Depois de 120 jogos, 84 dos quais triunfos (70%), 16 empates e 20 derrotas, uma Supertaça, duas Taças da Liga e um título de campeão nacional, a saída do Rúben Amorim de treinador dos leões parece cada vez menos um cenário longínquo.
Leão Campeão
O nosso Campeão Nacional, Rúben Amorim, completa hoje 37 anos.
Parabéns, Mister! 💚 pic.twitter.com/7sMnS4BaqK
— Raça de Leão (@racadeleao_) January 27, 2022
Tudo começou com uma arriscadíssima aposta de Frederico Varandas. Creio que se pode mesmo dizer que foi um tiro no escuro, mas a verdade é que atingiu o alvo mesmo no centro. Um jovem treinador, com pouquíssima experiência, chega a Alvalade numa altura em que o clube precisava urgentemente de ser virado do avesso – o cenário pouco famoso.
E foi mesmo o jovem Rúben Amorim que conseguiu fazer aquilo que durante 19 anos os 19 diferentes treinadores que por aquele cargo passaram nunca conseguiram – conquistar o troféu de campeão nacional.
Amorim de leão ao peito
Amorim foi resgatado a meio da época 19/20 numa altura em que já não havia muito para fazer, tendo servido para dar oportunidade a jovens em ascensão, ficando pelo 4.º lugar. Mas, na seguinte época, com contratações precisas, um grupo de número reduzido, mas muito unido, o muitíssimo almejado título entrou pelas portas de Alvalade – Sporting Campeão de 20/21.
A época transata, em que só perdeu Nuno Mendes, ficou marcada por um conjunto leonino competitivo em todas as competições, mas não alcançando os objetivos mais desejados como a revalidação do título de campeão nacional. Ainda assim venceu a Supertaça e a Taça da Liga, chegou aos oitavos de final da Liga dos Campeões, caiu nas meias-finais da Taça de Portugal frente ao FC Porto, que também levou a melhor no campeonato (com a formação verde e branca a terminar com a mesma pontuação com a qual foi campeã – 85 pontos).
A atual temporada, que começou bem cedo para o clube de Alvalade, parece igualmente bem encaminhada para cedo terminar. Adiantaram-se no soltar dos cordões à bola, dando a sensação de um planeamento bem delineado. A verdade é que a própria direção permitiu que o chão fosse tirado ao treinador.
Perdeu alguns elementos da base e teve de se adaptar num curto espaço de tempo – a saída de Matheus Nunes foi uma facada pelas costas. Com o planeamento a ir por água abaixo já na ponta final do mercado, as consequências acabaram por vir depressa bater à porta.
Até ao momento tem sido uma época muitíssimo irregular, com os leões capazes de grandes feitos e de grandes descalabros. A frente do campeonato está bem longe, a passagem às eliminatórias da Liga dos Campeões, que inicialmente parecia muito bem encaminhada, vai ser decidida na última jornada e a Taça de Portugal já ficou pelo caminho.
Futuro de Amorim
O jovem treinador ingressou num projeto a longo prazo, com uma forte aposta na formação e ambição de manter o clube constantemente no palco da Liga dos Campeões. Para isso contava com alguma estabilidade, sabendo claramente que existiria a necessidade de exportar por muito sucesso que tivesse. Ainda assim não estava à espera de ficar sem uma grande parte dos elementos da base que até então tinha montado. O desfecho do mercado de verão deixou-o deveras insatisfeito, pois pensava que o clube de Alvalade estava já noutro patamar.
Parece que o aliciante projeto que o fez mudar de residência de Braga para Lisboa está cada vez menos apelativo para o jovem treinador em ascensão. Interesse no técnico dos leões não parece faltar, pois já esteve na rota de vários clubes, em especial de Inglaterra.
Futuro do Sporting
Olhando para a sequência de acontecimentos, não me admiraria ver Rúben Amorim sair no final da época. Nenhum treinador procura instabilidade, e depois de não lhe ter sido garantida a estabilidade mínima de que precisava para atacar a temporada, é claro que insatisfeito ficou. Não que tivesse guardado rancor, pois tratou-se apenas de abrir os olhos para a realidade, mas a fase de lua de mel entre direção e treinador já passou e a harmonia até então vivida está pela primeira vez ameaçada.
Saindo, levará consigo a mentalidade que ao clube faltava? É a dúvida que fica. A mentalidade que Amorim trouxe consigo teve tempo para ficar enraizada ou assim que sair tudo voltará ao que era? Acredito que a mentalidade sempre lá esteve, estava era adormecida e precisava de ser revitalizada. O Sporting CP nunca deixou de ser visto como um grande, precisava apenas de levantar o troféu que com o tempo passou de um sonho a um medo.