Quo Vadis? | SC Braga x Sporting CP

    Primeira Liga, 4.ª jornada: domingo, 20h30, 3 de setembro de 2023

    ANTEVISÃO: SPORTING VISITA BRAGA PARA O PRIMEIRO CLÁSSICO DA TEMPORADA

    Dizem os bem vividos que é ao nascer do sol que chegam as melhores reflexões, em momentos que o pensamento se vai perdendo nas obscuras entranhas do subconsciente e, fugindo, às curvas e contracurvas, se depara subitamente com as clareiras mais iluminadas.

    Como a maçã despertou Newton ou como a bigorna abate Wile E Coyote, a perseguição obsessiva é terminada de forma cómica – a procura incessante não é receita para a verdade; esta só fica perceptível no momento mais inesperado, já depois da exaustão e imediatamente antes do desespero que adorna o fracasso. Esse deambular acaba normalmente num impacto que nos acorda. A simplicidade da solução, finalmente ali, faz rir.   

    Foi ao nascer do sol de 2022-23 que se deu o empate a três bolas em Braga, e para os mais perspicazes talvez se adivinhasse o rombo que viria depois, com derrotas no Dragão e em Chaves, praticamente hipotecando o campeonato à quarta jornada. Os problemas demonstrados na Pedreira avisaram Amorim, que pouco pôde fazer para evitar o choque frontal contra uma escarpa onde alguém tinha desenhado de forma exímia a continuação da autoestrada. O plantel era muito curto, as soluções viáveis eram poucas quando comparadas com as dos rivais. Esse jogo, com muitos erros defensivos, foi o prenúncio do fracasso a toda a linha.

    Um ano depois, é na mesma quarta jornada que se pode dar o tal rombo da verdade, o despertar para a realidade. Voltando à Pedreira, poderá Amorim comprovar que o seu Sporting é mais forte que o do ano transacto – a percentagem total de pontos ganhos convida a essa consideração, além do mercado feito por Varandas e Hugo Viana ter sido quase perfeito em teoria.

    Em Braga, espera-se que seja a maçã a cair preguiçosamente na cabeça do génio, inspirando-o quanto ao melhor rumo a tomar, encaixando assim as ideias como encaixaram no ano do título. As vitórias acontecem, mas a forma como são conseguidas talvez não tenha convencido tudo e todos. Chega o momento do derradeiro passo, onde tudo se ilumina ou tudo sucumbe: as ideias ficam à mostra, expõem-se desenvergonhadamente e contemplamos finalmente o panorama.

    O clarão desejado poderá ser, por exemplo, uma vitória categórica na qual se dissipem as dúvidas quanto Às melhores dinâmicas para a frente de ataque. Algo perfeitamente possível contra um Braga ainda na terra dos sonhos, a pensar que vai jantar à mesa com Real Madrid e Nápoles – mas que não deixa de ser equipa candidata ao título.

    Os arsenalistas, que têm andado mais focados no regresso à Champions League dez anos depois, descuraram o campeonato – naturalmente. A derrota na jornada inaugural, a vitória atribulada na segunda jornada em Chaves (2-4) e o adiamento do terceiro jogo, a incomodar no meio da eliminatória com o Panathinaikos, levam a uma situação de correr atrás do prejuízo – são já seis os pontos para o primeiro lugar, e uma eventual derrota contra Leões não mata completamente as aspirações arsenalistas, apesar de ser um grande estrondo, de ficar ainda com mais estrelas na cabeça.

    A sobrecarga de jogos já levou Al Musrati a bater à porta da enfermaria, obrigando dessa forma a um desgaste importante em Vítor Carvalho; essa dificuldade pode ser atenuada pela entrada em cena de João Moutinho, roubado elegantemente ao FC Porto, e que com uma semana inteira de treinos, pode ser já solução para a intermediária. Ao seu lado pode aparecer André Horta, que conseguiu em Atenas uma das melhores exibições da sua carreira.

    De apito na mão, surgirá Luís Godinho; na cabine do VAR, senta-se Fábio Melo. 

    10 DADOS RÁPIDOS

    1. 158 clássicos a opôr Sporting minhoto a Sporting lisboeta: 36 vitórias para os primeiros contra 98 dos segundos.
    2. No 1.º de Maio ou na Pedreira, o mesmo domínio dos verde e brancos, com 35 vitórias a jogarem as 26 vitórias caseiras para a insignificância.
    3. Superioridade a toda linha. Últimos 20 confrontos? 11 vitórias leoninas, seis arsenalistas.
    4. Desde 2010? 36 jogos, 23 vitórias contra nove.
    5. Desde 2000? Ora, 34 triunfos em 56 jogos. Em 23 anos, o Braga ganhou… 17 jogos.
    6. Irónico termos de recuar até 2020 para atestar a última vitória dos minhotos. Foi em Fevereiro, e Amorim ainda não se tinha mudado para a capital. No banco leonino estava Silas, que apresentou o seguinte onze – Max; Neto, Coates e Borja; Ristovski, Wendell, Battaglia, Eduardo e Acuña; Camacho e Sporar. Parece ter sido há uma vida…
    7. No plantel leonino actual, quem melhor sabe marcar ao Braga é Pote, que tem sete golos em nove jogos – uma excelente marca, que deixa Ricardo Horta um pouco atrapalhado (dois em… 17 jogos).
    8. Artur Jorge não é um homem feliz quando tem de defrontar o Sporting (ou Amorim?) – nos três jogos de 2022-23 sofreu 13 golos, com direito a duas manitas bem espalmadas. Mas nada tema, que a pior goleada sofrida pelo Braga frente a leões continua a ser um 9-0, faz no Janeiro próximo 63 anos.  
    9. Já Amorim é feliz contra a ex-equipa, já que só perdeu uma vez em nove jogos – e em casa. Na Pedreira sente-se bem, como provam as duas vitórias e o empate.
    10. Traumático: foi Luis Godinho quem apitou o 5-0 da Taça da Liga da época passada. Aliás, o Braga perdeu os últimos quatro jogos apitados pelo árbitro de Évora: além do enunciado, Benfica (1-0), Vitória SC (2-1) e Casa Pia (0-1)!

    JOGADORES A TER EM CONTA

    Álvaro Djaló num jogo contra o FC Porto.
    Fonte: Paulo Ladeira/Bola na Rede

    Álvaro DjalóA onomástica no futebol interessa sim. A alguém chamado Álvaro nunca se adivinhou grande futuro nos relvados, e ao apelido Djaló deixou-se precocemente de o relacionar com grandes feitos – há um passado atabalhoado, envolto em novelas e peripécias.

    É por isso uma proeza o que Álvaro Djaló anda a fazer por Braga, rasgando preconceitos para se assumir como grande alternativa aos pesos pesados como o capitão Horta ou Bruma. Seja pela ala ou no papel de nove e meio, a agressividade empregada em cada gesto fá-lo destacar-se sucessivamente – a condução explosiva, a atracção pela baliza e os recursos técnicos para a concretizar, a criatividade para descobrir os espaços invisiveis ao comum jogador.

    Saltando do banco, como já fez em quatro jogos de 2023-24, representará a derradeira grande enxaqueca da primeira linha sportinguista. 

    Gyokeres deverá ser titular no Sporting
    Fonte: Luís Batista Ferreira/Bola na Rede

    Viktor Gyokeres Os golos que prometeu com o bis da primeira jornada foi oferecendo ao colega Paulinho, quase como gesto de solidariedade – percebendo os problemas de confiança que poderia representar um bombástico egoísmo nesta primeira fase.

    Podemos então prever que a partir de determinado momento o sueco voltará a pensar mais em si e menos na equipa, como que correndo atrás do prejuízo: e que melhor campo para aproveitar as suas portentosas qualidades físicas do que a Pedreira, com um SC Braga a desleixar-se na rectaguarda pela obrigação de controlar o jogo? Que melhor cenário para Viktor e para os restantes colegas, confortáveis pelas certezas de eficácia que resultarão dum bom serviço na profundidade?

    XI´s PROVÁVEIS

    SC Braga: Matheus; Victor Gómez, José Fonte, Niakaté e Marín; Moutinho e André Horta; Ricardo Horta, Bruma e Pizzi; Abel Ruiz

    Treinador: Artur Jorge

    O treinador do SC Braga não fez conferência de imprensa de antevisão.

    Sporting CP: Adán; Diomande, Coates e Inácio; Esgaio, Morita, Hjulmand e Nuno Santos; Pote, Paulinho e Gyokeres

    Treinador: Ruben Amorim

    «Se tiver de ser um jogo com muitos golos, que sejam do Sporting. Sabemos que é importante não sofrer. A abordagem vai ser a mesma. Ter a bola, criar ocasiões, travar jogadores como Ricardo Horta, Bruma, Abel Ruiz, Moutinho… Como treinador não quero um jogo com muitos golos, quero uma vitória do Sporting».

    PREVISÃO DE RESULTADO: SC Braga 2-1 Sporting CP
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    Pedro Cantoneiro
    Pedro Cantoneirohttp://www.bolanarede.pt
    Adepto da discussão futebolística pós-refeição e da cultura de esplanada, o Benfica como pano de fundo e a opinião de que o futebol é a arte suprema.