Com os milhões, as mudanças

    Escolhi díficil. O fácil é de todos

    Na semana passada tive a oportunidade de perguntar a Luís Freitas Lobo, em entrevista para o Bola na Rede, o que deveria mudar o Sporting caso se confirme a sua entrada na Liga dos Campeões na próxima época. A resposta foi simples e certeira. Mudar? Nada. O Sporting deve acrescentar ao que tem sido feito, e muito bem, na presente temporada desportiva.

    Assim sendo, reformulação da pergunta: o que deve o Sporting acrescentar à equipa no próximo ano? Deve aproveitar o dinheiro proveniente da Champions, e investi-lo na contratação de jogadores mais conceituados? Deve manter o perfil da actual época e contratar jovens promissores e valores em ascensão da liga portuguesa? E, definido o perfil dos acrescentos (leia-se, contratações), para que posições devem chegar? O papel de médio ofensivo é uma das lacunas que se apontam ao grupo liderado por Leonardo Jardim, mas será a única a precisar de ajustes?

    Uma coisa é certa: manter o núcleo duro que conquistou (sim, já o estou a dar como garantido) o acesso directo à Liga dos Campeões era meio caminho andado. Para além disso, há pelo menos um dos jogadores que temos emprestado que voltará para reforçar o plantel. Falo de João Mário, jovem médio cedido ao Vitória de Setúbal, que tem apresentado um nível altíssimo, confirmando as expectativas que se tinham criado desde cedo. Não sendo um 10 tradicional, o médio formado no Sporting é um jogador que alia bastante criatividade a uma capacidade de organização assinalável. Um reforço que, a espaços e com tempo, pode vir a impor-se no meio-campo leonino.

    João Mário deverá voltar ao Sporting. Magrão pode ser uma das saídas  Fonte: Zerozero
    João Mário deverá voltar ao Sporting. Magrão pode ser uma das saídas
    Fonte: Zerozero

    Mas há mais casos de dúvida na equipa leonina. A começar pela baliza: irá Rui Patrício, a seguir ao Mundial, sair finalmente? Dado o contexto internacional, em que se espera que tantos guarda-redes troquem de emblema (Courtois, Valdés, Hart ou Casillas são fortes candidatos a trocar de clube) e sabendo da boa época que o clube de Alvalade está a fazer, essa é uma forte possibilidade. Se se confirmar tal cenário, Boeck estará à altura? Parece-me que pode estar, mas que deve ser contratado um outro guarda-redes para manter a competitividade numa posição tão específica. Na defesa, Piris que está emprestado e Welder tão pouco utilizado poderão também sair. Cedric e Jefferson agarraram o lugar e são peças importantes no 11, mas faltam alternativas, principalmente com um número maior de jogos do que aquele que este ano os leões tiveram. Rúben Ferreira, para a esquerda, é um dos nomes falados na comunicação social.

    No meio-campo reside a maior dúvida: irá William Carvalho continuar a maravilhar os adeptos sportinguistas? Bruno de Carvalho já o disse e reafirmou: a sair, apenas pela cláusula. 45 milhões, apesar da qualidade inegável do médio, é um valor altíssimo, ainda para mais quando em questão está um médio defensivo. O Manchester United segue o craque português e irá certamente, depois da época miserável que vai fazendo, investir fortemente no plantel. Se o nº 14 leonino sair, como contornar tal perda? Não há soluções perfeitas, mas Zezinho pode ser uma opção, ele que está emprestado ao Veria da Grécia (já fez 24 partidas pelos gregos). Rinaudo, também emprestado, é outro nome a ponderar mas dificilmente será a opção prioritária de Leonardo Jardim, dadas as diferenças quanto ao actual titular, William Carvalho. De qualquer forma, se William sair será quase certa a incursão no mercado.

    Olhando para o actual plantel, Gérson Magrão e Vítor são jogadores que poderão prosseguir as suas carreiras longe de Alvalade, dada a dificuldade que têm tido em impor-se. Assim sendo, e mesmo com o regresso de João Mário, sobram lugares no sector intermediário. Shikabala continua a ser uma incógnita, Pedro Tiba (Setúbal) é um dos referenciados mas existirão mais surpresas quando o mercado abrir. Caso o egípcio não se afirme, o Sporting deverá apostar na contratação de um elemento mais desequilibrador, capaz de criar lances de ruptura que, por vezes, têm faltado ao futebol verde-e-branco.

    Carlos Mané
    Carlos Mané viverá na próxima época um ano de afirmação.
    Fonte: Liputan6.com

    Na frente de ataque os leões contam com dois cenários distintos: nas alas, raro foi o jogador que se impôs e conquistou o seu lugar; no centro houve duas excelentes surpresas que dificultarão a entrada a reforços. Começando pelos extremos, com a excepção de Mané, nenhum dos restantes quatro extremos (Wilson Eduardo, Capel, Carrillo e Héldon) se mostraram opções suficientemente seguras para que se negue a entrada a mais jogadores para as mesmas posições. Desta forma, é bastante possível que alguns dos anteriormente mencionados possam vir a sair do clube, quer por via de empréstimo quer por via definitiva. Quanto ao jovem oriundo da Academia de Alcochete, espera-lhe um ano em que irá poder confirmar todo o potencial demonstrado. Com a Liga dos Campeões, não poderia ter melhor montra e oportunidade. Esgaio, Dramé e Iuri Medeiros – três jogadores a realizar uma boa época – estarão atentos a qualquer oportunidade, tal qual esteve Mané este ano.

    Em situação oposta estão Fredy Montero e Islam Slimani, dois reforços da presente temporada que conquistaram adeptos e dirigentes. Dois jogadores muito diferentes que se complementam na perfeição e que oferecem variadas soluções para os vários tipos de jogo que a época exige. Ainda assim, com o aumentar do número de jogos, é legítimo ponderar a chegada de mais um jogador para esta posição. Bebé e Derley seriam, seguramente, opções interessantes. Diego Rubio e Viola também estão emprestados e, se em relação ao primeiro tenho muitas dúvidas, penso que o argentino poderia ser um jogador que, pelo menos, poderia fazer a pré-temporada.

    Sejam quais forem as opções tomadas, os sportinguistas terão de certeza mais razões para confiar nos presentes responsáveis do que tiveram nos seus antecessores. E a competência disfarça a falta de meios.

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