Sporting CP | As 5 piores participações na Europa League

O que esperar deste Sporting?

Às vezes, oiço vozes na minha cabeça. Provavelmente, mais gente as ouve e, na volta, temos todos um desequilíbrio qualquer. Esta valentia que possuímos – nós, as pessoas que admitem coisas e que não temem a exposição ao ridículo – distingue-nos das restantes. Somos de uma raça diferente. Somos tão sinceros e tão genuínos que, quando nos apercebemos, já estamos a cortar e a coser. E, como mantemos sempre aquela postura característica, não emendamos palavras nem reformamos ideias. Somos desbocados, mas no bom sentido. Nem sei como é que ainda há gente que nos interpreta da maneira errada. Se calhar, os tolinhos são essas mesmas pessoas.

– TEMOS OBRIGAÇÃO DE PASSAR À PRÓXIMA FASE.

Quando realizo o exercício da escrita, esses falares passam diretamente para o papel. Ou para o ecrã, neste caso. Receio não me estar a fazer entender da melhor maneira. Vejamos com um exemplo prático.

– TEMOS OBRIGAÇÃO DE PASSAR À PRÓXIMA FASE.

“Por uma única vez que seja, será que o telejornal pode apresentar o grande vencedor do prémio do Euromilhões como o grande vencedor de 80% do prémio do Euromilhões? Esta situação causa-me febre. Os outros 20% são retirados pelas Finanças aos pobres coitados. A medida sinaliza um desconhecimento profundo do Estado face ao bordão “carpe diem” e a uma das modalidades da Santa Casa. Quer dizer, um indivíduo desperdiça dez minutos a escolher os melhores números, vence ao estilo do Bingo e ainda é surripiado?”.

Uma ilustração, parece-me, esclarecedora.

– TEMOS A OBRIGAÇÃO DE PASSAR À PRÓXIMA FASE.

O autor reincide na divisa e traz à baila o Euromilhões. Queria listar as cinco piores eliminatórias na Europa League e acabou por, implicitamente, reforçar o estatuto do Sporting CP como favorito e atribuir ao sorteio uma metáfora que, perante os emblemas presentes, não considera exagerada.

Sporting CP 1-4 LASK Linz (2020/2021):  O mau augúrio da temporada que acabou em sonho. Depois de os pupilos de Rúben Amorim terem eliminado o Aberdeen com uma dieta rigorosa no deslumbre (1-0), receberam os austríacos no playoff de acesso à competição.

O capitão Gernot Trauner foi de elevador até ao primeiro piso e inaugurou o marcador. Poucos minutos antes do intervalo, Tiago Tomás repôs a igualdade no marcador e na esperança dos adeptos que acompanhavam… à distância. Restavam 45 minutos para preencher uma vaga na Fase de Grupos.

Andreas Gruber ouviu o chamamento interior. Se na primeira parte já tinha dado mostras de qualidade no processo ofensivo, na segunda despiu a juba ao leão. Duas assistências (58´e 65’) e um golo (68’) coroaram-no rei da eliminatória.

Mérito total para o LASK Linz. A vitória categórica colocou este Sporting em sentido para o que restava da época. E resultou.

– TEMOS OBRIGAÇÃO DE PASSAR À PRÓXIMA FASE.

Sporting CP 0-2 Rangers FC (2007/2008): Paulo Bento costumava pedir tranquilidade aos atletas do Sporting CP e, na grande maioria das ocasiões, até que nem corria mal. Salvo exceções como a de perder uma eliminatória com o Glasgow Rangers no eterno covil.

Após o empate forasteiro na primeira mão dos quartos de final da então Taça UEFA, esfregavam-se as palmas das mãos em Alvalade para tentar repetir o feito de 2005 e, dessa feita, vencer. Saiu tudo ao contrário. O Youtube exemplifica bem o porquê.

Já na segunda parte, após uma recuperação de bola dos escoceses, a bola é enviada para o ponto de fusão Gladstone – Miguel Veloso: os dois, motivados pela inépcia que os definia, permitiram que Darcheville, quase a meio-campo, colocasse em Steven Davies e que este galgasse até à área leonina para finalizar o lance.

Na tentativa de reverter a desvantagem, o treinador português ordenou que as linhas de pressão subissem para que se atingisse a igualdade. O Rangers respondeu trancando as portas do seu castelo e Steven Whittaker sentenciou a partida para lá da etapa complementar, num pleno ato de cinismo nobre.

Um adeus com Rodrigo Tiuí em campo será sempre um adeus justo.

– TEMOS OBRIGAÇÃO DE PASSAR À PRÓXIMA FASE.

Athletic Bilbao 3-1 Sporting CP (2011/2012): San Mamés foi o palco onde tudo ruiu. Depois de uma vitória (2-1) sofrida, mas repleta de devoção à la moda de Sá Pinto, os leões sabiam que a missão ia ser mais do que espinhosa em terras bascas.

Antes de relatar os incidentes da partida, uma mensagem de confiança para os leitores. Se o Xandão, o Pereirinha, o Onyewu, o Evaldo e o Diego Rubio vivenciaram a sensação de estar entre os quatro semifinalistas da Liga Europa, vocês também conseguirão em algum momento. Não desistam de sonhar.

O martírio começara aos 00:00:00 do cronómetro do árbitro. Antes da meia hora de jogo, Rui Patrício já tinha encaixado um golo e salvo alguns que, naquele momento, pareciam milhares. Markel Susaeta, num vólei com alguma sorte à mistura, fez mover o placard (17’).

Perto do intervalo, Wolfswinkel serenou os adeptos: canto batido da esquerda e bola divida na pequena; André Martins recolhe e remata de primeira, mas o esférico bate em Insúa; na recarga, o holandês, de pé esquerdo, devolveu a respiração a uma imensidão de gente.

O empate merecia descanso. Mas Ibai Gómez não quis acalmar os ânimos. A La Catedral pôde comprovar a diferença entre o coletivo e um conjunto de individualidades (nada de especial, diga-se de passagem): Llorente tirou João Pereira da jogada como os graúdos fazem aos miúdos, desmarcou o ex-camisola 28 e este devolveu a vantagem aos espanhóis.

A segunda metade enalteceu a coragem do Bilbao e a imaturidade daquela equipa do Sporting CP: os Leones de San Mamés continuaram mais pujantes, mais perigosos, mais esclarecidos, mais acutilantes, mais seguros defensivamente, mais motivados para vencer, mais devotos da tarefa entre mãos. E o terceiro golo foi profecia fácil de efetuar: Fernando Llorente selou o embrulho e mandou-o para Bucareste.

– TEMOS OBRIGAÇÃO DE PASSAR À PRÓXIMA FASE.

CSKA Moscovo 3-1 Sporting CP (2004/2005): Tinha cinco anos e não percebia patavina de bola. Não sei onde vi o jogo, não sei com quem estava, não sei o que comi nem o que bebi naquele dia. Não tenho qualquer recordação e ainda bem.

Há apenas algo que é inteiramente do meu conhecimento: a quantidade de vezes que vi o resumo da final da Taça UEFA 2005. É capaz de denotar um certo sadismo e uma imbecilidade gritante da minha parte aquando desta confissão. Mas estava tudo tão bonito, tão acolhedor, tão verde. Aquele caneco não devia ter saído das instalações do Estádio José Alvalade.

Ainda por cima depois daquele saco do Rogério. Façam a seguinte pergunta no universo: “quantos golos se lembram do Rogério marcar”. Não façam a pergunta afinal. Eu respondo. NENHUM. Muito menos como aquele.

O lance que precede o terceiro tento russo – a bola a embater no poste e a efetuar uma espécie de prova de equilibrismo sobre a linha de golo – assemelha-se a um highlight de uma película do Sr.Alfred Hitchcock.

Cerca de 13% dos meus pesadelos estão relacionados com este acontecimento. A maior fatia é destinada à observação de uma pessoa idêntica ao Vagner Love vestida de diabo num Carnaval qualquer.

– TEMOS OBRIGAÇÃO DE PASSAR À PRÓXIMA FASE.

Yannick Bolasie Sporting
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Istambul Basaksehir FK 4-1 Sporting CP (2019/2020): Coloco em primeiro lugar e assumo a responsabilidade de tal escolha. Não me alongarei nesta descrição, prometo. Até há bem pouco tempo, ainda não tinha sido capaz de perceber este desaire – contra o emblema poderoso – sendo que tínhamos vantagem (3-1, em Alvalade, na primeira mão). Contudo, o zerozero.pt auxiliou o processo: o Ilori foi titular, juntamente com o Yannick Bolasie.

Romão Rodrigues
Romão Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
Em primeira mão, a informação que considera útil: cruza pensamentos, cabeceia análises sobre futebol e tenta marcar opiniões sobre o universo que o rege. Depois, o que considera acessório: Romão Rodrigues, estudante universitário e apaixonado pelas Letras.                                                                                                                                                 O Romão escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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