O espelho da Supertaça e a raridade João Neves | SL Benfica 1-0 FC Porto

    Não há maior jogo em Portugal e não há muitos maiores no Mundo. Um SL Benfica x FC Porto é sinónimo de muita coisa. Muito trânsito, muitas pessoas, muito calor. A lista é extensa. Aparece expressões como “cabeça quente”, o coração é dono da verdade e a racionalidade vai perdendo espaço. Cada lance é debatível por mais que não seja e cada bola é disputada com garra. O futebol já tem um peso significativo nas nossas vidas, então o que esperar quando se enfrentam dois dos maiores clubes de Portugal, rivais e que se odeiam em vários aspetos? É arder, arder e arder.

    Deu-me sensações de Supertaça. Primeiro, Roger Schmidt surpreendeu no onze inicial. Em Aveiro, entrou com um ataque móvel sem avançado. Agora abdicou de João Mário (quase sempre utilizado) e fez a vontade a muitos benfiquistas – David Neres e Ángel Dí Maria juntos. Podia ter sido arriscado num jogo destes, pois João Mário tem a experiência como vantagem e funciona como base do meio-campo a ditar ritmos de jogo.

    Tal como em Aveiro, o FC Porto foi melhor na primeira parte. Houve superioridade com e sem bola. Controlou defensivamente com um bloco fechado não permitindo a criação encarnada, explorou as costas dos laterais do Benfica e teve as melhores chances de perigo. Na segunda parte, novamente igual à Supertaça, o SL Benfica impôs-se, conseguiu construir oportunidades flagrantes e Ángel Di María apareceu para resolver. Houve o lance de expulsão (altamente controverso) que claramente condicionou a partida, mas deixo essa discussão para quem sabe de arbitragem.

    Angel Di Maria Benfica FC Porto
    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Há que abordar João Neves. Imaginem terem 19 anos e serem titulares do SL Benfica num clássico escaldante com o FC Porto com mais de 60 mil pessoas no estádio, fora aquelas que viram pela televisão. Muitos tremiam e escondiam-se. Outros tentavam e não jogavam tão bem devido à senhora pressão. E pouquíssimos arrasavam e seriam eleitos o melhor em campo. João Neves entra nesse lote reduzido.

    Perante o FC Porto, venceu cinco duelos aéreos e quatro terrestres, fora outras tarefas defensivas. Esteve muito sólido no meio-campo e foi raro o passe falhado, tendo criado dois passes-chave e uma grande oportunidade. Foi a alma do SL Benfica. Roger Schmidt disse melhor: «O João Neves joga com muita felicidade. Está a progredir muito rápido. Todos os dias melhora, é um jogador importante. É muito bom com a bola, inteligente, técnico e disciplinado para trabalhar muito. É um jogador completo e estou muito feliz que faça parte do nosso plantel».

    No Estádio da Luz, o SL Benfica x FC Porto pode ter registado temperaturas muito altas. Há quem tenha ficado muito feliz e há quem tinha ficado muito frustrado. Foi intenso. No entanto, agora há novo desafio. Depois do confronto direto e de quase se terem matado em campo, o SL Benfica e o FC Porto vão ter tarefas difíceis contra o FC Inter Milão e o FC Barcelona (respetivamente) para a Liga dos Campeões. Agora é hora de jogarem na “mesma equipa”. A de representar Portugal.

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    Diogo Lagos Reis
    Diogo Lagos Reishttp://www.bolanarede.pt
    Desde pequeno que o desporto lhe corre nas veias. Foi jogador de futsal, futebol e mais tarde tornou-se um dos poucos atletas de Futebol Freestyle, alcançando oficialmente o Top 8 de Portugal. Depois de ter estudado na Universidade Católica e tirado mestrado em Barcelona, o Diogo está a seguir uma carreira na área do jornalismo desportivo, sendo o futebol a sua verdadeira paixão.