Fui Libaninho com um colega que apresentou Francisco Trincão

Se tiverem tempo de sobra como eu o tenho, leiam um exemplar porque não se vão arrepender. É um livro que se devora facilmente, com uma ação que se desenrola a um nível nada lento e que nos faz querer virar a próxima página. Qual será o crime cometido pelo Padre Amaro? Apesar da distância temporal da altura em que foi escrito, o livro tem características que o aproximem da realidade? Que comportamento teve o jornalismo perante as peripécias ocorridas na cidade de Leiria? Ler o livro é a única forma eficaz de responder a estas perguntas.

Na disciplina de Português, as apresentações dos livros terminavam com esta fórmula. Por vezes, a proeza de expor o mesmo livro a um público nas amarras de um bocejo generalizado era realizada nos três períodos que compunham o ano letivo. Alguns macacos eram exímios no aproveitamento da (possível) síndrome Wernicke-Koraskoff da docente: pernas para que te quero tirar notas durante a avaliação, foco no aluno e nos seus palrares.

Em tempo de escola, a época desportiva deve encaminhar-se para o fim do segundo período. Como aluno participativo e pouco esquecido que sou, não tenho problemas em identificar uma trapacice de um colega de turma, mesmo que o intervalo me reserve a maior “carga de lenha”. Quero reclamar a apresentação repetida da obra Francisco Trincão, aquele rapaz de Viana do Castelo que despontou no SC Braga, se misturou pouco na equipa da Catalunha que continha o melhor jogador de sempre e se perdeu em Wolverhampton.

Ser Libaninho significa papar qualquer coisa, devidamente refastelado nos convívios eclesiásticos e ainda meter o bedelho em relações de elevada promiscuidade. Aos meus olhos, Eça traça-lhe as manias desta maneira n’O Crime do Padre Amaro. Ser a favor desse colega e fechar os olhos a uma ruindade desta ordem era não ser Libaninho. E eu odeio não ser Libaninho.

Francisco Trincão
Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

Onde é que já se viu apresentar duas vezes o mesmo Francisco Trincão? Cabe na cabeça de alguém? Só de um louco!

Já me tinham falado de Francisco Trincão e estava na lista que guardo no meu quarto. No primeiro período, quando soube que o meu colega o iria apresentar, fiquei evidentemente entusiasmado porque já conhecia obras dentro do mesmo estilo: de drible curto, dotado tecnicamente, com capacidade de remate, com muita aptidão para realizar a leitura e escrita dos momentos de jogo e com rasgos individuais que podem decidir partidas e conferir pontos importantes às correntes que representa.

Na primeira mostra da biografia à turma, essas qualidades foram referidas durante os feitos a Norte. “Os tempos na Roma portuguesa deixaram água na boca de muitos tubarões porque, à altura, Francisco Trincão brilhava mais do que muitos autores de outros extremos. Influenciado por Rúben Amorim, o ainda imberbe Trincão não atribuía dimensão às batalhas porque empunhava o escudo e a espada em jogos consecutivos”. Foram também lidas algumas passagens que opunham Sporting CP, SL Benfica e FC Porto a SC Braga. Devo dizer que aquilo me comoveu particularmente.

“Foi a maior venda do clube bracarense. Trincão ia jogar ao lado de Messi e ia fixar residência numa das melhores montras europeias. Aí começou a decadência de um promissor artista. Saída prematura? Não entrosamento no sistema tático de Ronald Koeman, apesar da utilização considerável? Inépcia para lidar com maior pressão e exposição?”, questionava à plateia o colega autor da apresentação.

 “Teoricamente, o empréstimo seria a melhor solução para tentar voltar relançar o percalço que tinha tido na época anterior. Foi então que surgiu a proposta do Wolverhampton Wanderers. Rodeado de muitos compatriotas, Francisco Trincão reunia a adaptação necessária para vingar a envergar laranja. Três golos e 28 jogos depois, não convenceu e ficou no cárcere do marasmo exibicional que há muito o encurralava”, prosseguia. Desfazendo-se do suporte em papel e observando metade da turma com a cabeça pousada sobre a mesa, ergueu o tom de voz:

“MAS AGORA…”. Tudo estremecia.

Clássico
Fonte: Carlos Silva / Bola Na Rede

No verão seguinte, chegou a Alvalade. Na primeira época de leão ao peito, não esteve à altura da expetativa depositada na sua chegada. A irregularidade das suas exibições ora lhe permitia um jogo em que entusiasmava o público com o seu drible certeiro e as jogadas que – a qualquer momento – era capaz de inventar, ora passava ao lado de uma partida na qual o seu contributo era essencial para alcançar a vitória. De ressalvar apenas um jogo, defronte do GD Estoril: sobre a asa esquerda, em pés de lã, passou por quatro canarinhos, provocou o guarda-redes e atirou para o seu lado contrário. Quanto a mim, esse momento exemplifica aquilo que Trincão podia atingir com a camisola do Sporting CP, com regularidade”, esclarecia.

A fórmula anteriormente descrita regressou. “Querem saber como Rúben Amorim está a preparar Francisco Trincão para o ataque ao título 2023/2024? Que mudanças e transformações se avizinham no papel interventivo que o artista português pode ter no jogo ofensivo dos leões? As respostas a estas perguntas estão no decurso do livro, turma! Não me importo de emprestar o meu exemplar, caso não possam comprar”.

O gajo disse isto no primeiro período. Repetiu a graça no segundo período até à primeira temporada em Alvalade. Depois, não me contive e chibei-me à amnésia. Foi deste modo, com este palavreado, que me dirigi ao Conselho Diretivo. Acabei por cumprir castigo mais pesado do que quem fez bodega da grossa.

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Romão Rodrigues
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