No livro de memórias pesado e recheado do FC Porto moram algumas das maiores lendas de sempre do clube. Cada uma dessas lendas tem características e atributos que sobressaiem sobre os demais. A característica de Araújo? Golos, muitos golos! 142 golos em 177 jogos ao mais alto nível para ser mais preciso. Para quem não teve oportunidade de o ver em ação (como eu) são sem dúvida números bastante interessantes que lhe valem o merecido reconhecimento como um dos jogadores mais influentes da história do clube.
Araújo foi um avançado/interior direito que se destacou na década de 40 ao serviço do FC Porto e que, apesar de uma curta carreira interrompida por doença, marcou a sua geração a nível nacional e internacional. Chegou em 1942 com apenas 19 anos aos azuis e brancos, mas o seu potencial e veia goleadora valeram-lhe a estreia logo à terceira jornada do Campeonato do Porto frente ao S.C Salgueiros onde foi autor de dois golos. Uma estreia de sonho!
O que se seguiu nos anos seguintes foram épocas recheadas de golos e em 1946/1947 viria mesmo a tornar-se o melhor marcador do campeonato com 36 golos. Todo este destaque e sucesso no FC Porto fizeram naturalmente com que fosse chamado à Seleção Nacional.
Ao serviço da seleção mostrou-se igualmente goleador e eficaz com cinco golos em nove jogos. Araújo ficará para sempre ligado a uma das vitórias mais importantes da seleção das quinas. A primeira vitória oficial sobre a Espanha, onde Araújo não só jogou como marcou dois golos. Nesta altura, a seleção nacional era composta sobretudo por jogadores que alinhavam em equipas do Sul como o S.L. Benfica, o Sporting C.P. e até o C.F. Belenenses. A seleção das quinas nessa época viria mesmo a ser conhecida por “Sport Lisboa e Araújo”, já que o avançado do FC Porto era o único jogador nortenho a ser chamado com regularidade à equipa nacional.
Araújo estará para sempre ligado a grandes conquistas e vitórias do FC Porto. Na curta carreira de dragão ao peito esteve envolvido em algumas das vitórias mais marcantes na década de 40 dos dragões como a vitória sobre o Real Madrid por 4-1, a vitória no estádio do Valência por 1-0 e ainda a célebre vitória do F.C. Porto sobre o Arsenal por 3-2 onde Araújo foi protagonista, tendo deslumbrado os ingleses que na altura eram a melhor equipa europeia.
Em 1947, no auge da sua carreira, foi-lhe diagnosticada uma doença na garganta que acabou por lhe afetar os rins. Em 1949/1950 foi impedido pelo centro de medicina desportiva de jogar futebol durante ano e meio já que doença de que padecia não o permitia continuar tendo sido forçado a abandonar os relvados. Mais tarde, viria a regressar mas já não era o mesmo Araújo com os seus números a ficarem muito aquém do que tinha habituado os adeptos.
Um final inglório mas que nunca irá manchar o seu excelente desempenho ao serviço do FC Porto e da Seleção Nacional fazendo dele um dos jogadores mais influentes e um dos goleadores mais eficazes da história do futebol português.
Foto de Capa: Memoriaazual
artigo revisto por: Ana Ferreira