Pressione para bloquear, arraste para desbloquear

    Esta partida foi uma excelente exibição de encaixe e necessidade de desencaixar, de bloqueio e necessidade de desbloquear. O jogo foi marcado pelo equilíbrio precisamente pela forma quase perfeita como as equipas de Rio Ave e Estoril Praia encaixam uma na outra, jogando ambas com três centrais, entre outras similitudes.

    Ambas precisaram de procurar fugir a essas similitudes e encontrar formas de se diferenciarem uma da outra. Os vila-condenses foram mostrando essa capacidade com mais frequência, encontrando algumas vezes Amine, Joca ou João Graça com algum espaço para jogar no centro do terreno e desenrolando daí para as alas as suas jogadas.

    Os estorilistas precisaram de mudanças mais profundas e foi com as substituições que Vasco Seabra sacudiu um pouco mais a pressão adversária – vimos o Estoril Praia optar pelo pontapé na frente na saída de baliza mais vezes do que o habitual pela forma exímia como os homens do Rio Ave pressionavam para bloquear a saída contrária – e arrastar a equipa, como um todo, mais vezes para os terrenos defensivos do adversário, desbloqueando o jogo.

    O golo dos da casa foi também ele fator de desbloqueio, o golo do empate foi fator de novo bloqueio e foi no equilibrar constante da balança comercial entre o bloqueio e o desbloqueio que se disputou e resolveu (ou ficou por resolver) a partida.

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    BnR: Coloco-lhe primeiro a questão da praxe: sente que o Rio Ave ganhou um ponto ou perdeu dois? Além disso, Vasco Seabra dizia há pouco que nos últimos 18/20 minutos o Estoril Praia conseguiu subir a equipa no terreno e sacudir a pressão do Rio Ave. Considera que esses foram pontos importantes para o Estoril Praia ter chegado ao empate?

    Luís Freire: O jogo não é difícil de analisar. Nós conseguimos – o Estoril Praia também nos deu essa liberdade – construir bem o jogo. Conseguimos travar desde o início os duelos individuais do Mateus Fernandes, do Marqués e do Ndiaye com o Amine, o Graça e o Joca. Precisávamos de mais qualidade no nosso jogo, estávamos muito amarrados naquelas marcações. As equipas estavam muito encaixadas, o Estoril Praia mais em transição a procurar um erro nosso para nos ferir e nós quando conseguíamos desbloquear o jogo também conseguíamos criar perigo. Na segunda parte, conseguimos ter o Graça a aparecer de frente, o Joca de frente, o Costinha nas alas, o Fábio nas alas, libertando-nos completamente o jogo ofensivo. Conseguimos criar várias oportunidades, criámos o 1-0 com mérito. A seguir, podíamos ter o jogo controlado, podíamos ter feito o segundo golo várias vezes. Nos minutos finais, aí sim, o Estoril Praia arriscou mais. Nós conseguimos controlar, sem sobressaltos de maior. Acabámos por sair penalizados de um duelo individual em que o Estoril Praia consegue com o ressalto ganhar superioridade no corredor esquerdo e definir para golo. Trabalhámos muito para desbloquear o jogo, trabalhámos mesmo muito. Fomos nós a equipa que procurou mais desbloquear o jogo ofensivamente. Durante 70/80 minutos de jogo, a minha equipa fez mais para ganhar o jogo e penso que perdemos dois pontos nesse sentido.

    Outras declarações:

    “O Guga é um excelente profissional”.

    “Num momento difícil do clube, ele ficou e ajudou o Rio Ave”.

    “É importante manter aquilo que está bem aqui dentro, que é os jogadores representarem sempre bem o clube”.

    O Adrien Silva vai ajudar o clube nesta reta final do ano”.

    BnR: A sua equipa tem melhorado os resultados fora de casa. Depois de cinco derrotas nas cinco primeiras deslocações, leva agora uma vitória e dois empates nos outros cinco jogos fora. Um dado que não se tem alterado, no entanto, é que a equipa sofre golo quase sempre nas deslocações (só não aconteceu em Portimão). O que falta nesses jogos para os resultados do Estoril Praia serem ainda melhores? É essa consistência defensiva?

    Vasco Seabra: A equipa tem muitos golos marcados. Os golos sofridos estavam claramente a diminuir. Tivemos jogos em que sofremos mais golos, a derrota em Alvalade e o jogo com o FC Porto, e esses jogos fazem com que pareça que a nossa equipa estivesse de novo a cometer muitos erros defensivamente. Não é verdade. Hoje permitimos muito pouco ao Rio Ave, pouquíssimas situações teve o Rio Ave para finalizar com clarividência e o golo acaba por vir de um livre, não de uma situação criada. A equipa está estabilizada, sabe pressionar, é uma equipa que, neste momento, não concede muito espaço entrelinhas, consegue controlar a profundidade bem. Não tivemos o mesmo discernimento ofensivo, porque a nossa fluidez costuma ser muito mais rápida.

    Outras declarações:

    “Foi um jogo muito equilibrado na maior parte do tempo”.

    “Não tivemos o discernimento habitual, mas tivemos uma boa atitude”.

    “O golo do Rio Ave desbloqueou o jogo”.

    “Conseguimos puxar a equipa mais para frente e afastar a pressão do Rio Ave”.

    “O Mateus Fernandes tem uma abrangência de jogo maior”.

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    Márcio Francisco Paiva
    Márcio Francisco Paivahttp://www.bolanarede.pt
    O desporto bem praticado fascina-o, o jornalismo bem feito extasia-o. É apaixonado (ou doente, se quiserem, é quase igual – um apaixonado apenas comete mais loucuras) pelo SL Benfica e por tudo o que envolve o clube: modalidades, futebol de formação, futebol sénior. Por ser fascinado por desporto bem praticado, segue com especial atenção a NBA, a Premier League, os majors de Snooker, os Grand Slams de ténis, o campeonato espanhol de futsal e diversas competições europeias e mundiais de futebol e futsal. Quando está aborrecido, vê qualquer desporto. Quando está mesmo, mesmo aborrecido, pratica desporto. Sozinho. E perde.