Sporting CP | Comunidade hippie dos anos 60 vs. correção do teste

    Desta vez, em proveito da ausência de analogias ou comparações provenientes das minhas preferências, considero não estar apto para engrenar mais um texto semanal. O ato de inquirir a razão para tudo isto constituirá uma perda de tempo e uma pergunta à qual eu não estabeleci ou preparei qualquer resposta. Simplesmente, são situações que tendem a acontecer, a cada passo. No fundo, encontro-me perante um problema. Apesar de o significado do termo adquirir um caráter amplo e ambíguo, a designação parece ser a mais correta.

    A tese descrita pode redundar num grau elevado de idiotice, mas insisto na explicação. Se repararem, toda a gente já esteve embrulhado num problema que ficou solucionado apenas pela metade. Ou seja, um meio problema. A chave, quando necessária para abrir uma porta, esbarrou no último trinco e, por essa mesma razão, foi parte da resolução. Ao público que deslindou a chave correta, sinceros parabéns e votos de sucesso. Ao público incapacitado, não tenham vergonha; entrem, sentem-se e sirvam-se de uma bebida.

    Esquecidas as notas introdutórias, introduzimos o tema pelo qual ninguém espera: o Sporting CP. Ao longo da semana volvida, a editora responsável pela secção depositou temas no habitual grupo, entre os quais “Qual o maior problema do Sporting CP: defesa ou ataque?”. Após a escolha, decidi solucionar hoje, via texto, quais as causas para os problemas visíveis e clarividentes do campeão nacional em 2021/2022.

    O verdadeiro contratempo leonino foi, sem margem para qualquer dúvida, o calcar do pé direito no ano 2022 do calendário gregoriano: CD Santa Clara, SC Braga, CS Marítimo e FC Porto conseguiram apontar mais de metade dos golos (nove!) sofridos até à 16ª jornada do campeonato português.

    Sporting CP FC Porto Sporting
    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Encarnando o espírito daquele adepto que usa e abusa de desculpas para debater o mau momento que o clube atravessa, argumento com a quantidade de lesões, castigos ou bebedeiras mais encharcadas – porque o Paulinho, por vezes, faz de central – no setor mais recuado do Sporting CP.

    A defesa tem andado relaxada, macia como uma pena e com um semblante tão descontraído: a comunidade hippie dos anos 60 que frequentava o Woodstock e outras raves semelhantes mesmo quando adentrava por mundos alternativos através de métodos narcóticos apresentava inépcia na conquista do estado de alma.

    Classifique a seguinte afirmação como verdadeira ou falsa. Justifique a sua escolha.

    “Ora, solucionado o problema, convém propor à direção a contratação de defesas que possam minimizar estragos. Por isso, ilibamos os meninos da dianteira”. V (a lápis, como se escreve nas frequências).

    Errado. (Correção do teste. O aluno contempla a borrada que fez quando se apercebe da nota que obteve e de que o alcance da positiva estaria à distância da resposta correta à pergunta anterior).

    O setor atacante é também responsável pelo período “conturbado” que o clube de Alvalade atravessa: irrevogavelmente, Pablo Sarabia chegou de Paris para acrescentar qualidade, pormenor técnico e definição no último terço ao plantel leonino; por sua vez, Paulinho nunca foi o protótipo de Jardel, Liédson ou Acosta – avançados preocupados com a sobrevivência da equipa – e só tem contribuído com perigo e jogadas que morrem no quase;

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    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    Pote, menino que habituou mal os adeptos no primeiro ano de leão ao peito, tem adormecido o seu talento antes de anestesiar as linhas quatro ou cinco adversárias; Nuno Santos parece só durar uma metade de uma temporada, Marcus Edwards ainda não está cozido ao ponto de servir belas refeições e Slimani é amor, só que mais velho.

    Até à data, o rescaldo é o seguinte: segundo posto na tabela classificativa, oitavos de final da UEFA Champions League com um parcial de 0-5 e meia-final da Taça de Portugal em risco vermelho, com derrota na selva onde o leão repousa. Portanto, estão encontradas as diversas metades de um problema conjunto: o domínio despreocupado, com estrelinha e muito querer do Sporting CP de 2021.

    Faltam chaves para abrir alguns cadeados. Iniciemos a caça ao tesouro para as encontrar.

     

     

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    Romão Rodrigues
    Romão Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    Em primeira mão, a informação que considera útil: cruza pensamentos, cabeceia análises sobre futebol e tenta marcar opiniões sobre o universo que o rege. Depois, o que considera acessório: Romão Rodrigues, estudante universitário e apaixonado pelas Letras.                                                                                                                                                 O Romão escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.