O Sporting CP irá esperar mais 19 anos? Tendo em conta que…

    Normalmente, no futebol, maio costuma corresponder ao mês onde são gerados os vereditos para toda e qualquer coisa que esteja por decidir. Pode estar algo tremido e preso por uma linha quase invisível, mas, chegado o mês número cinco do calendário gregoriano, tudo se resolve. A bem ou a mal. Por esta altura, no ano transato, estava a esfregar as mãos e a contar os dias para que o evento com interregno de 19 anos se realizasse.

    Sporting
    Fonte: Sebastião Rôxo / Bola na Rede

    Note-se que a quinta paragem da numeração romana está associada a múltiplas interpretações, superstições e aspetos curiosos. O pedido de auxílio não compõe um exemplo de vergonha alheia caso alguém se deixe absorver e engolir por patranhas da ordem da numerologia.

    Repare: no mês de maio os pais de Katherine Hepburn delinearam um plano para que a filha Katherine cumprimentasse o mundo; em 1968, a Europa (sobretudo a França) conheceu o ímpeto de um movimento estudantil (e não só) desejoso de transformações socioculturais e, segundo o que consta, Portugal até extraiu benefícios do acontecimento; ocorreu a primeira aparição da Senhora de Fátima aos pastorinhos, é celebrado o dia do Silêncio e o Sporting CP festeja títulos de longe a longe.

    Quão irónico seria que os dois últimos acontecimentos referidos coincidissem nos festejos? Até que ponto seria interessante criar uma rubrica radiofónica embevecido por este estado de fusão informativa?

    Em 2022, o Sporting CP pode escolher a cor do seu maio:

    • Verde vivo e triunfante, símbolo de campeão nacional com acesso direto à Liga dos Campeões;
    • Verde esbatido em 40%, símbolo apenas do acesso direto à Liga dos Campeões;
    • Verde-água, a fugir para o azul, símbolo da disputa de eliminatórias de acesso à Liga dos Campeões;

    Se considerarmos as políticas e performances desportivas de – não precisamos de distar muito do presente – há três/quatro anos, estas hipóteses não eram consideradas sequer miragens. Em princípio, rumamos no sentido contrário da penumbra. Pelo menos no futebol. Contudo, se pusermos em equação alguns embates ao longo da época, os pensamentos suicidas reaparecem a espaços e a saúde mental fica comprometida de imediato.

    Não há equipas invencíveis. Nem sempre calha tudo como se estuda e estrutura. A sorte e a felicidade não batem sempre à porta e, por vezes, atrasam-se. Compreendo essa parafernália de vulgaridades que se dizem para acalentar espíritos e suportar dores mais fortes do que aquela sentida quando o dedo mindinho fica esquecido na perna de uma mesa. Contudo, não sei até que ponto esses dizeres se podem aplicar ao fracasso da época 2021/2022.

    Sporting
    Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

    Nos Açores, defronte do CD Santa Clara, o Sporting CP esteve em vantagem por duas vezes na partida e, negligentemente, acabou por sair derrotado (3-2). Em Alvalade, diante do SC Braga, marcou primeiro e teve inúmeras oportunidades para dilatar o marcador durante a primeira metade: na segunda, a equipa adormeceu e sucumbiu novamente (1-2). Junta-se, a esta diminuta lista, a exibição realizada na Madeira (1-1) e a consequente incapacidade para resolver partidas que podiam ter adquirido sentido único.

    Podia mencionar o derby e débil preparação leonina para jogos decisivos na reta final da temporada. Contudo, apesar de uma temporada atribulada, o SL Benfica reúne algumas individualidades que, quando inspiradas, podem ajudar a clarificar o Darwinismo. E não, não foi diante do eterno rival que desvaneceu a possibilidade de o Sporting CP conquistar outro campeonato no seu palmarés.

    Destaco, ainda, o semblante e a postura tida durante as duas mãos da meia-final da Taça de Portugal. O FC Porto não precisou (sim, leu bem) de se aplicar a 100% para derrubar o leãozinho. No fundo, os alunos de Sérgio Conceição foram o protótipo daquele/a menino/a que nunca estuda para um teste de avaliação e que diz que correu assim-assim até receber o 19,8 com um smile feito a caneta vermelha.

    “Será que vamos ter de esperar mais 19 anos?” *:

    • Tendo em conta que a Segunda Grande Guerra conheceu um dos seus fins em maio de 1945 e aliando a esperança de que o confronto bélico Rússia-Ucrânia cesse no mesmo mês, podemos esperar até 77 anos;
    • Sim, a desperdiçar oportunidades como as visadas e a apanhar adversários (bem) mais consistentes, julgo que serão mais 19 anos;
    • Falamos do Sporting CP. Logo, falamos de imprevisibilidade. Logo, para o ano há mais. Ou não.

     

    *A pergunta anterior também daria uma boa rubrica radiofónica. Permite divagar. No fundo, é o que se pretende.

     

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    Romão Rodrigues
    Romão Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    Em primeira mão, a informação que considera útil: cruza pensamentos, cabeceia análises sobre futebol e tenta marcar opiniões sobre o universo que o rege. Depois, o que considera acessório: Romão Rodrigues, estudante universitário e apaixonado pelas Letras.                                                                                                                                                 O Romão escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.