Eu destro o benefício da dúvida

    Sempre possuí uma dor crónica em todo o lado direito do meu corpo. Melhor, desde os dois anos de idade, aflorando à objetividade. Até ao preâmbulo da maldita, a vacina César Prates era válida. A imunidade fornecida pelos dois anticorpos, o defensivo e o ofensivo, equilibrada na velocidade de propagação. E, até à aparição de Cédric Soares, o crescimento constituiu sempre um processo melindroso, com avanços ténues e recuos verdadeiramente enfáticos, pela locomoção arrastada e vagarosa, num reumatismo percetível e curioso, simultaneamente.

    Após incalculáveis visitas a centros de pediatria e fisioterapia, lá deslindaram o ato pândego: a representação do corredor direito do Sporting Clube de Portugal, na tentativa de personificar as alas de um hospital em maré de toda e qualquer patologia. Neste caso, especificamente, “o caro saiu barato”. Já contemplei assaltos mais modestos; contudo, após a descoberta, continuo, dia após dia, a inquirir-me sobre o facto de tanto tabefe não conferir, à minha bochecha, o estatuto de paraplégica.

    Naquele momento, recordo-me de os meus progenitores mencionarem algo do género “a tua atitude não foi de menino bem-comportado, foi de gente que, simplesmente, não sabe estar”. Não liguei. “Que perfeito disparate, mas um disparate ainda maior seria criarem um programa de televisão com esse título”, pensei. Afinal, eu sabia estar (à frente).

    Ricardo Araújo Pereira, em 2019, é autor de uma rúbrica, no Jornal das 20h (TVI) com esse epitáfio. Nada conveniente. Apesar de benfiquista irracional (palavras do humorista), acudiu-me na tentativa de encarar a incapacidade metaforizada. Surpreendentemente ou não. A dor era a mesma, tão aguda como outrora. Privou-me, somente, da arte de teatralizar. Preciosa ajuda, as rosadas agradecem!

    Busca-se dar nova vida à asa direita leonina
    Fonte: Carlos Silva/ Bola na Rede

    No último programa, visou o SIRESP. O flanco direito é a réplica mais minuciosa do sistema de emergência mais abordado do momento. Ambos apresentam como principal valência salvaguardar e edificarem um pronto socorro. “Funciona em determinadas situações exceto quando é preciso” é, no contexto, a missiva apropriada porque, como tudo indica, os laterais direitos só jogam quando… estão sob a alçada de outros clubes.

    Além de tudo isto, no Governo Sombra, onde se disfarça de ministro de algo, semanalmente, esta semana, sobre o tema supracitado, explana outro ponto de vista acertado e relacionado, também, dire(i)tamente com a situação do clube: orar em vez de utilizar o SIRESP. Eu chego mais longe! Valentin Rosier, contratado recentemente, oriundo do Dijon, atraca em Alvalade a troco de cinco milhões de euros mais Mama Baldé: não seria preferível, como método preventivo, o antivírus contra o desbaratamento incerto? Ristovski provou que não é (nem nunca foi) um bom SIRESP. Sobre Bruno Gaspar não teço comentários. Mama Baldé jogou a extremo a temporada transata… prognósticos só no fim do campeonato, mas nestas instâncias o ceticismo é o trilho a percorrer.

    A lateral está totalmente… esquerda. A expetativa é quase nula. No entanto, subsiste aquela réstia de esperança que compete aos reforços materializar. Urge endireitar o Sporting Clube de Portugal! Agora é contigo, Valentin Rosier!

    Foto de Capa: Dijon FC

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    Romão Rodrigues
    Romão Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    Em primeira mão, a informação que considera útil: cruza pensamentos, cabeceia análises sobre futebol e tenta marcar opiniões sobre o universo que o rege. Depois, o que considera acessório: Romão Rodrigues, estudante universitário e apaixonado pelas Letras.                                                                                                                                                 O Romão escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.