“O pior campeão da década”? – Os números do FC Porto 2019/20

    A turma de Sérgio Conceição acumulou, ao longo das trinta e quatro jornadas, oitenta e dois pontos, números que não são piores do que aqueles apresentados pelo Benfica de Rui Vitória em 2016/17. Para além disso, somou vinte e seis triunfos, um a mais do que o campeão da época anteriormente referida.

    No que toca a derrotas, os azuis e brancos somaram quatro, números que, uma vez mais, não são novidade: na primeira época da era Rui Vitória na Luz, os encarnados foram campeões também com quatro derrotas.

    E em relação aos golos marcados e sofridos? Ora, vamos lá ver. O FC Porto marcou setenta e quatro golos, algo que pode ser transformado numa média de, aproximadamente, 2.2 golos por jogo. Novamente, este registo está longe de ser o pior dos últimos dez campeonatos. Quer o Benfica de 13/14, quer o de 16/17, possuíram médias inferiores (1.9 e 2.1, respetivamente). Relativamente a golos sofridos, Conceição viu a sua equipa sofrer o maior número de golos desde que chegou ao comando técnico dos dragões, em jogos a contar para o campeonato: vinte e dois (média de 0.6 golos sofridos por jogo). Para além do Benfica de Rui Vitória/Lage, que sofreu trinta e um golos na temporada passada, temos o exemplo do Benfica de 15/16 que, na caminhada para o título, sofreu os mesmos vinte e dois golos.

    Em adição a estes dados, temos ainda os números referentes às clean sheets: nesta edição do campeonato, por dezanove vezes o FC Porto conseguiu manter as suas redes invioláveis, registo idêntico àquele alcançado no título de 17/18. Conseguiu, ainda, superiorizar-se, neste ponto, aos encarnados campeões nas épocas 15/16 e 18/19 (dezassete e quinze jogos sem sofrer, respetivamente).

     

    E as vitórias pela margem mínima? Relativamente a este tópico, não há margem para dúvidas: o campeão 19/20 foi aquele que mais vitórias somou pela margem mínima (onze). No entanto, por outro lado, detém uma percentagem de goleadas (vitórias por três ou mais golos de diferença) superior à do FC Porto de Villas-Boas e à do Benfica de Jesus, em 13/14.

    E a campanha europeia? Não é suposto um campeão ser eliminado tão precocemente das competições da UEFA… Bom, se é ou não suposto não me cabe a mim dizer; o que posso dizer é que está longe de ser caso único: o FC Porto, no primeiro ano de Vítor Pereira, também caiu nos dezasseis-avos de final da Liga Europa.

    “A verdade é que o nosso campeonato é bastante desigual e isso acabou por facilitar a vida ao Porto” – subscrevo a ideia de que o nosso campeonato é desigual, no entanto é um facto que todos os campeões nesta década tiveram, de uma maneira ou de outra, de “lidar”. Inclusive, esta edição do campeonato esteve longe de ser a mais desequilibrada dos últimos anos. Ora, vejamos: o Rio Ave faz o melhor campeonato da história, o Famalicão faz a melhor campanha de um recém-promovido na década, o Vitória SC termina a prova com o melhor registo ofensivo pessoal do século, o Santa Clara alcança a sua mais alta pontuação de sempre na primeira divisão e presenciamos o despromovido que mais pontos fez na década, o Portimonense.

    Por fim, um último aspeto (este sim, uma novidade): o FC Porto venceu os quatro clássicos a contar para o campeonato, um feito que nenhum outro campeão na década conseguiu.

    Artigo revisto por Diogo Teixeira

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    José Mário Fernandes
    José Mário Fernandeshttp://www.bolanarede.pt
    Um jovem com o sonho de jogar futebol profissionalmente. Porém, como até não tinha jeito para a coisa, limita-se a gritar para uma televisão quando o FC Porto joga.                                                                                                                                                 O José escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.