A maleabilidade tática do jogo foi quase tão grande como a emoção, sobretudo da parte do Vitória SC.
Os conquistadores apresentaram quatro disposições táticas em campo neste dérbi (5-4-1, 5-3-2, 4-4-2 e 4-3-3), mudando por força dos desafios colocados pelo SC Braga, que metia muita gente por dentro para explorar, nas palavras de Artur Jorge, a “lateralidade” dos médios do Vitória SC e por força da desvantagem no marcador.
Os arsenalistas foram procurando implementar o seu jogo, mas não o conseguiram como pretendido no segundo tempo, que teve mais Vitória SC que SC Braga. Ainda assim, as transições bracarenses poderiam ter dado frutos e Abel Ruiz teve uma soberana ocasião para fazer o 2-0 e matar o encontro.
Não o fez e a sua equipa foi penalizada por isso, com um grande remate de fora de área de João Mendes. Apesar de ter sido um “one man goal”, o tento foi um prémio merecido para o coletivo vimaranense, que soube estar em campo com diferentes peles, mantendo-se no jogo até final e segurando mesmo um ponto num terreno difícil e num dérbi que teve tanto de emoção como de riqueza tática.
Para os homens de Artur Jorge, fica o sabor amargo da vantagem perdida e a sensação de ter melhor equipa. Para os pupilos de Álvaro Pacheco, fica o sabor doce do empate em estilo épico e a sensação de conseguir ser melhor equipa.
BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA
SC BRAGA
BnR: O Rony Lopes e o Ricardo Horta apareceram várias vezes por dentro, junto do Zalazar, entre as linhas do Vitória SC. Foi por aí que o SC Braga conseguiu desconstruir mais vezes o bloco adversário?
Artur Jorge: Tivemos dois jogadores, o Rony Lopes e o Horta, que acabaram por trabalhar por dentro também, para termos muita gente dentro daquilo que é o nosso espaço central, para podermos aproveitar também a lateralidade dos dois médios do Vitória SC, que, ao fim de 25 minutos, corrigiu e passou a defender mais com três médios e a ter dois homens na frente. Mudou aquilo que era o 2-3 para o 3-2, mas aquilo que pretendíamos era ter homens capazes de desequilibrar em espaços intermédios.
Outras declarações:
“Perdemos aqui dois pontos quando fizemos um jogo bom, em que tivemos as melhores oportunidades. Fomos mais dominantes durante todo o jogo”.
“É um sentimento de injustiça”.
“A eficácia é a diferença para se poder ganhar”.
“As substituições posso fazê-las no minuto 1 ou no minuto 90”.
“Basta ver o jogo desde o início para se perceber que não houve antijogo do SC Braga”.
“Nada vai alterar a perda dos dois pontos ou o tempo que acabou por ser dado”.
“Temos um mês de janeiro muito exigente do ponto de vista competitivo”.
“Não temos tempo para chorar um empate que nos sabe a derrota”.
“Amanhã voltamos a trabalhar para voltarmos a mostrar aquilo de que somos capazes”.
VITÓRIA SC
BnR: O Vitória SC começou a defender num 5-4-1, passou para um 5-3-2 e acabou em 4-3-3. Ao mesmo tempo, teve de saber jogar com a emoção da partida. Nesse rácio cabeça/coração, tática/emoção, o que valeu mais hoje ao Vitória SC para levar daqui um ponto?
Álvaro Pacheco: Foi a mentalidade de campeões. Os jogadores têm uma grande capacidade tática. Se repararem, começámos a jogar num 5-3-2 que se transformava num 5-4-1 e o SC Braga conseguiu desmontar-nos aí. Passámos muitas vezes para 5-3-2 e por vezes para 4-4-2 e acabámos em 4-3-3. Isto deve-se principalmente aos desafios que temos lançado aos jogadores desde a nossa chegada e à forma como eles têm evoluído e crescido e como se têm disponibilizado para aprender coisas que a equipa tem demonstrado em termos estratégicos. Esse crescimento tático ficou aqui demonstrado. Só uma equipa com uma mentalidade do que é ser Vitória SC, ser campeões todos os dias, é que, perante as adversidades, com o tempo a chegar ao final, pode manter a ambição, a coragem e a capacidade e qualidade para chegar ao golo.
Outras declarações:
“O golo confere justiça ao resultado”.
“Foi um jogo emotivo, com grandes exibições das três equipas”.
“Depois de termos corrigido na primeira parte, equilibrámos. Na segunda parte, o jogo foi todo nosso”.
“Retirámos o espaço no corredor central ao SC Braga”.
“Conseguimos ter o controlo emocional”.
“A equipa manteve-se sempre focada”.
“No 4-3-3, só com um médio no equilíbrio, foi quando nos desequilibrámos mais”.
“O mérito não é meu, é de toda a estrutura”.
“Acho que aquilo que eu sou encaixo muito bem no ADN do Vitória SC”.
“Principalmente na primeira parte, chegámos muitas vezes ao último terço e não acertámos nos timings e na decisão”.
“Estou muito contente com os jogadores que tenho”.