Desde o início do seu mandato que Frederico Varandas tem tido uma relação de litígio com a Juventude Leonina e o Directivo Ultras XXI. O presidente do Sporting CP alega que as duas claques leoninas pensam que mandam no clube, e que nunca mais vão ter os privilégios que outrora tiveram. Porém, agora que parece que as restrições referentes ao cartão do adepto estão a chegar ao fim, seria uma boa oportunidade para Frederico Varandas reverter a situação.
A revogação do cartão do adepto
O parlamento português aprovou uma proposta que visa à revogação da barbaridade que é o cartão do adepto: uma lei que apenas serviu para ter estádios (ainda) mais vazios e para o governo ter o controlo de quem visita os recintos desportivos.
Este cancelamento do cartão do adepto vem atrasado, mas mais vale vir tarde do que nunca. É uma vitória para todos os adeptos de futebol do país, que veem assim as suas liberdades novamente garantidas.
Porém, enquanto que nos restantes clubes da Primeira Liga vamos voltar a ver tambores, bandeiras e coreografias organizadas, o Estádio José Alvalade XXI, se a situação não se alterar, será a exceção à regra. Isto porque Varandas e a atual direção leonina, em 2019, proibiu a utilização de todo o material usado pelas duas claques no apoio à equipa.
O ambiente em Alvalade
Talvez quem não visite o estádio leonino regularmente não note a diferença. Porém, desde que as claques do Sporting CP foram proibidas de levar material que lhes é afeto, o ambiente em Alvalade é totalmente diferente.
Primeiro, o tambor. Este era fundamental não só para ditar o ritmo dos cânticos, como para pôr o estádio todo em sintonia. Isto porque, desde que Bruno de Carvalho uniu a curva sul, as claques leoninas juntaram-se em uníssono, entoando numa só voz.
Ora, aquilo que se verifica atualmente remete-nos para antes de 2013. Apesar de a Juve Leo e o DUXXI estarem juntamente com as restantes claques, a verdade é que a pujança e força que a Curva Sul transmitia já não se revela. Consequência deste fator é o esporádico desaparecimento desse tal ambiente consonante, algo que leva a que vários cânticos sejam gritados em simultâneo.
Depois, e apesar de que não as ter até ser melhor para ver o jogo, a proibição das bandeiras, tarjas e coreografias em jogos grandes retira aquilo que do Sporting é característico: um ambiente único em Portugal, e capaz de bater o pé com os maiores da Europa.
A relação de Varandas com as claques
Varandas prometeu unir o Sporting CP, mas agravou a desunião. Frederico Varandas nunca conseguiu fazer jus ao seu lema de campanha, se é que esse alguma vez foi esse o seu objetivo. Só a contratação de Ruben Amorim ofuscou esta desunião que paira no seio leonino.
O presidente do Sporting CP promoveu uma luta contra as ilegalidades cometidas pelas claques (que existem, atenção), mas por generalizar e tomar uma minoria pelo total número de associados dos grupos organizados.
A lógica é a mesma da do cartão do adepto, ainda que em menor escala: descriminar adeptos de futebol e retirar-lhes direitos e liberdades. Porém, tenho uma mensagem para o presidente do Sporting CP e para o governo português: não é desta forma que vão acabar com o problema da violência no desporto. É necessário ir à génese do problema, retirando do futebol, mas de forma individual, quem não merece disfrutar do espetáculo, ao invés de pagarem todos pelas ações de alguns.
Este era o timing perfeito para o Varandas enterrar o machado de guerra e dar de volta a liberdade total às nossas claques para que momentos como estes fossem repetidos.
Não haveria melhor forma de , aos poucos, apaziguar as guerras internas ainda existentes pic.twitter.com/7JIfVHUFGP
— SportingDependente (@SuspendamEsta) November 10, 2021
A oportunidade perfeita para se redimir
Embora tenha dúvidas em relação ao meu desejo, penso que seria o timing perfeito para Frederico Varandas devolver às claques e aos adeptos do Sporting aquilo que é deles por direito. O Estádio José Alvalade XXI merece o ambiente que se verificou sobretudo entre 2016 e 2018: tão barulhento que provocava dores de ouvidos a jogadores do BVB Dortmund, enfeitado com coreografias e bandeiras que colocavam o clube leonino nas bocas do mundo.