À terceira foi de vez. Depois das derrotas por 0-1 no Estádio do Dragão para o campeonato, e do 3-1 no Estádio António Coimbra da Mota para a Taça da Liga, o FC Porto de Sérgio Conceição conseguiu vencer, e golear, o Estoril Praia na prova-rainha.
O treinador do FC Porto elogiou bastante a formação de Vasco Seabra na conferência de imprensa de antevisão ao jogo, destacando dois aspetos onde os estorilistas são bastante fortes. Alas a receber por dentro, isto é, tendo em conta que a equipa de Vasco Seabra joga tipicamente num 3-4-3, os seus ‘extremos’ vêm jogar para dentro criando superioridade no jogo interior. Abrindo dessa forma espaço no corredor para os alas se projetarem e darem largura e profundidade ao jogo da equipa (este é o segundo aspeto).
Duas vertentes onde os canarinhos são muito fortes e onde se destacam jogadores como João Marques, Rodrigo Gomes, Rafik Guitane, Heriberto, entre outros. Tendo isto em conta era essencial para as aspirações azuis e brancas que Sérgio Conceição conseguisse anular estas duas situações onde o adversário era mais forte e que lhe causaram tantos problemas nos confrontos anteriores.
Para tal a solução passou essencialmente pelo posicionamento de três jogadores: Pepê, Nico González e Alan Varela. Os ajustes foram simples: Pepê que no papel seria segundo avançado ao lado de Evanilson jogou como terceiro médio (um bocadinho aquilo que Otávio fazia) baralhando as marcações adversárias e criando superioridade no setor intermediário; Nico e Alan estavam responsáveis por saltar na pressão sempre que a bola entrasse nos médios do Estoril (Koba e Mateus) para evitar que o passe entrelinhas chegasse ao ‘extremo interior’ (João Marques e Heriberto); ou então deixavam essa pressão para Pepê e Evanilson (dependendo se fazia sentido saltar na pressão ou ficar na contenção) e preocupavam-se única e exclusivamente com os movimentos interiores desses mesmos extremos; para combater a profundidade dada pelos alas (Wagner e Rodrigo Gomes) teve que existir uma comunicação muito grande entre os jogadores laterais do FC Porto.
Num lado Wendell e Galeno, no outro Francisco Conceição e João Mário. Pegando nos dois jovens portugueses que tiveram pela frente um dos jogadores em melhor forma do futebol nacional, Rodrigo Gomes. ‘Chico’ Conceição ficou com a missão de o acompanhar até praticamente meio do seu meio-campo defensivo, sendo que a partir daí, e em circunstâncias normais, quem ficaria com a ‘fava’ era João Mário. Esta coordenação médio-ala/lateral foi um dos fatores chave, tanto de um lado como do outro, para que o Estoril não conseguisse dar largura ao seu jogo. Largura essa que é essencial no modelo de jogo canarinho para que se crie espaço por dentro para os extremos poderem aparecer com bola em espaços interiores.
Na conferência de imprensa Sérgio Conceição falou disto mesmo. Em resposta ao colega Francisco Martins do Observador, o treinador do FC Porto esclareceu que quis “Utilizar o Pepê como terceiro médio (…) para anular o jogo interior [do Estoril]”. Um ponto para Conceição que soube identificar as maiores ameaças da formação de Vasco Seabra e, além de as conseguir identificar, anulou-as na perfeição, carimbando assim a passagem aos quartos-de-final da Taça de Portugal. Não esquecer é que Vasco Seabra ainda leva vantagem, dois-um, em vitórias esta temporada. O próximo encontro entre os dois treinadores está marcado para a 27.ª jornada. Até lá é desfrutar do conhecimento técnico-tático de cada um.