Não, não estão a presenciar o inicio de uma dissertação sobre a vida animal e a luta de sobrevivência entre dois reis dos respectivos habitats naturais. Vamos antes falar sobre um leão que, na impossibilidade de enganar uma águia, decidiu enganar o seu “par”.
Há uns dias, um leão deu uma entrevista (sim, nesta história os leões falam. Se for mais fácil para vocês enquadrá-la na vida real encarem-na como uma fábula) em que dizia ter estado a tentar vender os seus serviços a uma águia, tendo mesmo chegado a pensar que o tinha conseguido fazer.
Ou seja, a águia deve ter percebido a meio da negociação que aquilo era o conto do vigário e decidiu despachá-lo com o tipo de conversa que por vezes temos com aquelas chamadas a vender serviços de telecomunicações, empresas de eletricidade ou cartões de crédito:
Leão: “Então o que acha do meu serviço? Está interessado? Comparativamente ao que tem no mercado vai perceber que apresento uma relação qualidade/preço muito competitiva.”
Águia: “Sim sim, estou interessada, sim, senhor. Grande negócio que vamos fazer. Mas olhe, ligue-me ao fim do dia que agora estou a trabalhar e não tenho aqui os documentos necessários para concluirmos o negócio. Pode ser assim?”
Leão: “Sim, senhora, ficamos combinados. Pode ter a certeza que não se vai arrepender. Bom dia e até mais tarde.”
Águia: “Bom dia. Até mais tarde então” Pi pi pi pi… – Número Bloqueado.
No fundo parece um pouco a fábula da raposa e o corvo, em que neste caso “o corvo” não foi em cantigas, manteve o bico fechado e não deixou cair o “queijo”.
O problema deste tipo de “vendedor” é que tem sempre outras “vitimas” para “negociar” os seus serviços e condições até que haja um que caia. E neste caso, a vítima foi o Leão de Alvalade que, em vez de deixar o “intruja” a falar sozinho se deixou seduzir pela proposta de futuro que este leãozinho apresentava.
O leãozinho lá conseguiu vender o seu serviço ao Leão de Alvalade e por algum tempo parecia ser tudo o que tinha argumentado ser e vir a ser. No entanto, à primeira oportunidade, talvez por estar a trabalhar na sua “segunda escolha” e por não ter cumprido o seu verdadeiro sonho de ser um “leãozinho que se transformou em águia”, mostrou a sua verdadeira intenção e atraiçoou o velho e bom leão que lhe havia dado a “pata”.
Assim que viu uma oportunidade e o seu faro encontrou o cheiro do dinheiro (sim, este leão ganha dinheiro. Não sei esqueçam que é uma fábula) saiu disparado, ainda que esse rasto o tenha levado, mais uma vez, onde ele não estava à espera. Entretanto, alguém o conseguiu levar de França para Itália (não é o que estão a pensar. Não foi servir de leão no circo romano) e segundo parece também já está a tentar passar a perna aos italianos. O problema, para ele, é que em Itália eles são professores nesse tipo de “esquemas”. Não são benevolentes como o bom Leão de Alvalade.
O dilema do leãozinho que tinha o sonho de se tornar águia é que agora tem de encontrar outra “boa alma” que pague ao Leão de Alvalade os seus pecados do passado. Boa sorte. Espero que encontre. O Rei Leão agradece.