O vermelho foi mais forte que os vermelho-e-brancos | Leixões SC 1-2 GD Estoril Praia

    O jogo equilibrado e de qualidade que Leixões SC e GD Estoril Praia disputavam em Matosinhos encontrou, aos 40 minutos, um ponto de viragem, quando Wakaso, médio leixonense, viu cartão vermelho direto. Por mérito da boa organização dos da casa, a partida, que podia ganhar contornos de desequilíbrio e perder a competitividade que a caracterizava até então, manteve-se disputada até final. No entanto, foi um jogo, inevitavelmente, bastante distinto no segundo tempo.

    Entre a expulsão e o apito para o intervalo, o Leixões SC ajustou-se num 5-3-1 (havia entrado em campo num 4-4-2), mas veio dos balneários com ordens de Pedro Ribeiro para se organizar em apenas duas linhas, em 5-4-0, baixando e cerrando linhas. O GD Estoril Praia viu-se forçado a “minar” o bloco leixonense por dentro, colocando os extremos – Heri e Cassiano – a jogar por dentro e entrelinhas, libertando os movimentos de Alejandro Marqués.

    Heriberto Tavares Estoril Leixões
    Fonte: GD Estoril Praia

    A estratégia resultou, com Heriberto a fazer o golo da vitória num remate precisamente em posição central e frontal, mas, ainda assim, os estorilistas sentiram algumas dificuldades para criar perigo e sentiram ainda alguns calafrios nas transições ofensivas dos homens de Matosinhos.

    Acabou por, fruto da expulsão, ser um jogo um pouco (apenas um pouco) menos apelativo, mas é de louvar a capacidade que o Leixões SC teve para, perante a adversidade, manter no encontro os níveis competitivos apresentados nos primeiros 40 minutos, quase invulgares em contexto de Taça da Liga, ainda para mais em confrontos entre equipas de escalões diferentes do futebol português.

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    BnR: O Leixões SC tem mostrado ser defensivamente uma equipa bem organizada e que sofre poucos golos, mas, no reverso da medalha, não tinha feito qualquer golo nas três primeiras partidas em casa e no quarto jogo caseiro, frente ao SL Benfica B, conseguiu marcar, mas já nos descontos da segunda parte. Hoje, entra a perder, mas reage e faz o golo bastante cedo na partida. Sentiu que hoje, mais até do que nas partidas anteriores em casa, havia uma maior capacidade para a sua equipa fazer mais golos, se a expulsão não tivesse acontecido?

    Pedro Ribeiro: Eu concordo com a análise, mas faço uma ressalva: nos dois primeiros jogos em casa marcámos muitos golos, nos penaltis, se não não estávamos nesta fase da competição. No restante, acho que fez uma análise correta do que aconteceu. O Leixões SC está a crescer. É uma equipa com muitos jogadores jovens, com muitos jogadores novos no Leixões SC e, naturalmente, é uma equipa que jogo após jogo fica mais consistente em todos os momentos do jogo, quer no momento defensivo, quer no momento ofensivo. E isso está a traduzir-se nas exibições e nos resultados consequentes dessas mesmas exibições. Eu não tenho dúvida nenhuma de que a equipa vai continuar este processo de crescimento. Hoje, num jogo de grau de dificuldade alto, e com a expulsão a aumentar esse grau de dificuldade, acho que toda a gente viu aqui e na televisão que a equipa do Leixões SC estava organizada, crente, a jogar bem dentro daquilo que é o jogar bem com menos um, a criar oportunidades mesmo com menos um jogador e a levar o jogo aberto até ao final.

    Outras declarações: “Defrontámos uma excelente equipa, de Primeira Liga. 11 contra 11 já é difícil, 11 contra 10 mais difícil é”.

    “As melhores oportunidades da segunda parte foram do Leixões SC”.

    BnR: Neste seu primeiro jogo ao comando do GD Estoril Praia, acabou por, pela expulsão de Wakaso, enfrentar um desafio com algumas particularidades, em especial na segunda parte, em que a sua equipa encontrou do outro lado um 5-4-0. O GD Estoril Praia colocou Cassiano e Heriberto por dentro, “minando” o bloco e as entrelinhas do Leixões SC e chega ao golo precisamente por Heri, metido por dentro. Pergunto-lhe se a estratégia definida ao intervalo era essa, até porque o Leixões SC tinha terminado a primeira parte em 5-3-1, não em 5-4-0, e se, perante as especificidades da partida, há algo de mais geral a retirar deste seu primeiro jogo ao leme dos canarinhos para ser trabalhado daqui em diante?

    Vasco Seabra: Efetivamente, ao intervalo, eu pensei que o Leixões SC podia vir em 5-3-1. Preparámos até para podermos aproveitar o espaço interior, mas em corredor central ainda, tendo largura máxima pelos nossos laterais, e depois, sim, podermos descolar o nosso ponta em movimentos em profundidade ou em apoio, para podermos deixar de frente, essencialmente, o Alejandro, que tínhamos trocado com o Cassiano para poder ficar entrelinhas para ser apoio frontal, quase como terceiro homem, e depois a mesma coisa com o Heriberto. Isso acabou por resultar mesmo estando contra o 5-4-0, porque o espaço entrelinhas que a gente procurou foi o mesmo e isso penso que foi importante para dominar grande parte da segunda parte, que nos trouxe estabilidade, porque o Leixões SC é uma equipa muito organizada, muito boa equipa, e podia parecer fácil, à partida, desmontar e dominar uma equipa que está treinada para ser capaz de defender em inferioridade. Nós fomos capazes de dominar o jogo na segunda parte. Na primeira parte, começamos muito bem o jogo, em mais um lance que descobrimos o espaço entrelinhas e ficamos de frente para atacar a última linha do Leixões SC, e depois, também pela vontade de ganhar que nos está implícita, o ter feito logo o golo foi aquela sensação de que já podia estar a acabar o jogo porque já fechávamos. E isso acaba por trazer alguma instabilidade em termos defensivos, um ou outro posicionamento que não é ainda de acordo com aquilo que a gente quer, os timings de pressão.

    Outras declarações: Não foram colocadas mais questões.

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    Márcio Francisco Paiva
    Márcio Francisco Paivahttp://www.bolanarede.pt
    O desporto bem praticado fascina-o, o jornalismo bem feito extasia-o. É apaixonado (ou doente, se quiserem, é quase igual – um apaixonado apenas comete mais loucuras) pelo SL Benfica e por tudo o que envolve o clube: modalidades, futebol de formação, futebol sénior. Por ser fascinado por desporto bem praticado, segue com especial atenção a NBA, a Premier League, os majors de Snooker, os Grand Slams de ténis, o campeonato espanhol de futsal e diversas competições europeias e mundiais de futebol e futsal. Quando está aborrecido, vê qualquer desporto. Quando está mesmo, mesmo aborrecido, pratica desporto. Sozinho. E perde.