Hearst queria, no entanto, retirar Pulitzer do mercado, e decide aproveitar a história de uma activista cubana contra a ocupação espanhola, tornando-a uma novela com vários capítulos a publicar em várias edições. Isto fez com que Hearst conseguisse ter o jornal com maior tiragem da época. E para perceber o seu poder, e de como o seu jornal chegava a todo o lado, a activista cubana iria tornar-se uma heroína nos Estados Unidos.
O seu modelo sensacionalista iria depois ter o seu auge quando decide aproveitar a explosão do USS Maine, um navio americano ancorado em Cuba. Hearst decide escrever que esse episódio seria um ataque dos espanhóis aos Estados Unidos, por apoiarem Cuba. Sem qualquer prova, mas conseguindo influenciar milhares de americanos, haveria de conseguir que os Estados Unidos da América declarassem guerra a Espanha.
Pulitzer via assim a sua visão de um jornalismo de causas nobres ser aproveitada politicamente para influenciar a opinião pública, manietar o conhecimento dos acontecimentos, e levar a um fim que serviu apenas para vender mais jornais (têm visto disto em algum lado?). Para entendermos as motivações de cada um precisamos apenas de saber que depois das suas carreiras no jornalismo, Hearst decidiu enveredar pela politica e ainda fez alguns guiões para Hollywood, já Pulitzer investiu parte da sua fortuna em ajudar a desenvolver uma academia de jornalismo, e criou um prémio com o seu nome para premiar os que faziam trabalhos de jornalismo como o que ele havia idealizado.
A perceber pelo estado actual do jornalismo em Portugal, conseguimos descortinar qual a visão que predominou desde aí. E infelizmente aqui o melhor não ganhou. O jornalismo actual decidiu seguir o menos ético por ser o mais fácil, lucrativo e sem necessidade de investigação. Apenas precisam de se sentar e imaginar uma novela a partir de um acontecimento banal.
Para ilustrar tudo isso, alguém se lembra de uma “Napachacha Sellevava” que se tornou a informação fidedigna de um qualquer programa televisivo? Pois, porque hoje o jornalismo de investigação faz-se sentado à frente de um computador a fazer “scroll” nas redes sociais.