O FC Porto sempre habituou a sua massa associativa a contratações no mercado sul-americano, com diamantes prontos para ser lapidados. Nesta época, voltaram a aparecer argentinos e colombianos na equipa azul e branca, o que por si só, pode ser um dado positivo. A qualidade de outros tempos é que tem de estar lá…
Renzo Saravia chegou aos dragões neste mercado de verão por uma verba a rondar os 5,5 milhões de euros, assinando até 2023. Sim, é internacional argentino e joga só com os melhores jogadores da atualidade, o que por si só, é um bom bilhete para entrar bem na equipa azul e branca.
Antes de vestir as cores da invicta, este lateral direito cumpriu toda a sua formação e parte da carreira na argentina, destacando-se o seu último clube, o Racing Club de Avellaneda. Tudo isto permitiu a sua ascensão à seleção argentina, cumprindo alguns jogos pela La Albiceleste. Um dos seus melhores momentos foi até a presença nesta última edição da Copa América.
Chegou ao FC Porto com um bom estatuto, mas como desconhecedor do futebol europeu e português. Como sabemos, o futebol argentino e sul-americano é muito pobre em termos táticos, sobressaindo-se o virtuosismo dos jogadores, a capacidade técnica, e até a garra dos intervenientes. Nesses campos bem “quentes”, assiste-se a um futebol muito empolgante em que a bola numa fração de segundos pode estar próxima das duas balizas.
Já se sabe que normalmente as pérolas sul-americanas são essencialmente extremos com uma técnica notável e um pé esquerdo fantástico… Contudo, também se encontram craques noutras posições, e o FC Porto que o diga!
Fazendo agora um raio-x a este jogador, penso que é um lateral com algumas lacunas defensivas, mas que ofensivamente tem muito a melhorar. Não é propriamente um velocista, mas parece ter uma boa capacidade de cruzamento. Isto foi apenas o que pude concluir pelos poucos jogos que cumpriu na Europa.
Tendo em conta a escassez e a falta de qualidade no setor, o FC Porto poderia ter dado mais oportunidades a este jogador, não obstante as suas deficiências que podem ser perfeitamente trabalhadas (recorde-se aquela má receção frente ao Académico de Viseu FC). A verdade é que para este jogador ser internacional argentino, alguma coisa tem de ter, ou não? Mas claro que só quem treina é que sabe.
Saravia cumpriu seis jogos de azul e branco (alguns não completos pela insatisfação do treinador) e apontou um golo, o primeiro da carreira, o que é no mínimo, bizarro!
Outro jogador que tem tido falta de oportunidades nessa posição é Tomás Esteves, que até nem pretende renovar. Mas isso ficará para outro artigo. Há aproximadamente uma semana, este internacional argentino foi emprestado ao SC Internacional, do Brasil. O objetivo é reduzir o plantel azul e branco que apenas se encontra a lutar por duas competições, e permitir que Saravia cresça para atingir de novo a seleção argentina.
Até pode parecer uma boa opção uma liga que cada vez mais tem uma maior visibilidade, pela presença do Clube de Regatas do Flamengo e Jorge Jesus. Contudo, questiono-me se não seria melhor o empréstimo a um clube português ou europeu, que lutasse por títulos, para desenvolver as suas capacidades e adaptar-se de vez ao futebol do velho continente. Não seria melhor para o futuro do FC Porto?
Saravia acabou por admitir que não jogou o que esperava no FC Porto, e Sérgio Conceição classificou-o como um ser humano fantástico, que tem algumas coisas para melhorar. É, pois, mais um caso estranho que passou pelos dragões, no meio de tantos outros a que esta estrutura azul e branca tem habituado os seus adeptos.