«Se não for para jogar no Sporting CP, não quero voltar a Portugal» – Entrevista BnR com Luiz Phellype

    – À boleia do leão –

    «Quando joguei no Sporting CP, nunca tive uma equipa tão competitiva como a atual. Numa equipa como a de agora, não havia como as coisas não acontecerem»

    Bola na Rede: Tens acompanhado o campeonato português, apesar da diferença horária?

    Luiz Phellype: Não consigo acompanhar os jogos, mas vou vendo os resultados e os resumos. O Sporting CP não está muito bem agora. Acho que foi só uma fase. Na Liga dos Campeões, as coisas estão a correr bem. Agora, vão estabilizar e vencer os jogos. Não acho que vão continuar a empatar e perder, pois não é uma característica de uma equipa do Rúben Amorim.

    Bola na Rede: Achas que o Sporting CP vai recuperar do momento que está a viver?

    Luiz Phellype: Psicologicamente, a equipa é muito forte e está habituada a passar por momentos difíceis. O título foi um voto de confiança para os jogadores. O Sporting CP teve a saída do Palhinha e do Matheus Nunes que atrapalharam um pouco. É uma questão de adaptação. Vai entrar alguém e encaixar no modelo da equipa. O Sporting CP vai recuperar os pontos que precisa para andar no cimo da classificação como nos outros anos. Se vai chegar para ser campeão ou não, não sabemos.

    Bola na Rede: És apreciador do que Rúben Amorim tem feito no Sporting CP?

    Luiz Phellype: Sou. É inegável que, antes dele, o Sporting CP era completamente diferente. Na época anterior à chegada dele, tivemos três treinadores, o que atrapalha muito. Quando ele chegou, fez as coisas à maneira dele e foi campeão. Foi campeão depois de quase 20 anos. Depois, fez uma boa campanha na Liga dos Campeões. O Sporting CP está a ganhar jogos que, normalmente, não ganharia, como foi o caso do Tottenham HFC ou do BVB Dortmund. O trabalho dele está a ser muito bom.

    Bola na Rede: Na equipa do Sporting CP não abundam pontas de lança. Seria uma boa oportunidade para te encaixares ali?

    Luiz Phellype: Confio em mim. Quando joguei no Sporting CP, nunca tive uma equipa tão competitiva como a atual, uma equipa que realmente lutasse pelo título, e mesmo assim marquei os meus golos e fiz o meu trabalho. Numa equipa melhor como a de agora, não havia como as coisas não acontecerem. O Rúben Amorim quer jogar com um avançado na frente, só que o Paulinho tem vivido uma fase de instabilidade e tem sofrido muito com a exigência e, às vezes, é melhor preservar o jogador do que o perder de vez. O Rúben Amorim usa ponta de lança, nem que seja um jogador improvisado. A estratégia do treinador é essa e acho que eu podia ajudar.

    Bola na Rede: Qual é a tua opinião em relação ao Paulinho, que é o jogador com as características mais adequadas à posição?

    Luiz Phellype: É um bom jogador. É bom tecnicamente e finaliza bem. O Paulinho veio do SC Braga, mas o Sporting CP é muito maior. Chegar ali e as coisas não acontecerem logo de início cria uma pressão muito grande. Até pelo valor pelo qual ele foi comprado criaram-se grandes expectativas à volta dele. O Paulinho já deu provas no SC Braga de que é bom jogador. Se ele conseguir resgatar as confianças, as coisas vão correr bem.

    Bola na Rede: Arrisco-me a dizer que o título mais importante que ganhaste até hoje foi a Taça de Portugal, em 2018/19. 

    Luiz Phellype: Uma Taça de Portugal, para o Sporting CP, talvez não seja assim tanta coisa, mas para mim foi. Vim do Paços de Ferreira FC que, naquele momento, estava na Segunda Liga, pelo que cheguei ao Sporting CP debaixo de muitas críticas. Inicialmente, era o Bas Dost que jogava de início e, quando eu entrava, não conseguia marcar. Sofri muito com críticas e ataques. Naquele momento em que marquei o último penálti, foi um desabafo. Foi muito importante, como se estivesse a provar a mim mesmo que era capaz e que o Sporting CP estava certo em contratar-me. Tudo foi especial nesse dia. Está gravado na história.

    Bola na Rede: Para além do Bruno Fernandes, nessa equipa tinham um jogador que está a dar que falar hoje em dia no futebol internacional que é o Raphinha. Já imaginavas que ele podia ter o sucesso que está a ter hoje?

    Luiz Phellype: O Raphinha, quando estava no Sporting CP, tinha 22 anos e já era um jogador que queria algo maior. Trabalhava muito forte nos treinos e era humilde. Já esperávamos que o Bruno Fernandes fosse dar o salto e, sinceramente, não tinha dúvidas que o Raphinha também ia. Quando ele saiu para França, achei um erro sair de um clube do tamanho do Sporting CP e ir para o Stade Rennes FC. Só que, quando tens talento e trabalhas, não importa para onde vais.

    Bola na Rede: Que condições te deu o FC Paços de Ferreira que tenham contribuído para renderes ao ponto de suscitares interesse de clubes como o Sporting CP?

    Luiz Phellype: Visibilidade. Cheguei ao Paços e não jogava muito. Quando saí de lá, era o melhor marcador da Segunda Liga e chamei a atenção dos grandes.

    Bola na Rede: Quando chegaste ao Sporting CP a exigência era maior…

    Luiz Phellype: O meu nível de exigência também era muito alto. Queria evoluir e fazer parte do grupo. É uma outra realidade. É um clube que luta para ser campeão e joga na Liga dos Campeões, não é um clube que luta para se manter na Primeira Liga.

    Bola na Rede: A maior mostra da exigência que existia era o Bruno Fernandes e a forma como sempre cobra o máximo dos colegas. Exigia muito de ti?

    Luiz Phellype: Não só a mim, mas a todos. Nós éramos muito próximos. O Bruno Fernandes dava-me boleia para os treinos, porque eu ainda não tinha carta de condução e falávamos muito sobre o que é que fazia mal e o que é que tinha que fazer melhor. O Bruno tem aquele estilo dele, mas ele quer é vencer o jogo. A cobrança dele fez-me evoluir bastante. Às vezes, não é fácil aturar o Bruno, mas é boa gente e gostei muito de trabalhar com ele.

    Bola na Rede: O Bruno Fernandes fazia de teu chauffeur

    Luiz Phellype: O Bruno, o Max e o Raphinha. Foram os três os meus Ubers.

    Bola na Rede: O que é que isso revela em relação ao grupo que tinham no Sporting CP?

    Luiz Phellype: Entre nós, era tudo muito bom. Não havia inimizades. Não era toda a gente amiga de toda a gente, até porque isso não acontece em nenhuma equipa. Dentro do campo, tentávamos fazer as coisas bem. Estávamos num momento de pressão após o presidente, Frederico Varandas, ter acabado de assumir o clube. Ou a equipa se unia para tentar fazer as coisas ou não ia dar certo.

    Bola na Rede: Qual foi o melhor conselho que já te deram no mundo do futebol?

    Luiz Phellype: Faz o teu melhor, há sempre alguém a ver”. A determinado momento, fui para Angola. Não estava a jogar no GD Estoril Praia e queria sair. Mesmo em Angola, quando achei que estava esquecido e que ninguém me estava a ver, tive a oportunidade de ir para o FC Paços de Ferreira, porque fiz uma boa época. Não importa onde estejas, faz o teu melhor, as pessoas estão a ver e o teu trabalho vai ser recompensado.

    Bola na Rede: O que é que o Luiz Phellype ainda não alcançou no futebol e quer alcançar?

    Luiz Phellype: Sou realizado com a carreira que tenho. O meu sonho de criança era jogar num clube grande e joguei. Era ser campeão num clube grande e fui campeão. Só por ser jogador de futebol, já fiquei realizado, porque era o que sempre quis ser. Tenho mais uns anos pela frente e quero desfrutar. A carreira passa muito rápido.

     

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    Francisco Grácio Martins
    Francisco Grácio Martinshttp://www.bolanarede.pt
    Em criança, recreava-se com a bola nos pés. Hoje, escreve sobre quem realmente faz magia com ela. Detém um incessante gosto por ouvir os protagonistas e uma grande curiosidade pelas histórias que contam. É licenciado em Jornalismo e Comunicação pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e frequenta o Mestrado em Jornalismo da Escola Superior de Comunicação Social.