Na final da passada semana, Sérgio Conceição viu confirmado mais um castigo. Ditou o veredicto que o treinador portista iria ficar suspenso mais 15 dias (recorde-se que Sérgio Conceição já havia passado por situação semelhante no final do ano passado).
Como sempre acontece em situações semelhantes, Vítor Bruno voltou a assumir o papel de treinador principal no jogo com a Belenenses SAD e o mesmo sucederá na receção ao Famalicão do próximo domingo.
O papel de líder no banco não é propriamente uma novidade para o filho de Vítor Manuel, treinador há muito fora do ativo. Não raras vezes tem sido chamado a assumir os destinos da equipa e, até ao momento, não falhou. Conta por vitórias todos os 8 jogos disputados nestas circunstâncias.
É, naturalmente, precoce, analisar ou fazer juízos sobre a capacidade de Vítor Bruno enquanto treinador, até porque se sabe que mesmo longe do banco, existem, hoje, mecanismos e recursos que permitem o contacto entre o treinador principal e os seus adjuntos.
No entanto, não deixa de saltar à vista a forma descomplexada como gere a equipa, os seus comportamentos, o seu desempenho técnico e tático e as suas emoções. Juntando a isto tudo a forma assertiva como comunica (para dentro e para fora) e a recetividade que vai mostrando para falar (e bem) sobre futebol.
Sérgio Conceição já, por várias ocasiões, teceu rasgados elogios à sua equipa técnica sempre com um foco especial no seu número dois. Afirma, inclusive, várias vezes, que muita da planificação tática e de treino é assumida pelo seu aprendiz e que tem, também, um papel muito ativo no contacto e trabalho individual com os jogadores.
🎙Vítor Bruno: “A partir do nosso primeiro lance de perigo foi sempre a crescer. Os golos traduzem o que se passou no jogo. Temos de ter noção do que fazemos, sem nos deslumbrarmos com a atual classificação”#FCPorto #BSADFCP pic.twitter.com/yCCt6FLD1w
— FC Porto (@FCPorto) January 16, 2022
Só o saberemos se algum dia Vítor Bruno der o passo em frente e avançar com uma carreira a solo, no entanto, os indícios são mais do que muitos de que podemos estar na presença de um interessante projeto de treinador.
Para já, sempre que foi chamado a responsabilidades que não são, ainda, as suas, cumpriu com distinção, ficando na retina a forma como, com Vítor Bruno no banco, o FC Porto bateu, categoricamente, o SL Benfica por 3-0 nos oitavos-de-final da Taça de Portugal.
Serão poucos os portistas interessados em pensar ou falar sobre a sucessão de Sérgio Conceição, muito menos numa época na qual a equipa tem vindo a cumprir, meritoriamente, grande parte dos seus principais objetivos e que tem sido, inclusive, capaz de elevar o seu nível de jogo que, independentemente do maior ou menor sucesso e eficácia nos últimos anos ao nível dos resultados, era algo que se exigia nas bancadas do Dragão.
No entanto, e lembrando o que sucedeu quando André Villas Boas deixou o clube depois de uma das épocas de maior brilhantismo do clube, e foi substituído pelo adjunto Vítor Pereira, parece-me que a hipótese Vítor Bruno pode e deve ser considerada.
Costuma-se dizer o povo que filho de peixe sabe nadar. Vítor Bruno tem-se mantido à tona com elevada mestria. Resta perceber como se sairá quando lhe tirarem as bóias.