Decorria o ano de 2020, e o Sporting CP anunciava um tal de António Adán como reforço por duas temporadas, com mais uma de opção. Formado no Real Madrid CF, o guardião espanhol vinha curiosamente do eterno rival, o Club Atlético de Madrid, numa transferência a custo zero para os leões. Cedo se percebeu que estávamos na presença de alguém que se fazia valer da sua experiência, e de todos os outros predicados que fazem, hoje em dia, um bom guarda-redes: o jogo com os pés, a saída forte e atenta nas bolas paradas e o controlo forte que retirava a profundidade aos adversários.
A história começou a escrever-se, e de leão ao peito, Adán começou a ser visto como um dos grandes nomes da sua posição, que encontrou em Lisboa o caminho acertado para prosseguir uma carreira que não foi assim tão recheada de títulos, mas que lhe permitiu partilhar o balneário com vários astros do futebol mundial, e sobretudo, partilhar o palco na sua posição com alguns dos melhores guarda-redes da década.
Ao todo, são cinco os títulos coletivos conquistados por Adán na sua carreira profissional, entre eles um muito especial: ser campeão português pelo Sporting CP, algo que marcou não só a carreira do espanhol, como o próprio clube, que há muito via fugir este objetivo. E de lá para cá, o que mudou?
Na minha opinião, que me custa expressar porque sempre fui um admirador das qualidades técnicas e táticas de Adán, o que passou foi mesmo o tempo, e com isto digo os anos, que atingem toda a gente, independentemente do que possamos fazer, o tempo irá sempre apanhar-nos. Olhando para o Adán de hoje, é de facto difícil de admitir, mas não é o mesmo guarda-redes que demonstrou ser há uma ou duas épocas. Nota-se por vezes alguma insegurança, alguma falta de confiança em ações que o víamos fazer com outros argumentos, com outro à vontade, e até com outra alegria. No entanto, e tendo em conta tudo isto, o espanhol ainda é, de longe, o melhor guarda-redes que Rúben Amorim tem à sua disposição, e percebo a confiança que o treinador leonino deposita no guardião espanhol que, lembro, lhe “deu” um campeonato e uma segurança quase eterna entre os postes.
Em jeito de conclusão, espero que o tempo ainda não tenha chegado a Adán, e que isto seja apenas uma quebra de forma, perfeitamente normal no futebol, até porque, acredito seriamente que Adán ainda tem muito para dar nos relvados. Para bem do futebol português, esperemos que o espanhol volte à forma que nos habituou, a defender a baliza leonina, e a ser o primeiro organizador do jogo de Amorim.
Até já Adán, cá te esperamos, como sempre, com a classe com que nos habituaste.