Verão atribulado pede inverno reforçado | Sporting CP

    Apesar de à segunda volta ainda não se ter chegado, neste ano de 2022, o Mundial, jogado pela primeira vez no inverno, interrompe os campeonatos, e acaba por separar a época em dois. Com o fim da prova a coincidir praticamente com a abertura do mercado de inverno. A pausa internacional já começou, mas ainda não soou o apito para o início da competição. Portanto, este parece o momento exato para, de olho no mercado, fazer um balanço das contratações efetuadas pelo Sporting CP no verão.

    Franco Israel – Com a decisão em não exercer a opção de compra por João Virgínia, surgiu a necessidade de investir numa opção para a baliza. À semelhança do que tinha acontecido com Virgínia, o objetivo passava por apostar no potencial para a sucessão a António Adán. Até ao momento, nos três encontros em que participou (dois na Liga dos Campeões e um na Taça de Portugal) o uruguaio emprestado pela Juventus FC ainda não se destacou ao ponto de entusiasmar os adeptos leoninos.

    Fica a impressão de que a fé depositada em Diego Callai vai fazer com que as passagens de jovens guardiões por Alvalade não passem disso mesmo, de passagens.

    Jeremiah St. Juste Sporting CP
    Fonte: Paulo Ladeira/Bola na Rede

    Jeremiah St. Juste – A primeira contratação no defeso de verão por parte do Sporting CP e que se tratou de uma forte aposta. Os leões chegaram-se cedo à frente para impedir que os vários interessados no neerlandês levassem a melhor.

    A verdade é que as lesões têm complicado o seu processo de afirmação, pondo em causa a aquisição do mesmo. O preço tem muito peso nesta avaliação, pois foram nove milhões e meio de euros por um jogador que tem uma percentagem de utilização de 34%. O que certamente custará mais aos olhos dos sportinguistas é as prestações de St. Juste serem sempre entusiasmantes – um central que combina muita velocidade com à-vontade com bola.

    Sotiris Alexandropoulos – O grego chegou a Alvalade para colmatar o vazio que se instalou no miolo leonino com a saída de Matheus Nunes para Inglaterra. Acontece que a sua chegada não estava nos planos, e um nome que era visto como um projeto a médio/longo prazo transformou-se numa necessidade a curto prazo. Ainda assim, a inexperiência que o carateriza, muito pela sua tenra idade, não permite que seja uma opção regular, estando ainda num processo de adaptação.

    Fonte: Carlos Silva /Bola na Rede

    Hidemasa Morita – O japonês é sem qualquer dúvida a melhor contratação dos leões até ao momento. Rapidamente ganhou peso na equipa, muito pela saída de Matheus Nunes. Tem demonstrado muitíssima qualidade, preenchendo não só o meio-campo, mas revelando também capacidade de chegada à área, talvez algo surpreendente para quem desempenhou o papel de “6” durante maior parte do seu trajeto no futebol.

    Em 18 jogos, regista três golos e duas assistências, sendo os três golos e uma das assistências nos 12 encontros que disputou no campeonato. Tem-se mostrado à altura do desafio, não esquecendo que a temporada passada jogava ao serviço do CD Santa Clara.

    Empenhado nos treinos e nos jogos, pressionante, hábil com ambos os pés, muito ciente do que o rodeia e inteligente no preenchimento do terreno – são as principais valências do nipónico e que muito têm ajudado a formação leonina.

    Arthur Gomes – Veio acrescentar características à frente de ataque do conjunto verde e branco, que este não tinha – explosão e “1 vs 1”. Característico dos atletas brasileiros, Arthur Gomes não falha à regra – criativo e corajoso na hora de partir para cima do oponente. Foi o que mais tarde chegou. Passou por um período de adaptação, mas está cada vez mais entrosado na forma de jogar da equipa.

    Marcou um golo que selou uma vitória categórica em Alvalade frente ao Tottenham Hotspur FC, mas que na verdade pouco valeu a longo prazo, tendo somente por momentos ficado na história do clube. Entusiasmou e ainda se espera que entusiasme. É daqueles jogadores que faz sorrir quem na bola o vê tocar.

    Rochinha
    Fonte: Luís Silva/Bola na Rede

    Rochinha – Foi a contratação menos badalada do mercado do Sporting. A verdade é que a ninguém desagradou. Conhecedor do futebol português, experiente e tecnicamente evoluído. Face ao preço a que foi adquirido e ao papel que desempenha no plantel creio tratar-se de uma boa contratação.

    Francisco Trincão
    Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

    Francisco Trincão – O extremo que cedo explodiu está agora a tentar relançar a carreira. Desde que saiu do SC Braga para reforçar o FC Barcelona que o percurso que tem vindo a fazer tem sido o contrário daquele que se esperava. Não se adaptou à realidade blaugrana, passando, por empréstimo do clube catalão pelo clube português de Inglaterra (Wolverhampton Wanderes FC), passagem essa também infeliz, estando agora cedido ao clube de Alvalade.

    A SAD leonina já abriu mão 10 milhões por 50% do seu passe. E no final da temporada passará a ser, em definitivo, jogador dos verdes e brancos, assim que o Sporting adquirir os outros 50% por mais 10 milhões de euros.

    É, pelo peso que o dinheiro tem em Alvalade, a pior contratação do Sporting até ao momento. Não tem apresentado qualidade equivalente àquilo que custou. Além do preço, Trincão chegou para colmatar a saída de Pablo Sarabia que muito relevo teve na época passada, sendo, por isso, a pressão ainda maior. E como referiu Amorim há pouco tempo, o jogador não está mentalmente estável. Bem pode dizer que nada destes fatores têm peso no momento de falar para as câmaras, mas a verdade é que não estando as coisas a sair bem, estes aspetos começam a atravessar a mente dos atletas, não sendo nada fácil lidar com eles.

    Tecnicamente dotado, prefere ver o jogo de frente. Gosta de se agarrar à linha e puxar para dentro, tal qual o esquerdino de corredor direito que é. Confortável a pisar terrenos interiores, mas mais quando o faz da linha para o miolo ou de trás para a frente (novamente de frente para o jogo). Em 20 jogos, leva cinco golos e uma assistência. Ainda assim, pouco tem acrescentado.

    Segundo Amorim é confiança que lhe falta e olhando para o que já fez no passado, tendo a concordar. 20 milhões para os leões é uma quantia deveras elevada, mas parece-me que terá sempre retorno – Trincão tem apenas 22 anos e o potencial está lá.

    Trará o inverno a frieza que está a faltar no Sporting?

    O balanço geral do mercado de verão dos leões é negativo. Não que tenham sido efetuadas más contratações, mas não foram suficientes para fazer face a todas as necessidades da equipa. Amorim é apologista de um plantel curto, mas as diversas lesões que têm tido complicam as contas no momento de adaptar. Existe a formação, mas há que perceber que o nível competitivo acabará por não ser o mesmo.

    Para já e tendo em conta o que resta da época para os leões diria que a formação tem de ser uma forte aposta. Além disso, os investimentos que se possam fazer no defeso que se aproxima têm de ser bem avaliados. E essa avaliação não possa só por olhar para o futuro do plantel do Sporting. É preciso começar a planear já a próxima temporada e com isso quero dizer que, perceber se a equipa técnica se vai manter ou não é chave. Há necessidades a colmatar em todos os setores. A sensação é de que o eixo defensivo e o meio-campo têm falta de opções. Ao ataque, falta poder de fogo.

    É responsável da parte de Amorim querer levar o compromisso até ao final da temporada e não é nada que não se estivesse à espera por parte do jovem treinador por quem tem demonstrado ser, mas até que ponto é favorável para o clube se não for para continuar no próximo ano?

     

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    Miguel Amaral Rodrigues
    Miguel Amaral Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    Desde que se lembra que o Miguel joga à bola. Sentiu sempre uma ligação com a redondinha. Com 7 anos de idade começou a ir a Alvalade e desde então é raro falhar um jogo. Aos 13 iniciou a sua carreira no futebol federado. E para sua tristeza, há cerca de dois anos pendurou as botas. Mas não largou a maior paixão que tem na vida. Estuda jornalismo na ESCS e é por intermédio da comunicação que quer acompanhar o futebol daqui para a frente.