Mas o que eu queria mesmo era falar no momento ofensivo, e aí sim temos uma diferença muito grande para os nossos rivais. Não em termos da participação dos médios e extremos (que em termos de percentagem de assistências para golo estamos igual ou melhor), mas dos laterais. Os nossos defesas esquerdo e direito têm uma percentagem de assistência para golo, ou mesmo de cruzamentos para a área, muito baixas. É um pormenor que poderia fazer grande diferença uma vez que muitas vezes jogamos contra equipas muito fechadas, e temos um ponta de lança alto e bom no jogo aéreo.
A verdade é que a defesa que no ano passado fez excelentes jogos, tendo sido das menos batidas, continua lá, no entanto não tem jogado junta com tanta regularidade e eficácia, muito pelos problemas já acima descritos mas também porque, principalmente no lado esquerdo, não temos a ajuda defensiva dos médios que tínhamos antes. João Mário ajudava, segurava a bola, esperava pelo defesa lateral, e Bryan estava muito melhor fisicamente. Hoje nenhum deles, por razões distintas, está lá para fazer o mesmo trabalho, o que expõe o lateral a mais erros.
Já o defendi antes, e continuo a defender, que o Sporting neste momento não tem jogadores para o modelo em que joga. Poderia jogar com mais um médio e menos um avançado, não por Alan Ruiz (que até está a subir de forma), mas porque teria mais um médio que ajudasse nos equilíbrios defensivos das laterais, ajudando William Carvalho que não teria de estar sempre a bascular à direita e à esquerda, libertando Adrien para subir mais, e não obrigando os centrais a sair tantas vezes das suas posições para fazer compensações. Ou seja, uma equipa mais equilibrada.
É claro que os laterais têm de cruzar mais e melhor, e não deixar cruzar. Para isso, toda a equipa tem de estar equilibrada em todos os momentos do jogo. E para não estar a crucificar unicamente os laterais, e porque é um jogo colectivo, toda a equipa terá que melhorar ou alterar processos, incluindo o treinador.
Foto de capa: Sporting Clube de Portugal