Um Sporting sem desculpas. Nem com Covid, lesões ou bichos papões

    Um Sporting competente e sem desculpas 

    Todos sabemos que o futebol é um meio cheio de grandes egos, que apenas conseguem ver virtudes, e encontram sempre nos outros as desculpas para os próprios insucessos. Não é um defeito apenas do futebol, mas da maioria dos seres humanos, principalmente os que não têm a coragem de reconhecer os seus defeitos e limitações.

    Ora, no Sporting a primeira maior virtude foi reconhecer as suas próprias limitações, aceitá-las e fazer delas forças. Porque ao reconhecermos que temos um problema estamos sempre mais perto de o conseguir resolver.

    Assim, o sporting, ao reconhecer que tem um plantel mais curto, e com menos valores individuais tornou-se uma melhor equipa, capaz de ombrear e mesmo superar formações de grandes individualidades.

    E quando reconhecemos que não poderemos entrar com soberba em jogos contra os ditos mais fracos, esperando que um ou dois dos nossos “craques” resolva através da sua qualidade individual, percebendo que nunca será individualmente que conseguiremos ganhar um jogo colectivo, e conseguindo incutir isso aos nossos jogadores, será mais fácil convencê-los a jogar como equipa.

    Todos sabemos, assim como os jogadores, que há uns com mais qualidade que outros, mas ao termos um treinador que faz questão de não elevar nenhum jogador acima de todos os outros, fica claro que teremos um colectivo forte, e que todos se sentirão importantes a determinado momento.

    É por isso que vemos tantas vezes Ruben Amorim falar sobre os aspectos que determinado jogador pode melhorar logo após um excelente jogo, e enfatiza todas as virtudes e margem de evolução de um jogador que teve um jogo menos positivo, conseguindo assim manter todos focados, em que ninguém fique nas nuvens achando-se o maior ou fique desmotivado e descredibilizado.

    Ter um grupo forte é sempre mais importante que um aglomerado de estrelas. Porque o todo é maior que a soma das partes. E o Sporting vale pelo todo, onde o único culpado pelos desaires é o treinador, e os únicos “culpados” pelas conquistas são os jogadores, a equipa.

    Tudo isso gera confiança, dos jogadores no que o treinador lhes pede para fazer, e em si próprios. E quando se confia na própria competência, não há necessidade de culpar acontecimentos externos ao grupo.

    O Sporting não se desculpou, na época passada, logo no início, com os casos positivos de COVID, tendo mesmo originado a eliminação, pelo LASK LINZ, das competições europeias. Assumiu apenas um objectivo não cumprido.

    Assim como também não se ouvem desculpas por ficar sem o nosso melhor central para jogos tão importantes e difíceis (O Neto quis lembrar os mais desatentos que está lá, e não é só para fazer número. É uma sorte ter um 13 destes no plantel).

    E continuamos a não ouvir desculpas depois de mais dois casos positivos. Não ouvimos porque o treinador conta com todos, e prefere valorizar a qualidade de quem vai jogar na posição de quem está impedido de ajudar a equipa.

    O Sporting não se desculpa com lesões. Nem mesmo quando esteve várias semanas a jogar sem o nosso melhor marcador, ou mesmo agora que ficou privado do médio defensivo em melhor forma no futebol português (Palhinha não relaxes que o Ugarte está a querer varrer-te do 11).

    Sporting
    Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

    O Sporting já não tem a desculpa de perder campeonatos baseado na teoria de que não é possível ganhar com uma equipa assente nos valores da academia, porque já o conseguiu, mesmo quando já se colocava em causa a qualidade dos jogadores a formar em Alcochete.

    O Sporting já nem precisa de se desculpar com a fatídica época natalícia que ameaçava tornar-se uma tradição.

    O Sporting já não sente necessidade de se desculpar ou culpar outros pelos seus insucessos porque está a ser competente dentro de campo, e acredita no que está a construir. E é assim que deve ser. Devemos ter sucesso pelo nosso esforço, pela nossa competência, pela nossa qualidade e nunca apontando o dedo a terceiros como desculpa de um retrocesso no nosso caminho.

    Que o caminho continue a ser de sucesso, e que os elementos externos ao Sporting muito frequentes no futebol português que tanto fazem questão de se atravessar no nosso trilho para nos tentar fazer tropeçar sejam sempre menores que a nossa competência em fazer um trabalho de excelência e vitorioso.

    E agora, na Champions, qual irá ser a desculpa para o Sporting?

    Depois do que ditou o sorteio, temos agora uma boa desculpa para sermos eliminados (Ah, porque é o City do Guardiola), mas acredito que com este treinador e estes jogadores não iremos fugir às nossas responsabilidades e seremos competentes, seja qual for o desfecho.

    Tremer, não trememos. Em último caso chamamos o Xandão. Mas desculpas nunca. Essas chutamos de calcanhar para dentro da baliza.

     

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    Nuno Almeida
    Nuno Almeidahttp://www.bolanarede.pt
    Nascido no seio de uma família adepta de um clube rival, criou ligação ao Sporting através de amigos. Ainda que de um meio rural, onde era muito difícil ver jogos ao vivo do clube de coração, e em tempos de menos pujança futebolística, a vontade de ser Sporting foi crescendo, passando a defender com garras e dentes o Sporting Clube de Portugal.