E se Amorim saísse? | Sporting CP

    Depois de 120 jogos, 84 dos quais triunfos (70%), 16 empates e 20 derrotas, uma Supertaça, duas Taças da Liga e um título de campeão nacional, a saída do Rúben Amorim de treinador dos leões parece cada vez menos um cenário longínquo.

    Leão Campeão

    Tudo começou com uma arriscadíssima aposta de Frederico Varandas. Creio que se pode mesmo dizer que foi um tiro no escuro, mas a verdade é que atingiu o alvo mesmo no centro. Um jovem treinador, com pouquíssima experiência, chega a Alvalade numa altura em que o clube precisava urgentemente de ser virado do avesso – o cenário pouco famoso.

    E foi mesmo o jovem Rúben Amorim que conseguiu fazer aquilo que durante 19 anos os 19 diferentes treinadores que por aquele cargo passaram nunca conseguiram – conquistar o troféu de campeão nacional.

    Amorim de leão ao peito

    Amorim foi resgatado a meio da época 19/20 numa altura em que já não havia muito para fazer, tendo servido para dar oportunidade a jovens em ascensão, ficando pelo 4.º lugar. Mas, na seguinte época, com contratações precisas, um grupo de número reduzido, mas muito unido, o muitíssimo almejado título entrou pelas portas de Alvalade – Sporting Campeão de 20/21.

    A época transata, em que só perdeu Nuno Mendes, ficou marcada por um conjunto leonino competitivo em todas as competições, mas não alcançando os objetivos mais desejados como a revalidação do título de campeão nacional. Ainda assim venceu a Supertaça e a Taça da Liga, chegou aos oitavos de final da Liga dos Campeões, caiu nas meias-finais da Taça de Portugal frente ao FC Porto, que também levou a melhor no campeonato (com a formação verde e branca a terminar com a mesma pontuação com a qual foi campeã – 85 pontos).

    Ruben Amorim
    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    A atual temporada, que começou bem cedo para o clube de Alvalade, parece igualmente bem encaminhada para cedo terminar. Adiantaram-se no soltar dos cordões à bola, dando a sensação de um planeamento bem delineado. A verdade é que a própria direção permitiu que o chão fosse tirado ao treinador.

    Perdeu alguns elementos da base e teve de se adaptar num curto espaço de tempo – a saída de Matheus Nunes foi uma facada pelas costas. Com o planeamento a ir por água abaixo já na ponta final do mercado, as consequências acabaram por vir depressa bater à porta.

    Até ao momento tem sido uma época muitíssimo irregular, com os leões capazes de grandes feitos e de grandes descalabros. A frente do campeonato está bem longe, a passagem às eliminatórias da Liga dos Campeões, que inicialmente parecia muito bem encaminhada, vai ser decidida na última jornada e a Taça de Portugal já ficou pelo caminho.

    Futuro de Amorim

    O jovem treinador ingressou num projeto a longo prazo, com uma forte aposta na formação e ambição de manter o clube constantemente no palco da Liga dos Campeões. Para isso contava com alguma estabilidade, sabendo claramente que existiria a necessidade de exportar por muito sucesso que tivesse. Ainda assim não estava à espera de ficar sem uma grande parte dos elementos da base que até então tinha montado. O desfecho do mercado de verão deixou-o deveras insatisfeito, pois pensava que o clube de Alvalade estava já noutro patamar.

    Rúben Amorim
    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Parece que o aliciante projeto que o fez mudar de residência de Braga para Lisboa está cada vez menos apelativo para o jovem treinador em ascensão. Interesse no técnico dos leões não parece faltar, pois já esteve na rota de vários clubes, em especial de Inglaterra.

    Futuro do Sporting

    Olhando para a sequência de acontecimentos, não me admiraria ver Rúben Amorim sair no final da época. Nenhum treinador procura instabilidade, e depois de não lhe ter sido garantida a estabilidade mínima de que precisava para atacar a temporada, é claro que insatisfeito ficou. Não que tivesse guardado rancor, pois tratou-se apenas de abrir os olhos para a realidade, mas a fase de lua de mel entre direção e treinador já passou e a harmonia até então vivida está pela primeira vez ameaçada.

    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Saindo, levará consigo a mentalidade que ao clube faltava? É a dúvida que fica. A mentalidade que Amorim trouxe consigo teve tempo para ficar enraizada ou assim que sair tudo voltará ao que era? Acredito que a mentalidade sempre lá esteve, estava era adormecida e precisava de ser revitalizada. O Sporting CP nunca deixou de ser visto como um grande, precisava apenas de levantar o troféu que com o tempo passou de um sonho a um medo.

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    Miguel Amaral Rodrigues
    Miguel Amaral Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    Desde que se lembra que o Miguel joga à bola. Sentiu sempre uma ligação com a redondinha. Com 7 anos de idade começou a ir a Alvalade e desde então é raro falhar um jogo. Aos 13 iniciou a sua carreira no futebol federado. E para sua tristeza, há cerca de dois anos pendurou as botas. Mas não largou a maior paixão que tem na vida. Estuda jornalismo na ESCS e é por intermédio da comunicação que quer acompanhar o futebol daqui para a frente.