O projecto de Lopetegui: a mudança!

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    Desde meados dos anos noventa que o FC Porto tinha como objectivo a construção de um centro de treinos e de formação desportiva que possibilitasse uma aposta mais séria e eficaz no âmbito da formação portista. Tal Centro (CTFD), localizado em Gaia, haveria de ser inaugurado em 2002, sendo considerado um dos mais modernos da Europa.

    A “derradeira” aposta na formação viria a acontecer em 2006, através da criação do “Projecto Visão 611”. Este ambicioso projecto encontrava-se assente em três grandes pilares: “Rendimento, Desenvolvimento e Recrutamento”. Por outras palavras, tinha como principal propósito reestruturar os diferentes escalões do futebol, no espaço temporal 2006-2011, de modo a que 6 jogadores da formação pudessem vir a ser integrados no plantel principal em 2011. No entanto, o ‘Visão 611’ viria a demonstrar-se um fracasso evidente, com o clube a não conseguir potenciar nenhum dos seus jogadores a ponto destes se tornarem uma solução ou alternativa válida para o plantel principal. Pelo contrário, na sua grande maioria, estes jogadores foram emprestados a clubes de menor envergadura, sendo, como é de resto habitual nestas situações, “esquecidos” no mundo do futebol.

    Se olharmos atentamente, veremos que, actualmente, as circunstâncias da criação do novo projecto da formação azul e branca são em tudo semelhantes aos motivos que levaram à implementação, no passado, do ‘Projecto Visão 611’.

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    ‘Projecto Visão 611’
    Fonte: newsletters.ipvc.pt

    Em 2005, vivia-se um grande período de prosperidade e estabilidade financeira, fruto das conquistas da Taça UEFA e da Liga dos Campeões (2003 e 2004, respetivamente), pelo que aconteceu um grande investimento no plantel – Diego, Luís Fabiano, Seitaridis, Ricardo Quaresma e Hélder Postiga (regressado de uma má experiência em Inglaterra) são alguns dos nomes que reforçaram o FC Porto nessa temporada. No entanto, apesar do plantel de qualidade, o FC Porto mudou, nessa época, três vezes de treinador – Del Neri, Victor Fernández e José Couceiro. O ano de 2005 revelou-se então um ano de poucas conquistas, destacando-se a Taça Intercontinental. Na temporada seguinte, com a chegada de Co Adriaanse ao comando da equipa azul e branca e de mais reforços de qualidade – Lucho Gonzalez, Lisandro Lopez, Pepe e o “novo Ronaldinho”, Anderson -, o FC Porto haveria de vencer o campeonato; porém, obteve um dos piores resultados na Liga dos Campeões, terminando em 4º lugar na fase de grupos (campanha que incluiu uma derrota por 2-3 contra o Artmedia, de Bratislava). O desfecho deste conjunto de “infelizes” resultados para o clube levou à criação do ‘Projecto Visão 611’.

    Mais recentemente, o FC Porto tem feito uma aposta contínua em treinadores portugueses; todavia, estes entram no clube com uma “lápide pouco afiada”, no que concerne à experiência no contexto dos “grandes” do futebol. Ainda que em 2011 se tenha assistido a um ano de ouro para o clube, com a conquista de todas as competições em que estava inserido, a partir dessa data foi sempre “a descer”. Vítor Pereira, apesar de ter conquistado o campeonato, não se conseguiu afirmar, quer nas competições europeias, quer nas restantes competições nacionais. Depois disso, na época passada, com a breve passagem de Paulo Fonseca (que acabou por sair a meio da época, facto que já não sucedia desde 2005), o FC Porto terminou o campeonato a treze pontos do campeão. Por conseguinte, é notória, à semelhança do que sucedeu no passado, a urgência de uma mudança! Uma mudança que garanta que o FC Porto volte a triunfar nas competições nacionais e europeias e que não seja uma réplica do ‘Projecto Visão 611’!

    Com a chegada de Juan Pabro Sanz para o comando da formação portista, o FC Porto procura uma nova abordagem nos diferentes escalões da sua formação, apostando num processo inovador, que visa incutir em todas as idades o mesmo método técnico e táctico, permitindo que mais facilmente prodígios, como Ruben Neves, possam transitar para a equipa principal. A mudança!

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    Antigo Estádio da Constituição, hoje ‘Vitalis Park’
    Fonte: maisfutebol.iol.pt

    No entanto, existem ainda outros aspetos a modificar. Interroguemo-nos sobre a necessidade de gastar fundos na compra de um jogador brasileiro para a equipa principal, quando clubes internacionais prestigiados procuram os jogadores da nossa formação! Para que um jogador se desenvolva técnica e tacticamente é necessário que o clube lhe dê uma oportunidade, por forma a que este possa demonstrar as suas capacidades. Se temos os nossos “canteranos” – em quem investimos durante anos – porquê substitui-los por outros jogadores? A primeira mudança tem obrigatoriamente de vir de dentro! Lopetegui tem demonstrado uma especial preocupação com a aposta na formação azul e branca, e quem sabe se não teremos jovens portistas a bater recordes na Liga dos Campeões todos os anos!

    Outro aspeto de interesse é a quantidade de jogadores estrangeiros que o FC Porto tem integrado na equipa B – 13 em 30 jogadores, sendo que, do onze inicial, 5 são, precisamente, não nacionais. Será que o investimento nestes jogadores é compensado em qualidade, gerando a expectativa de poderem vir a ser integrados na equipa A? Se olharmos o panorama geral, também estes acabam por não ter sucesso!

    Só o futuro dirá se o “Projecto de Lopetegui” germinou e deu frutos, podendo então fazer uma comparação justa com o passado! Certo é que seja no futebol, na política ou na história, sempre que se perde uma grande batalha, é necessária uma mudança para que se possam ultrapassar os obstáculos! Vamos acreditar que, nesta mudança, o clube vai sair vitorioso, preservando o seu nome e conseguindo superar as barreiras! Se já temos o segundo estádio mais temido do mundo, por que não elevar o clube a esse mesmo patamar?! Somos Porto!

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    João Luís Martins
    João Luís Martins
    Sócio do FC Porto desde o dia em que nasceu, é apaixonado por desporto e treinador de futebol.                                                                                                                                                 O João não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.