Sporting CP 5-0 SC Braga: Leões generosos distribuem cabaz de Natal

    A CRÓNICA: A PROTEÇÃO CIVIL AVISOU PARA ESTA ENXURRADA?

    Afinal, o Pai Natal veste verde ou então foi só o Sporting CP que alinhou no clichê que, no Natal, se dá o melhor que se tem. Um ato que nem precisou de retribuição. Foi dar e acabou, não houve nada em troca, remetendo-se o SC Braga a abrir os presentes que lhe foram deixados debaixo da baliza. Nem um sapatinho era suficiente para depositar tantos embrulhos.

    No final de contas, era o último jogo das duas equipas antes da quadra natalícia que se costuma caracterizar pelo mau tempo. Mas estes leões andam ao sabor do vento.

    Imaginemos que a brisa deixava de soprar. Quantas folhas ficavam por cair das árvores? Quantos barcos ficavam parados em alto mar? Quantos moinhos deixavam de rodar? O que seria não ter o vento a indicar uma direção e a postura mais indicada a ter diante do mundo fosse deixar andar…

    O Sporting CP vinha embalado por uma corrente de ar. Os leões chegavam ao jogo dos quartos de final da Taça da Liga com cinco vitórias consecutivas e com apenas um golo sofrido. Era a sequência que Rúben Amorim tanto pediu que acontecesse para que a equipa deixasse de duvidar de si mesma.

    Só que pela frente estava o SC Braga que, no campeonato, até se encontra uma posição acima do Sporting CP. Inclusivamente, os bracarenses conseguiram o mesmo feito do conjunto verde e branco que foi terminar a fase de grupos da Taça da Liga com a baliza a zeros. Eliminar os minhotos nos quartos de final da Taça da Liga – eliminatória inédita fruto da mudança de formato da competição – parecia vir a ser uma tormenta. E foi… para o SC Braga.

    O Sporting CP entrou na partida… golo… que nem um tornado… golo… e conseguiu… golo… rapidamente a vantagem.

    Dois sopros antes dos sete minutos e outro ainda antes dos 20 fizeram tombar a estrutura defensiva dos guerreiros que, em vez de ser de betão, foi de palha e tombou com a tempestade. Gonçalo Inácio aproveitou uma defesa incompleta de Matheus para encostar para o primeiro. Depois, Paulinho com um toque elegante fez a bola sobrevoar sobre o guarda-redes do SC Braga. Como se a situação já não estivesse má o suficiente, o central arsenalista, Tormena, perdeu a bola para o extremo leonino, Marcus Edwards. Ao tentar remediar o erro, o defesa ainda fez pior ao derrubar o inglês na grande área, geografia onde já só foi possível a Tormena alcançar o atacante. Pedro Gonçalves encarregou-se da marcação, bem-sucedida, da grande penalidade.

    O SC Braga entrou num estado de alerta maior do que aquele que a Proteção Civil lançou para a possibilidade de chuvas fortes em Lisboa. O técnico, Artur Jorge, mexeu ainda na primeira parte, lançando André Horta e Víctor Gómez. O balanceamento ofensivo da equipa só a comprometeu ainda mais. Com espaço para correr, Nuno Santos assistiu Trincão que marcou mais um golo. E não era tudo na primeira parte. Paulo Oliveira fez um novo penálti e Edwards marcou o quinto golo. Ao intervalo, os cinco golos sem resposta do Sporting CP haviam sido anotados por cinco marcadores diferentes.

    Com uma primeira parte tão intensa em que rápido o resultado se estabeleceu em 5-0, nem se deu pelo segundo tempo passar. O momento mais marcante veio das bancadas quando os adeptos leoninos mostraram uma tarja em que se lia “O futebol não está a morrer. Está a ser assassinado. Catar 2022”, numa tomada de posição face à realização do Mundial no país do Médio Oriente.

    45 minutos de um Sporting CP a jogar a um nível elevado bastaram para merecer uma viagem a Leiria onde vai disputar a Final Four da Taça da Liga, tornando-se na primeira equipa a carimbar o passaporte para o momento onde se vai decidir o campeão de inverno.

    A FIGURA:

    Fonte: Carlos SIlva/Bola na Rede

    Paulinho Anotou o sexto golo em quatro jogos. Se o equipamento Stromp que os leões utilizaram é vestuário para as ocasiões especiais, então para o atacante é fato de gala. A elegância com que combinou com os colegas e com que marcou o golo à ex-equipa, aliada à confiança que Rúben Amorim deposita no avançado, mostram que Paulinho recomenda-se.

    O FORA DE JOGO:

    Fonte: Carlos SIlva/Bola na Rede

    Tormena Errou no lance em que acabou por fazer penálti, mas já antes, até em lances mais próximos da sua baliza, tinha demonstrado insegurança com a bola nos pés. Acabou por ser parte do caos vivido por toda a linha defensiva que resultou no encaixe de tantos golos.

    ANÁLISE TÁTICA – SPORTING CP

    Rúben Amorim optou por ter um ponta de lança de referência como Paulinho no onze inicial.  Devido à ausência de Morita, Pedro Gonçalves foi o escolhido para jogar como médio de ligação ao lado de Ugarte. O conjunto verde e branco esteve confortável no 3-4-3 habitual.

    De salientar o papel dos centrais, Inácio, Coates e Matheus Reis, que estiveram imperiais na marcação aos dois pontas de lança do SC Braga. Depois, Ugarte e Pedro Gonçalves, fruto de um bom posicionamento, marcaram sempre presença perto dos locais dos lances aéreos disputados pelos colegas da defesa e conseguiram recolher a grande maioria das segundas bolas.

     

    ONZE INICIAL E PONTUAÇÕES

    Antonio Adán (6)

    Pedro Porro (8)

    Gonçalo Inácio (7)

    Sebástian Coates (7)

    Matheus Reis (7)

    Nuno Santos (7)

    Manuel Ugarte (7)

    Pedro Gonçalves (7)

    Marcus Edwards (8)

    Francisco Trincão (8)

    Paulinho (8)

    SUBS UTILIZADOS

    Jovane Cabral (6)

    Dário Essugo (5)

    Ricardo Esgaio (5)

    Arthur (5)

    Sotiris Alexandropoulos (-)

     

    ANÁLISE TÁTICA – SC BRAGA

    O SC Braga de Artur Jorge quis trazer uma nuance tática ao jogo que não passava por manter o 4-4-2, que caracteriza habitualmente a equipa, em todos os momentos do jogo. A defender, a disposição da equipa era bastante diferente e aí destacou-se o papel tático de Hernani Infande a baixar para uma linha de cinco defesas. Com o recuo do extremo, os guerreiros montavam um 5-2-3. Mais gente atrás não foi sinónimo da aplicação de um processo defensivo mais eficiente.

    Nas esforçadas tentativas de desenrolar lances ofensivos, aí sim, o SC Braga dispunha-se em 4-4-2. Com Banza e Vitinha na frente, os minhotos tentaram ligar o jogo diretamente na frente já que Al Musrati esteve sempre bem vigiado por Paulinho (os extremos do Sporting CP encarregavam-se dos centrais) e, por isso, indisponível para a saída curta. Com a entrada de André Horta, ainda na primeira parte, Artur Jorge procurou dar mais uma solução criativa à equipa, pois Castro dedicou-se quase exclusivamente ao momento defensivo enquanto esteve em campo.

     

    ONZE INICIAL E PONTUAÇÕES

    Matheus Magalhães (4)

    Fabiano (4)

    Paulo Oliveira (4)

    Vítor Tormena (4)

    Nuno Sequeira (4)

    Al Musrati (4)

    André Castro (4)

    Ricardo Horta (5)

    Hernâni Infande (5)

    Vitinha (4)

    Simon Banza (5)

    SUBS UTILIZADOS

    André Horta (5)

    Víctor Gómez (5)

    Abel Ruiz (5)

    Álvaro Djaló (4)

    Rodrigo Gomes (-)

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    SC Braga

    Bola na Rede: O SC Braga optou por fazer recuar o Hernâni Infande para defender com cinco elementos atrás. Foi uma estratégia para defender melhor as variações de corredor do Sporting CP ou tratou-se de uma preocupação para com as subidas de Pedro Porro?

    Artur Jorge: A ideia não era ter uma linha de cinco, mas sim que o Hernâni tivesse um cuidado especial em acompanhar as subidas do Porro, porque é um jogador que desequilibra muito no seu corredor. Assim, tínhamos a possibilidade de, quando a bola estava no corredor direito, termos mais um jogador a ajudar o trabalho defensivo do Sequeira.

    Sporting CP

    Bola na Rede: Do ponto de vista tático, o quão importante foi para o Sporting CP o papel dos três centrais em ganharem os duelos diretos com os pontas de lança do SC Braga e, no momento seguinte, da proximidade dos médios para ganharem as segundas bolas?

    Rúben Amorim: É o que nos dá os jogos anteriores com as equipas. Olhámos muito para aquilo que foi o jogo do campeonato e a verdade é que, nessa partida, fomos muito inferiores nos duelos, nas segundas bolas, na marcação de bolas rápidas nas faltas. Hoje, fomos nós que usámos isso um bocadinho. Foi muito importante. Percebemos o que o SC Braga ia fazer. Ainda assim, em alguns lances da segunda parte, bolas de primeira, o SC Braga ganhou-nos a profundidade. No entanto, tem muito a ver com a fome, com os duelos, com o querer ganhar, com o querer ir buscar a bola à baliza, não interessa que resultado está. Amanhã isso já não conta nada. Não há dias de folga num clube grande.

    @bolanaredept ???? A análise tática de Rúben Amorim ???? Perguntámos ao treinador do Sporting CP sobre o papel dos três centrais e esta foi a resposta. Sempre a falar sobre (bom) futebol! ???? #ConferenciaBnR #Sporting #SCP #SportingCP #RubenAmorim #SCB #SCBraga #Futebol #FutebolPortugues #Jornalismo #JornalismoDesportivo ♬ Calm Lo-Fi Chill Beat(933834) – MASK G

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    Francisco Grácio Martins
    Francisco Grácio Martinshttp://www.bolanarede.pt
    Em criança, recreava-se com a bola nos pés. Hoje, escreve sobre quem realmente faz magia com ela. Detém um incessante gosto por ouvir os protagonistas e uma grande curiosidade pelas histórias que contam. É licenciado em Jornalismo e Comunicação pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e frequenta o Mestrado em Jornalismo da Escola Superior de Comunicação Social.