Rúben Amorim chegou ao marco dos 100 jogos na última partida do Sporting CP, frente ao CD Tondela, onde os leões saíram vitoriosos por três bolas a uma. O treinador português chegou e encantou, sendo o seu investimento, primeiramente, contestado, mas, posteriormente, louvado. O que mudou?
Recordo-me que quando Rúben Amorim chegou a Alvalade houve muita contestação, dado que custou aos cofres leoninos um número bastante elevado de euros. De facto, um montante nada simpático e pouco usual numa transferência de treinadores.
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— Sporting Clube de Portugal 🏆 (@Sporting_CP) April 9, 2022
Além disso, Amorim era visto como um treinador sem experiência, para além da que tinha adquirido na curtíssima passagem do SC Braga. A verdade é que o treinador português ainda não tinha mostrado nada sem ser a boa campanha que tinha realizado na dúzia de jogos ao serviço dos gverreiros.
Acrescendo a este facto, considero importante mencionar o clima que se vivia no clube. Frederico Varandas não foi muito bem acolhido nos seus primeiros tempos à frente do clube e julgo que qualquer decisão ou investimento que o presidente fizesse iria gerar-se uma onda de contestação. Porém, Varandas acertou em cheio.
O QUE MUDOU?
A forma de jogar do Sporting mudou. O Sporting sempre teve um estilo de jogo “clássico”. Com a exceção de uma ou outra temporada, é seguro dizer que os leões sempre assumiram uma ideia de jogo que passava muito pelos homens da área. Basta não recuar muito no tempo e recordar Bas Dost, ou mesmo a primeira era de Slimani. Na defesa pouco ou nada se inovava. Dois centrais, altos e fortes fisicamente, e dois laterais, rápidos e aguerridos.
Rúben Amorim chegou e mudou, a olhos vistos, a forma de jogar leonina. Começando de trás para a frente, a principal mudança, como é óbvio, foi mudar o esquema tático para um com três centrais. O Sporting passou a sair melhor, quer sem pressão, quer pressionado. Não posso deixar de realçar o papel que Gonçalo Inácio teve neste sentido, visto que, com tão tenra idade, assumiu um papel crucial a colocar bolas nas costas do adversário, tirando proveito do seu pé esquerdo.
No miolo, uma conjugação perfeita de equilíbrio. Palhinha, Mateus Nunes e João Mário. Defesa, ataque e bom posicionamento.
Em termos de ataque, o Sporting passou a beneficiar, para além do estilo de jogo que tinha antes, de uma nova filosofia. Os homens mais avançados começaram a trabalhar mais dentro e as alas também começaram a ter outro papel no jogo, para além de só fazerem cruzamentos.
Não tiro o mérito nem deixo de reconhecer o trabalho feito pelos treinadores anteriores, mas a verdade é que, apesar de algumas, tal como já referi, tentativas infelizes, era preciso uma mudança grande e eficaz. E foi isso que Amorim trouxe ao Sporting. Ideias novas e uma nova forma de trabalhar.
A própria forma de trabalhar nos treinos, aparentemente, também mudou. Basta acompanhar o trabalho da comunicação e nas várias redes do clube, nomeadamente os “Inside Sporting”, para perceber que as coisas estão diferentes. Parece que há outra motivação para trabalhar.
A VINDA DE AMORIM
O treinador de 37 anos chegou sem curso de treinador, mas acabou com a secura que durava há anos no reino dos leões. Atualmente, é campeão nacional, está na luta pelo bicampeonato e já trouxe para o museu duas Taças da Liga e uma Supertaça.
A carreira de treinador de Amorim é recente e ainda muito curta. A aventura de Rúben Amorim começou a dar os primeiros passos no Casa Pia AC, ainda como treinador estagiário, na temporada 2018/2019. Na temporada seguinte mudou-se para o Braga e assumiu a equipa B dos bracarenses, onde em 11 jogos arrecadou oito vitórias.
Os meses que se seguiam seriam importantíssimos para Amorim. Assumiu a equipa A do SC Braga a dezembro de 2019 e, por incrível que pareça, no mês de março do ano seguinte já estava de saída, após apenas 13 jogos na equipa principal.
Chegou ao Sporting a troco de 10 milhões de euros, mais alguns acréscimos, sendo, se não estou em erro, a terceira transferência mais cara da história entre treinadores. Apenas está atrás de André Villas Boas (15 milhões do Porto para o Chelsea) e Brendan Rodgers (10,5 milhões do Celtic para o Leicester).
Depois de 100 jogos, Amorim leva 73 vitórias, 15 empates e apenas 12 derrotas.
“Agradeço a confiança e estou preparado para a retribuir” foram as palavras ditas por Rúben Amorim na sua apresentação. Assim o fez. Passámos do “E se corre mal?” para a crença do “Onde vai um vão todos”. Após 100 jogos pelo Sporting CP resta-me apenas, como adepto, enaltecer todo o trabalho realizado. Obrigado, mister!
Artigo com opinião do redator da secção do Sporting CP, João Marques
Artigo revisto por Joana Mendes