou os adeptos azuis e brancos nos finais do século 20 e início do século 21, pareceu desvanecer-se e agora os dragões parecem apenas mais um grande em Portugal que não vai muito longe na Europa, e que dificilmente consegue bater o SL Benfica.

    Mas desenganem-se aqueles que pensam que este problema surgiu ontem, após a derrota na Taça da Liga e consequentes declarações de Sérgio Conceição, de que falaremos mais à frente.

    Só para termos uma noção, desde 2013, a equipa de futebol do FC Porto conquistou dois campeonatos e duas supertaças… sim, só isso… preocupante, não é?

    A juntar a isto tudo, perdeu várias finais internas, sendo que na Europa cumpriu o mínimo exigido para um clube desta dimensão (com exceção deste ano, em que a equipa perdeu de forma inglória frente ao FK Krasnodar). Claro que André Villas Boas também tinha caído para a segunda prova mais importante da UEFA, mas acabou por a conquistar, o que quase me parece uma miragem este ano, face à qualidade de toda a equipa, estrutura e ao futebol praticado.

    Nestes anos, vários foram os treinadores que passaram pelo FC Porto, mas sem sucesso, com exceção do atual mister, que conseguiu o inédito apenas no seu primeiro ano.

    Paulo Fonseca foi eleito para sucessor de Vítor Pereira, tendo conquistado uma supertaça. Atualmente está num grande europeu, depois de um excelente trabalho no FK Shakhtar Donetsk.

    Luís Castro apenas foi um treinador interino, mas no FC Porto B conquistou a Segunda Liga, algo inédito na história do clube. Atualmente está a fazer uma boa campanha num grande clube como é o FK Shaktar Donetsk.

    Julen Lopetegui foi, quiçá, o sinónimo da perda de identidade do clube, mas isso seria esquecido se tivesse conquistado títulos. A equipa tinha uma qualidade assinalável, e recebemos o san Iker Casillas! Atualmente está a fazer uma boa campanha no Sevilla FC estando só em terceiro lugar numa das ligas mais competitivas do mundo…

    José Peseiro teve poucos meses de azul e branco e perdeu uma final da Taça de Portugal. Nem é preciso comentários. Atualmente, está desempregado.

    Nuno Espírito Santo veio trazer de novo o ADN do FC Porto com a frase “Somos Porto”, mas o futebol praticado e os jogadores contratados eram tudo menos isso. Atualmente, brilha na Liga Inglesa ao serviço do Wolverhampton Wanderers FC.

    Por fim, chegou aquele que não veio para aprender, mas sim para ensinar. E de facto ensinou muitos a ser campeão sem praticamente investimento nenhum. Era uma equipa à base de jogadores recuperados e regressados de empréstimo. Evitou-se o “penta” do SL Benfica, mas pouco mais… Quando o FC Porto voltou a ter dinheiro, voltaram muitas das contratações medíocres.

    É muito estranho que todos estes treinadores de que vos falei não tenham tido o sucesso esperado de azul e branco e agora, quase todos, estejam a brilhar pela Europa fora… Não digo que os técnicos não tenham tido culpa do insucesso do FC Porto nos últimos anos, mas este problema parece ir muito mais além disso.

    ´Depois da derrota na Taça da Liga, o caminho está muito sinuoso para Sérgio Conceição
    Fonte: Diogo Cardoso/Bola na Rede

    Antes, tínhamos um Porto capaz de ir ao mercado sul-americano buscar craques da cabeça aos pés, e até ganhar a corrida aos principais rivais. Era o tempo de Falcão, Hulk, James Rodríguez, Lucho, Otamendi, Danilo Luíz… Nos tempos recentes, recebemos Adrián López, Alber Bueno, Depoitre, Imbula, Osvaldo, Waris… estranho, não é?

    Alguma coisa de muito errado se passa no clube. Vemos o SL Benfica a realizar vendas estratosféricas, a segurar jogadores valiosos. Já o FC Porto, aflito, faz vendas incompreensíveis (destaque para Rúben Neves e Galeno) e não consegue renovar com as suas maiores pérolas. Brahimi afirma não ter recebido nenhuma abordagem da SAD, Marcano não renovou e depois regressa com a equipa azul e branca a pagar um valor considerável, Alex Telles corre o risco de saír a custo zero, para não falar de Tomás Esteves… Como é que uma equipa da dimensão do FC Porto não contrata um bom lateral direito? É preciso acordar e tomar outro rumo. Os adeptos e o futebol português precisam do FC Porto de antigamente.

    Ontem à noite, os dragões perderam mais uma final, com alguma justiça, tendo voltado a acusar um futebol medíocre e, sobretudo, erros defensivos…

    No final do encontro, Sérgio Conceição foi perentório, criticando a falta de condições de trabalho, a falta de união no clube e acabou por colocar o seu lugar à disposição.

    Pinto da Costa dirigiu-se ao balneário e reiterou toda a confiança no técnico portista e em toda a sua equipa.

    Depois disto tudo, creio que é preciso explicações por parte de todos. Ao FC Porto só resta “sonhar” com o campeonato e Liga Europa e tentar a Taça de Portugal.

    A estrutura azul e branca tem de levar uma viragem completa para se voltar a ver que:  “e Azul e Branca essa bandeira avança, azul, branca indomável, imortal, como não por no porto uma esperança, se “daqui houve nome Portugal”?”

    Um novo ciclo aproxima-se.

    Foto de capa: Diogo Cardoso/Bola na Rede

    artigo revisto por: Ana Ferreira

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    João Castro
    João Castrohttp://www.bolanarede.pt
    O João estuda jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social. A sua grande paixão é sem dúvida o jornalismo desportivo, sendo que para ele tudo o que seja um bom jogo de futebol é bem-vindo. Pode-se dizer que esta sua paixão surgiu desde que começou a perceber que o mundo do futebol é muito mais que uma bola a passear na relva.