A fusão

    Verde e Branco à Risca

    Estou seguro de que a generalidade dos rapazes da minha geração suspendia a sua vida, dia após dia, para devorar mais um episódio da série de animação japonesa “Dragon Ball”. Por entre várias singularidades brilhantes que a série abarcava, decerto estão recordados da questão da “fusão”. A “fusão” consistia no seguinte: duas personagens, por intermédio de uma dança e determinados “dizeres”, completavam uma união e convertiam-se numa só. Qual o objectivo deste ritual? Erguer um guerreiro implacável, reunindo as maiores qualidades de cada um dos dois elementos fundidos, e tendo como meta ultrapassar os adversários mais temíveis e vencer as batalhas mais árduas.

    Pois bem… qualquer sportinguista, que, como eu, sofreu durante as duas últimas temporadas com a apatia, inércia e perdularismo de atletas como Valeri Bojinov, Seba Ribas e até Ricky Van Wolfswinkel, decerto suspirava por um regresso súbito de um Beto Acosta ou um Liedson, de outros tempos. Mas porquê suspirar por ver em Alvalade as qualidades de um desses heróis, quando podemos ter de volta as qualidades de ambos? Sabem de quem falo?

    (Oportunismo + Espírito Guerreiro + Espírito de Sacrifício) + (Agilidade + Veneno + Ferocidade)(=)

    (=) (Beto Acosta) + (Liedson) (=)

    (=) Fredy Montero.

    Nunca fui um craque a matemática, mas esta equação parece-me de resultado óbvio; porém, apenas o é depois de o conhecer. Por conseguinte, o mérito vai todo para quem resolveu esta equação antes de lhe conhecer o resultado; vai para quem ofereceu a todos os sportinguistas um executante por excelência como há muito não se via pelos lados de Alvalade; vai para quem teve o engenho de nos oferecer um ponta-de-lança em quem podemos confiar cegamente. O mérito vai para Bruno de Carvalho e Augusto Inácio.

    Mas que grande contratação. Estes dois homens trouxeram-nos uma “fusão” de dois dos melhores pontas-de-lança que já vimos actuar no Sporting e na Liga Portuguesa. Um avançado que mostra ser capaz de ombrear com os números extraterrestres de Mário Jardel, e, praticamente, sem executar grandes penalidades. Senão, vejamos: na longínqua temporada de 2001/2002, nos seus primeiros sete jogos, “Super Mário” fez dez golos, quatro dos quais marcados através conversão de castigos máximos; já Fredy Montero, nos primeiros sete jogos de leão ao peito, marcou por nove vezes, sendo apenas um dos golos marcado por intermédio de grande penalidade. Já agora, e visto estarmos a conversar sobre estatística, note-se, de igual modo, que Montero, em apenas sete jogos, está a cinco golos de igualar o registo de Van Wolfswinkel durante as 30 jornadas da temporada transacta (14 golos).

    Meus caros, parece-me que estamos perante factos e números importantes. Parece-me que a conversa do “ainda é cedo para avaliar” e do “tem tido sorte” já não faz qualquer sentido. Meus amigos, estamos perante uma contratação brilhante dos nossos timoneiros. Estamos perante um exímio finalizador que, a pouco e pouco, me obriga a largar as memórias de todos os avançados que vi jogar de verde-e-branco. Desejo e acredito piamente que esta “fusão”, desencantada pela dupla Bruno/Inácio, continue a dar frutos, e venham de lá mais “fusões” deste calibre. Talvez uma Ronaldo/Quaresma…

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