CRÓNICA: PRIMEIRA PARTE EQULIBRADA, SEGUNDA DE DOMÍNIO DO SPORTING CP
O Sporting entrou em Alvalade a tentar reverter o ciclo que lhe trouxera uma vitória nos cinco jogos anteriores. Já o FC Arouca, que não perdera os últimos três jogos enquanto visitante, queria fugir à zona de despromoção.
Desde cedo se percebeu que nenhuma das equipas aparecera só para ver jogar. Um Arouca com personalidade, confortável com bola e muito pressionante sem ela, olhou o Sporting nos olhos e desde cedo se percebeu que os leões teriam dificuldades na partida.
Sarabia (após passe de Slimani) ainda introduziu a bola nas redes ao nono minuto, mas estava em posição irregular.
A primeira parte foi muito dividida, com ambas as equipas a equipararem-se, inclusive em oportunidades de golo – aos 37 minutos, Slimani contornou o guarda-redes Victor Braga, mas fez um remate fraco que Basso cortou em cima da linha. Pouco depois, num livre batido por David Simão, André Silva cabeceou para uma defesa soberba de Adán.
Ao intervalo, Rúben Amorim (que celebrava o seu segundo aniversário como treinador do Sporting) fez três alterações: entraram Ugarte, Paulinho e Porro para os lugares de Essugo (que esteve em bom plano), Esgaio e Vinagre. E começada a segunda parte, os leões eram outra equipa.

Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede
Chegaram logo ao golo através de um cabeceamento de Slimani – que deu a melhor resposta a um canto de Porro. De seguida, Paulinho rematou à trave e no minuto seguinte, Slimani bisou: jogada rápida do Sporting, Paulinho abriu em Nuno Santos, que fez um cruzamento rasteiro para o argelino encostar.
Rúben Amorim leu perfeitamente o jogo da primeira parte e fez três alterações essenciais ao intervalo, que catapultaram a sua equipa para vitória. Para além dos golos, o Sporting conseguia avançar no terreno com poucos passes e movimentos de rutura perfeitos.
Há que realçar a atitude do Arouca, que nunca desistiu de procurar o golo, mas a vontade não chega para marcar. O mesmo valeu para Slimani que, após passe de Matheus Nunes (estando o médio isolado na grande área arouquense), não fez o terceiro por muito pouco.
Nunca nenhuma das equipas desistiu de procurar o golo, mas o jogo não teve mais incidências. Com esta vitória, o Sporting continua a fazer pressão ao FC Porto no topo da tabela. Já o Arouca, poderá terminar a jornada na zona de despromoção da Primeira Liga.
A FIGURA

Islam Slimani (Sporting CP) – Fez os dois golos que deram a vitória ao Sporting, soube procurar e atacar o espaço na defesa adversária, fez também movimentações e passes que criaram muito perigo. Uma exibição de encher o olho que, tanto o jogador como os adeptos, há muito esperavam.
O FORA DE JOGO

André Bukia (FC Arouca) – O virtuoso e rápido extremo não esteve ao seu melhor nível e a equipa ficou órfã da sua inspiração. Falhou muitos dribles e não influenciou de forma positiva o rendimento ofensivo do Arouca. Saiu com naturalidade aos 55 minutos.
ANÁLISE TÁTICA – SPORTING CP
Partindo de um 3-4-3, Matheus Nunes fazia aproximações agressivas à área arouquense, procurando sobrelotar a linha defensiva do adversário. Essugo, o outro médio-centro leonino, era mais retraído nas suas movimentações.
Ainda com bola, os três centrais (Coates, Inácio e Matheus Reis) não se aventuravam muito, ficando sempre atrás. Os extremos – Nuno Santos e Sarabia – procuravam terrenos interiores, enquanto os alas, Esgaio e Vinagre, providenciavam a largura da equipa.
Sem bola, a equipa fazia uma marcação homem-a-homem quando o Arouca tentava sair a jogar e não saía do seu alinhamento tático.
11 INICIAL E PONTUAÇÕES
Adán (6)
Gonçalo Inácio (7)
Coates (7)
Matheus Reis (7)
Ricardo Esgaio (5)
Dário Essugo (7)
Matheus Nunes (7)
Rúben Vinagre (5)
Sarabia (6)
Nuno Santos (7)
Slimani (8)
SUBS UTILIZADOS
Pedro Porro (7)
Ugarte (7)
Paulinho (7)
Neto (6)
Tabata (6)
ANÁLISE TÁTICA – FC AROUCA
Estando a defender, a equipa dispunha-se num 5-4-1, tentava pressionar em zonas muito avançadas do terreno – a equipa chegava a estar toda posicionada (excetuando o guarda-redes) no meio-campo adversário, sem ter bola –, e conseguiu inclusive recuperar a posse nessa situação. Esta pressão condicionou muito a saída de bola do Sporting.
Com bola, a equipa jogava em 4-3-3, procurava avançar no terreno colocando bolas longas em André Silva, mas também conseguia sair a jogar desde trás.
Os extremos – Anthony e Bukia – tentavam dar velocidade à equipa e trocavam ocasionalmente de flanco, mas ambos tiveram dificuldades durante todo o jogo.
11 INICIAL E PONTUAÇÕES
Victor Braga (5)
Tiago Esgaio (5)
João Basso (6)
Nino Galovic (5)
Mateus Quaresma (5)
Pedro Moreira (5)
Leandro (6)
David Simão (5)
Bukia (4)
Antony Alves (5)
André Silva (6)
SUBS UTILIZADOS
Bruno Marques (5)
Arsénio (6)
Tiago Araújo (6)
Abdoulaye Ba (6)
Alan Ruiz (6)
BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA
Sporting CP
Não foi possível colocar questões ao treinador do Sporting CP, Rúben Amorim.
FC Arouca
BnR: Na antevisão para esta partida, disse que a sua equipa tinha de ter a capacidade de ter sofrimento. Pergunto-lhe se essa capacidade consistia da pressão alta que o Arouca fez, a espaços, durante o jogo, aliada à capacidade de conseguir defender em bloco baixo?
Armando Evangelista: Sim, é óbvio que, quando defrontamos uma equipa com o valor do Sporting, a gente procura pressioná-los alto, procura não os deixar construir a partir de trás porque sabemos que, face à velocidade do Sporting, daqueles homens a pedirem na profundidade, fazendo movimentos constantes à profundidade, é mais difícil conseguir controlar isso.
Mas face à sua qualidade, haveria alturas que tínhamos de defender em bloco baixo e penso que isso se passou exatamente. Houve alturas em que conseguimos não deixar o Sporting sair a partir de trás, houve outras alturas em que nos tivemos que juntar, sofrer e organizarmo-nos, em termos defensivos, num bloco mais baixo, para não permitir espaços para o Sporting atacar a nossa baliza.
Por vezes, eu gostaria de poder pressionar o Sporting, 90 minutos, no seu meio-campo, mas isso não é possível porque temos do outro lado um adversário com muito valor e só conseguimos fazer aquilo que eles nos permitem. Penso que fizemos muita coisa bem feita, outras nem tanto, mas é mesmo assim o futebol, é um crescimento e há que acreditar que aquilo que fizemos aqui é um bom tónico para aquilo que nos falta jogar.