Três não é a conta que Jesus fez

    sporting cp cabeçalho 2Jorge Jesus chegou ao Sporting, na época passada, cheio de promessas. Tinha acabado de ser bi-campeão pelo principal clube rival e muitos sportinguistas tinham nele depositadas as esperanças de uma década de “quases” e de “ses”. A festa feita na recepção a Jesus faz-me lembrar a bienvenida de Cristiano Ronaldo ao Real Madrid, situação que é rara acontecer em Portugal, ainda mais devido a um treinador.

    A estrela que salvaria o Sporting tinha chegado a Alvalade. O “Messias” era até já estrela de revistas, em que faziam grandes reportagens por ser eleito Homem do Ano, pela GQ. Fizeram dele um modelo, algo que, a juntar ao seu ego já elevado por causa de toda a situação no Benfica, tornou a situação algo caricata e digna de um teatro.

    Sempre lhe foi dado o benefício da dúvida, visto que este sempre foi considerado um grande sportinguista, ao nível dos melhores. No entanto, apesar da expectativa criada em torno de Jesus, principalmente depois da vitória da Supertaça, os resultados começaram a fraquejar: o Sporting ficou pelos Playoffs da Liga dos Campeões, não passou da fase de grupos da Taça da Liga (sim, aquele troféu que ninguém liga mas que, no fundo, todos querem ganhar), ficou pelos dezasseis avos da Liga Europa, pelos oitavos da Taça de Portugal e em segundo na Liga Portuguesa, um dos principais objetivos da época, pelo qual lutámos muito bem até àquele mítico jogo na Luz, que foi a morte da época.

    Tudo isto foi camuflado porque tinha em seu poder uma equipa muito boa: era João Mário e William Carvalho a espalhar classe no meio-campo, Slimani num pico de forma fantástico e toda a equipa a jogar em sincronia.

    Este ano, em Dezembro, já estávamos arredados das competições europeias, por causa de um pequeno Légia, a Taça de Portugal foi parada por um Chaves, recém subido, e as aspirações da Taça da Liga ficaram novamente por terra por causa de idades.

    Estamos numa altura em que já não lutamos por nada a não ser pelo segundo lugar (e mesmo assim, é complicado). Sempre me remeti ao silêncio quanto a Jesus. É inegável que é um grande treinador. É inegável também que a equipa, em relação ao ano passado, é mais fraca e que os os adversários renovaram a sua no sentido oposto.

    Jorge Jesus tem de acordar os jogadores, para ver se ainda chega a tempo de ganhar esta época Fonte: Sporting CP
    Jorge Jesus tem de acordar os jogadores, para ver se ainda chega a tempo de ganhar esta época
    Fonte: Sporting CP

    Contudo, começo a questionar qual é o poderio que o Sporting tem para pegar nas rédeas de Jorge Jesus, de o encostar à parede e de o fazer sentir que com o Sporting Clube de Portugal não se pode brincar e que neste momento é o que está a fazer.

    A culpa de as coisas estarem como estão é de todos: mas, sobretudo, é da constante luta de egos entre Jesus e Bruno de Carvalho, é do espaço que lhe dão para usar e abusar do plantel a seu bel-prazer e de depois queixar-se que outros “não seguiram o guião”.

    Somos nós que temos de fazer com que Jesus pare com esta corrida desenfreada. Existe o constante medo dos míticos oito milhões de indemnização e do mal que isso traria ao clube. Mas, se calhar, essa é a única solução para que deixe de brincar aos treinadores e começar, de facto, a comportar-se como tal.

    Jorge Jesus não pode continuar a inventar e tem que fazer o que lhe compete, ser um treinador a sério. A culpa do Sporting estar assim é, na maior parte, sua e ele é o único que ainda não percebeu. Estou farta de ouvir que já estamos a preparar a próxima época.

    Se este tiver que mudar e sair que seja agora. Se é o que é preciso para se entrar nos eixos, que se tome a decisão o mais depressa possível. Se não, é para assumir o compromisso que cumpriu. Fartos de “quases”, “ses” e “a culpa é do árbitro” estamos nós.  Se é para acontecer, que seja agora.

    Foto de Capa: Sporting CP

    Artigo revisto por: Francisca Carvalho

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    Marta Reis
    Marta Reishttp://www.bolanarede.pt
    Serrana e Sportinguista de gema. Doente por futebol desde que se conhece e apreciadora de ténis e NBA.                                                                                                                                                 A Marta escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.