Um ano sem Jérémy Mathieu | Sporting CP

Recentemente, fez um ano desde que “Monsieur” Jérémy Mathieu decidiu meter um ponto final na sua carreira. Foi contra o Tondela, em Alvalade, que fez o último jogo de leão ao peito. Depois, uma grave lesão num treino, obrigou o central francês a pendurar as botas mais cedo do que se esperava. Acabou-se a carreira como jogador, mas não se acabam as memórias e o carinho dos adeptos leoninos.

Neste artigo, não me vou focar na carreira de Jérémy Mathieu antes de chegar ao Sporting CP, pois, com esse propósito já foram feitos artigos que pode ler aqui, no Bola na Rede. Neste, para além de dar a minha opinião sobre o jogador, recordarei alguns dos momentos de Jérémy Mathieu que me marcaram e que o tornaram numa lenda do Sporting CP e adorado, sobretudo pelos sportinguistas, mas um pouco por todo o país.

Em primeiro lugar, Jérémy Mathieu foi o melhor central que vi jogar de leão ao peito, na minha opinião. Do pouco que vi, André Cruz também foi outro enorme central da história do Sporting CP, mas, infelizmente, na altura nem sabia o que era futebol. Comecei a acompanhar futebol um pouco mais tarde e a primeira dupla de centrais leoninos que me lembro é talvez a de Anderson Polga e Tonel.

Por essa razão, e tendo em conta os centrais que passaram por Alvalade daí em diante, a melhor dupla que vi foi, sem dúvida, Coates e Jérémy Mathieu, mas o francês tinha um charme, um perfume, um encanto diferente.

Chegou como um rejeitado do FC Barcelona e, sinceramente, esperava pouco dele. No entanto, ele fez o favor de contrariar as minhas expectativas e de, logo de início, ser uma peça importantíssima no onze do Sporting CP.

Quem não se lembra daquelas arrancadas do Jérémy Mathieu que, mesmo depois de ter 70/80 ou 90 minutos nas pernas, se largava a correr para o ataque e passava à frente de alguns que tinham acabado de entrar? Quem não se lembra daqueles golaços de livre, batidos com aquela canhota que levantava qualquer estádio? E os carrinhos? O homem deslizava, e deslizava, e o fim era sempre o mesmo: um corte limpinho.

Lembram-se daquele corte ao Lionel Messi? O Estádio José de Alvalade abarrotava e os leões perdiam por 1-0; já mais balanceados para o ataque, meteram-nos uma bola nas costas, para o pequeno (mas supersónico) Messi: estava isolado na área, ia rematar (e provavelmente marcar, que dali ele não falha) e apareceste tu a fazer um dos cortes mais bonitos que tenho memória. Tinhas tanto de decisivo como de espetacular, Jérémy Mathieu.

Tenho que parar com estes momentos nostálgicos, senão choro. No entanto, não quero deixar passar a exibição estratosférica na final da Taça de Portugal de 2019. Vale a pena rever o jogo, nem que seja para rever o jogão de Mathieu. Não foi o jogo mais bem jogado, sobretudo da parte do Sporting CP, na minha opinião. Contudo, tínhamos Jérémy Mathieu e isso valeu-nos o prolongamento, as grandes penalidades e, consequentemente, a vitória.

Demasiados momentos, memórias e classe de Mathieu e nós, adeptos, creio que nunca nos conseguimos despedir do central como um jogador de tal dimensão mereceria, também muito por culpa da pandemia. Espero que, quando isto tudo passar, consigamos fazer a despedida e a homenagem que Jérémy Mathieu merece.

No entanto, tenho que admitir que me tentei adiantar. No mítico dia 11 de maio de 2021, o dia em que fomos campeões nacionais, a minha primeira indecisão foi: “que camisola do Sporting é que devo levar para a festa?”. Não tenho muitas, é certo, e, curiosamente, só tenho uma personalizada. Uma que nas costas tem “J.Mathieu” e o número 22. As dúvidas foram automaticamente dissipadas. Tinha de ser aquela camisola a ir comigo festejar.

Mathieu destacava-se pela marcação de livres, pelo posicionamento exímio e pela capacidade de liderança
Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Aquela camisola e o peso que ela tem para mim e para muitos outros sportinguistas, tinha de ir comigo para a celebração de algo que nós, sportinguistas, queríamos tanto. O objetivo era simples: festejar com aquela camisola e esperar que algum sportinguista, quando visse tal nome e tal número, sorrisse e se lembrasse do francês. A minha forma (bastante singela) de homenagear um grande jogador, que merecia muito, muito, ser campeão.

Agora, estamos há mais de ano sem Jérémy Mathieu. É certo que, voltar a jogar, ele não volta. Contudo, mantém-se a esperança de que a homenagem seja feita e que, se possível, no futuro, passe a integrar a estrutura do clube. São precisos mais “Mathieus” no Sporting CP. Depois da esperança, vem a certeza. A certeza de que, para onde quer que vá e passe o tempo que passar, Jérémy Mathieu será sempre um leão.

Alexandre Sequeira Ribeiro
Alexandre Sequeira Ribeirohttp://www.bolanarede.pt
Nascido e criado na ilha Terceira, nascido e criado para o futebol. Desde cedo aprendeu, viveu e vibrou com o desporto rei. Com o futebol e a escrita espero proporcionar um espetáculo fora das quatro linhas para todos aqueles que partilhem o gosto pela bola e pelos seus artistas.

Subscreve!

Artigos Populares

Novo reforço do FC Porto já está em Portugal e terá cláusula de rescisão de 60 milhões de euros

Dominik Prpic já está no Porto, onde será oficializado pelo FC Porto. Defesa croata vai ter cláusula de rescisão de 60 milhões de euros.

Manchester United dá semana extra de folga a Bruno Fernandes e Diogo Dalot após falecimento de Diogo Jota e André Silva

O Manchester United deu mais uma semana de folga a Bruno Fernandes e Diogo Dalot. Internacionais portugueses eram próximos de Diogo Jota.

José Sá recorda Diogo Jota: «Choro por ti, pela falta que fazes e pelo vazio que vais deixar nas nossas vidas»

José Sá deixou uma mensagem para Diogo Jota nas redes sociais. Guarda-redes destaca saudade do internacional português.

A ausência sonante da apresentação de Francesco Farioli como novo treinador do FC Porto

Andoni Zubizarreta não esteve na apresentação de Francesco Farioli. Técnico italiano é o novo treinador do FC Porto.

PUB

Mais Artigos Populares

Eis os resultados finais da Ibercup 2025

A Ibercup 2025 já finalizou mais uma edição. O torneio contou com mais de 500 equipas participantes.

Manchester United de Ruben Amorim quer médio do Valencia: Eis a situação

O Manchester United está muito interessado em contratar Javi Guerra ao Valencia. Red Devils avançam por médio.

Bruno Lage convence João Félix a regressar ao Benfica

João Félix pode regressar ao Benfica no mercado de verão. Bruno Lage, treinador das águias, terá convencido o avançado.