Gil Vicente FC 1-1 FC Paços de Ferreira: Castores foram difíceis de roer

    A CRÓNICA: GALOS E CASTORES LUTARAM, MAS NINGUÉM SAIU POR CIMA

    Em duelo da 31ª jornada da I Liga, gilistas e castores defrontaram-se numa noite fria em Barcelos, com uma casa bem composta pelos adeptos da casa e pelos da equipa forasteira, pelo que o duelo das bancadas esteve à altura do que aconteceu em campo. Enquanto o Gil Vicente FC luta por um lugar europeu, o FC Paços de Ferreira está tranquilamente a meio da tabela, sem real possibilidade de lutar pela Europa e com a manutenção já garantida. Portanto, a equipa da casa tinha muito mais a perder com um resultado negativo no jogo do que a equipa visitante.

    Numa primeira parte onde o FC Paços de Ferreira foi quem melhor tratou a bola, foi o Gil Vicente FC quem dispôs das oportunidades mais flagrantes. A equipa gilista, apesar da pouca posse de bola, fez várias combinações entre Matheus Bueno, Pedrinho e Samuel Lino no lado esquerdo do campo, que deixaram a defesa pacense às voltas. Aos 23 minutos, o camisola 57 da equipa da casa enviou a bola à barra da baliza de André Ferreira, a melhor oportunidade da primeira parte. Mesmo antes do intervalo, Elder Santana conseguiu também falhar a baliza de forma incrível, depois de o guarda-redes do castores ter saído da mesma para intercetar o remate de Samuel Lino, que foi lançado de forma brilhante por Matheus Bueno. As boas combinações do FC Paços Ferreira acabaram por não se materializar em oportunidades de real perigo, e as equipas voltaram aos balneários com o resultado sem golos.

    A segunda parte começou com um penalti assinalado a favor do FC Paços de Ferreira, Lucas derrubou Nuno Santos na área e o árbitro assinalou prontamente a infração. O VAR não tinha tanta a certeza, mas  após rever as imagens, Rui Costa manteve a decisão. Antunes, com um pontapé fortíssimo, fez o 1-0 para o FC Paços Ferreira. Logo a seguir, Zé Carlos e Leautey renderam Hackman e Bilel e diferença foi notória, o flanco direito da equipa da casa foi muito mais ativo após as mudanças efetuadas por Ricardo Soares. Mais tarde, o técnico decidiu colocar Fran Navarro, o que provou ser uma decisão acertada visto que o espanhol empatou o jogo aos 73 minutos, numa jogada de insistência por parte da equipa da casa. Os gilistas foram muito mais dominadores na segunda parte, mas, apesar das oportunidades criadas, o golo teimava em não aparecer. Ricardo Soares acabou ainda por ser expulso, após protestos efusivos numa eventual falta que Rui Costa não assinalou.

    O empate a uma bola acaba por ser um resultado mais simpático para o FC Paços de Ferreira, que, após o golo marcado, foi uma nulidade atacante. O Gil Vicente FC ganhou nova vida com o golo sofrido, e sufocou o adversário na segunda parte, pelo que poderia ter saído vencedor do encontro – caso a pontaria tivesse sido mais afinada.

    A FIGURA

    Samuel Lino
    Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

    Samuel Lino – Mais um jogo bem conseguido do brasileiro, que, na primeira parte, foi a única fonte de perigo da equipa da casa. Recebeu por dentro e atacou na profundidade, e, na segunda parte, onde a equipa teve mais capacidade para se envolver em ataques organizados, Lino acabou por demonstrar que está num nível acima dos restantes companheiros. Não só os de equipa mas também os adversários.

     

    O FORA DE JOGO

    Uilton Silva
    Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

    Uilton – O avançado brasileiro passou completamente ao lado do jogo – por vezes, parecia mais um lateral do que um extremo. Foram poucas as vezes em que tocou na bola e, quando o fazia, normalmente tomava a decisão errada. Se não fosse o papel defensivo que desempenhou, não teria acabado o jogo.

     

    ANÁLISE TÁTICA – GIL VICENTE FC

    Ricardo Soares voltou a apostar no 4-3-3 que utilizou em Famalicão, pelo que a ausência do japonês Fujimoto retirou a possibilidade de a equipa jogar com o seu clássico ‘número 10’. As escolhas do treinador da equipa da casa não foram muito surpreendentes, com exceção para a titularidade de Hackman, que rendeu Zé Carlos, que começou o jogo no banco.

    O Gil Vicente FC canalizou a grande maioria do seu jogo pelo lado esquerdo, com o já habitual destaque para Samuel Lino, que vinha receber por dentro e aparecia nas costas da defesa do FC Paços de Ferreira. O lado direito da equipa de Barcelos foi quase inexistente. A ausência de Zé Carlos no lado direito foi sentida, pois Hackman pouco ou nada ofereceu a nível ofensivo.

    A pressão efetuada pelo Gil Vicente FC foi pouco eficaz, pelo que a primeira linha de defensores era batida facilmente e, mais atrás, o espaço entre a defesa e o meio-campo foi também explorado com bastante frequência ao longo de todo o jogo.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Andrew da Silva (6)

    Emmanuel Hackman (4)

    Lucas (4)

    Rúben Fernandes (5)

    Talocha (5)

    Pedrinho (6)

    Aburjania (5)

    Matheus Bueno (6)

    Bilel (4)

    Elder Santana (5)

    Samuel Lino (8)

    SUBS UTILIZADOS

    Zé Carlos (6)

    Antoine Leautey (6)

    Fran Navarro (7)

    João Afonso (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – FC PAÇOS DE FERREIRA

    Com a ausência de Luiz Carlos, que viu o cartão vermelho no jogo com o Vitória SC, o treinador dos castores apresentou a sua equipa num 4-2-3-1, variando então um pouco da habitual formação que usa, o 4-3-3. Matchoi Djaló rendeu o médio brasileiro, e colocou-se na ‘posição 10’, atrás do avançado Butzke.

    A equipa pacense saiu sempre com grande qualidade na primeira parte, e de trás para a frente, foi capaz de efetuar várias triangulações entre Delgado, Nuno Santos e Hélder Ferreira. Matchoi Djaló ofereceu linhas de passe por dentro, e Butzke recuou para dar apoios frontais aos médios, que lançavam depois um terceiro homem que explorava o espaço nas alas. A pressão efetuada pela equipa foi também feita com grande qualidade, pelo que foi capaz de recuperar inúmeras bolas altas ou forçar a equipa adversária a colocar a bola fora.

    Defensivamente, Delgado teve muitas dificuldades para lidar com Samuel Lino, e a profundidade foi o maior problema da equipa forasteira que, com uma defesa lenta, foi incapaz de acompanhar os ataques rápidos dos avançados gilistas.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    André Ferreira (6)

    Delgado (6)

    Marco Baixinho (6)

    Maracás (5)

    Antunes (6)

    Rui Pires (5)

    Nuno Santos (7)

    Hélder Ferreira (6)

    Matchoi Djaló (6)

    Uilton (4)

    Adrian Butzke (5)

    SUBS UTILIZADOS

    Fernando Fonseca (5)

    Diaby (5)

    Denilson (4)

    Lucas Silva (-)

    Nuno Lima (-)

     

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    Gil Vicente FC

    BnR: Parece que a equipa do Gil Vicente FC se transformou com o golo sofrido no início da segunda parte. Acha que a equipa precisava desse estímulo negativo para começar a carregar? Ou a descida de linhas do FC Paços Ferreira abriu a porta para que isso acontecesse?

    Ricardo Soares: Penso que o Paços de Ferreira FC teve uma maior preocupação em conter o nosso lado direito, e que o Samuel Lino é um jogador extraordinário que fez um jogo enorme, conseguiu receber dentro e atacar a profundidade. Portanto, acho que essa foi a razão de o lado esquerdo ter sido o corredor mais perigoso da nossa parte.

     

    FC Paços de Ferreira

    BnR: Apesar da saída na segunda parte, Matchoi Djaló, que voltou à titularidade, teve uma primeira parte muito positiva, ao receber entre linhas e criar apoios, principalmente na esquerda. A quebra de rendimento na segunda parte deve-se ao jogador ainda não saber gerir o esforço? Ou foi natural, devido à equipa baixar mais o bloco e ter menos bola?

    César Peixoto: Penso que um pouco dos dois. O Matchoi ainda é jovem e tem de crescer, mas o amarelo acabou por ajudar na decisão. A descida do bloco da equipa acaba por não ajudar naquilo que são as caraterísticas dele, mas temos muita confiança e acreditamos muito no potencial dele.

     

    Rescaldo da opinião de Diogo Monteiro

    Artigo revisto por Gonçalo Tristão Santos

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    Diogo Silva
    Diogo Silvahttp://www.bolanarede.pt
    O Diogo lembra-se de seguir futebol religiosamente desde que nasceu, e de se apaixonar pelo basquetebol assim que começou a praticar a modalidade (prática que durou uma década). O diálogo desportivo, nas longas viagens de carro com o pai, fez o Diogo sonhar com um jornalismo apaixonado e virtuoso.