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Bayern… e mais quem?

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À passagem da 7ª jornada, o Bayern de Munique já é líder isolado da Bundesliga. Até aqui, nenhuma novidade. Poucos são aqueles que não acreditam que a equipa de Pep Guardiola mantenha esta posição até Maio, mas a questão que se coloca é: quem é que surgirá logo de seguida, ocupando as restantes posições de acesso à Champions League?

BORUSSIA DORTMUND

Nos últimos anos, quando falamos em Bundesliga só nos vêm dois nomes à cabeça – Bayern e Dortmund. Se Jurgen Klopp acabou por cima dos bávaros em 2010/11 e em 2011/12, a verdade é que da temporada 2012/13 para cá os homens da Baviera não têm dado hipóteses absolutamente nenhumas aos seus rivais e o campeonato tem sido um passeio. Penso que este ano a situação não será diferente, portanto, na minha opinião, o principal objectivo do Dortmund é assegurar o 2º lugar, coisa que já não será nada fácil.

Depois de ter perdido Mario Götze para o Bayern no Verão passado, desta vez foi Lewandowski a partir para o mesmo destino. Foi um duro golpe na equipa, mas creio que não será por aí que o Borussia parta em desvantagem. A saída do polaco foi muito bem colmatada com as compras de Immobile ao Torino e de Adrián Ramos ao Hertha Berlin e não nos podemos esquecer de que há Reus e Aubameyang para o ataque.

O grande problema da época transacta foram as lesões – Klopp viu-se privado de Marcel Schmelzer, Neven Subotić, Mats Hummels, Łukasz Piszczek, Ilkay Gündogan e Błaszczykowski durante grande parte da época,  jogadores fulcrais que ao que parece estão de volta. Estes são os verdadeiros reforços da equipa alemã, sobretudo Gündogan, que volta mais de um ano depois, e ainda Kagawa, que regressa à sua verdadeira casa depois de uma passagem falhada por Old Trafford. Um plantel fortíssimo e que provavelmente teria mais hipóteses de ser campeão num outro campeonato que não o alemão.

Gundogan será um "reforço" vital para Klopp  Fonte: asia.eurosport.com
Gündogan será um “reforço” vital para Klopp
Fonte: asia.eurosport.com

BAYER 04 LEVERKUSEN

Pelo que se tem visto, esta é a equipa da moda na Alemanha. Roger Schmidt chegou do Red Bull Salzburg e cedo conquistou a imprensa e os adeptos. Trabalha com um futebol super-pressionante e de um cariz ofensivo tal que lembra o Dortmund de Klopp. Schmidt usa jogadores rápidos nas alas e fortes no miolo, uma conjugação perfeita para quem pratica esta pressão, sobretudo no início da partida, tentando marcar logo nos primeiros minutos e gerir depois com relativa facilidade, já que é impossível manter o ritmo frenético durante os 90 minutos.

Leno oferece segurança na baliza e o centro da defesa é ocupado por Ömer Toprak, que esteve excelente na época passada, e por Kyriakos Papadopoulos, que chegou neste Verão do Schalke 04. Spahic é ainda uma boa alternativa e, apesar de a velocidade aos 34 anos não ser a mesma, compensa alguma lentidão com a sua experiência e um grande sentido posicional. Tin Jedvaj veio por empréstimo da Roma e, com 18 anos, tem ganho o lugar na faixa direita da defesa. No lado esquerdo há outro jovem – Wendell. Oriundo do Grêmio, o lateral de 21 anos chegou e convenceu, sendo já dono e senhor da posição. No centro do terreno, como disse, o Bayer apresenta jogadores como Simon Rolfes, Stefan Reinartz, Lars Bender e ainda o jovem Levin Öztunali – todos eles fortes fisicamente.

Mais à frente, aí sim, os jogadores têm já outras características, como a velocidade e a técnica. Vindo do Hamburgo, Hakan Çalhanoğlu, de apenas 20 anos, já talvez a grande estrela da equipa. Com uma técnica muito evoluída e uma colocação de remate e passe fora do normal para a sua idade, o turco tem tudo para se afirmar como um dos melhores do mundo se continuar a sua evolução. Do outro lado aparece Karim Bellarabi, também reforço de Verão, e é mais um jogador rapidíssimo e com muita técnica, tal como o coreano Son Heung-Min. Estes três jogadores são quem joga no ataque apoiando o experiente goleador Stefan Kießling, que dispensa apresentações. No banco há ainda Josip Drmic, mais um reforço interno (ex-Nuremberga), que tem também muito talento a explorar. Perante um plantel desta categoria, posso dizer que o Bayer 04 é, para mim, o maior candidato ao segundo lugar da Bundesliga.

Son e Çalhanoğlu, as estrelas de Leverkusen  Fonte: bundesliga.com
Son e Çalhanoğlu, as estrelas de Leverkusen
Fonte: bundesliga.com

SCHALKE 04

Depois de um início de época algo conturbado – alguns adeptos mineiros chegaram mesmo a pedir a demissão do técnico Jens Keller -, o clube parece estar melhor, sobretudo depois da vitória sobre o seu eterno rival Borussia Dortmund. A equipa não mudou muito. Benedikt Höwedes continua a comandar uma defesa composta ainda por Kolašinac, Felipe Santana, Dennis Aogo, Uchida, Christian Fuchs e Joël Matip – uma rectaguarda algo irregular, um pouco lenta mas muito forte no jogo aéreo.

No meio-campo foi acrescentada qualidade no passe e remate com Tranquillo Barnetta e a velocidade de Sidney Sam juntou-se à de Farfán. Há ainda Marco Höger, Neustädter, Kevin Prince Boateng e as jovens promessas Julian Draxler, Clemens, Max Meyer e Goretzka. Neste capítulo, o Schalke 04, a manter estes verdadeiros diamantes e lapidando-os da melhor maneira, é talvez e equipa com melhor futuro na Alemanha. Difícil será mantê-los… Huntelaar é sempre um perigo no ataque, mas convém lembrar que o holandês já tem 31 anos e a sua queda de produção será algo natural.

Aos 31 anos, Huntelaar continua a ser o matador do Schalke 04  Fonte: talksport.com
Aos 31 anos, Huntelaar continua a ser o matador do Schalke 04
Fonte: talksport.com

WOLFSBURG

Depois de ter ficado a apenas 1 ponto da Champions League na época passada, a turma de Dieter Hecking tem certamente como principal desafio garantir um lugar que dê acesso à liga milionária de 2015/16. Aliás, nem se trata apenas de uma questão meramente desportiva, mas também financeira. O Wolfsburg tem sido das equipas alemãs a investir mais em jogadores, sobretudo jovens, de forma a criar bases para uma equipa de sucesso nos próximos 3/4 anos.

Na baliza continua tudo igual, com Diego Benaglio como capitão. À defesa foi adicionado um elemento – trata-se de Sebastian Jung, que chegou este Verão do Eintracht Frankfurt e vem para ocupar a posição mais fraca do plantel, a de defesa direito. Também sem grandes mexidas no meio-campo, foi mais uma vez apenas acrescentada qualidade – Aaron Hunt trocou o Werder Bremen pelo Wolfsburg e Josuha Guilavogui chegou por empréstimo do Atletico Madrid. Com 35 anos, era também tempo de Ivica Olić ver ser preparada a sua sucessão no centro do ataque. Nicklas Bendtner não confirmou o que prometeu no início da sua carreira no Arsenal. Nem no Sunderland. Nem na Juventus. Nem no Arsenal novamente. Ainda assim, os responsáveis do clube alemão apostaram nele. O dinamarquês tem aos 26 anos uma oportunidade de provar que ainda pode dar muito ao futebol.

Vieirinha é o único portugês no lote dos principais candidatos à Champions na Alemanha  Fonte: schwaebische.de
Vieirinha é o único portugês no lote dos principais candidatos à Champions na Alemanha
Fonte: schwaebische.de

Para além do campeão (que será com quase toda a certeza o Bayern de Munique) sobram ainda dois apuramentos directos para a Liga dos Campeões e o 4º lugar dá ainda acesso ao play-off. Para mim, esses três lugares serão ocupados por três destas 4 equipas, mas há ainda equipas como o FSV Mainz 05, Hannover 96 ou Borussia M’gladbach que têm feito boas campanhas e praticado bom futebol com resultados. O melhor será mesmo esperar pelo fim da época apreciando o fantástico futebol jogado na Bundesliga.

Valência 3-1 Atlético Madrid: 13 minutos bastaram

la liga espanha

Poucos poderiam prever o início de loucos que o jogo entre o Valência e o Atlético de Madrid nos proporcionou. Ambas as equipas chegavam a este encontro sem qualquer derrota e em igualdade pontual. Em apenas 13 minutos os comandados de Nuno Espirito Santo já venciam por 3-0. A equipa do Atlético entrou totalmente desconcentrada e a cometer erros defensivos infantis. No meio de tudo isto, André Gomes teve mais um momento de magia, ao marcar um grande golo. O Atlético ainda reduziu através de Mandzukic, após um grande remate de Tiago. De realçar ainda que ficou por assinalar uma grande penalidade a favor da equipa de Simeone e que Siqueira falhou uma grande penalidade. Na segunda parte assistimos a um jogo muito físico, marcado por picardias entre os jogadores e sem grandes ocasiões de golo.

Em alta competição não são permitidos momentos de desconcentração. O Atlético que o diga. De resto, se tirarmos os primeiros 13 minutos do encontro, a equipa madrilena até foi superior ao Valência, como as estatísticas demonstram (mais posse de bola, mais remates, mais cantos). Não estou com isto a tirar mérito à equipa che, que se apresentou bastante organizada e eficaz – Nuno Espírito Santo soube entender os momentos do jogo na perfeição.

Os portugueses André Gomes e Tiago estiveram em destaque no duelo de hoje  Fonte: libero.pe
Os portugueses André Gomes e Tiago estiveram em destaque no duelo de hoje
Fonte: libero.pe

A nível individual, quero destacar elementos de ambas as equipas, positivamente e negativamente. No Valência impressionaram-me bastante Gaya e André Gomes: o jovem lateral-esquerdo vindo da cantera já apresenta uma qualidade e uma maturidade bastante acima da média; André Gomes saiu aos 70 minutos ovacionado pelo Mestalla e realizou mais uma excelente partida, marcando novamente golo de grande classe. Do lado do Atlético gostava de realçar Tiago e Mandzukic: apesar dos 33 anos, o internacional português continua a demonstrar uma disponibilidade física incrível e ainda uma serenidade em campo invejável; Mandzukic, apesar do golo, não realizou uma partida ao seu nível habitual – não conseguiu esticar o jogo do Atlético como tão bem fazia Diego Costa e ainda está muito longe de fazer esquecer o luso-espanhol.

Em suma, os primeiros 13 minutos foram decisivos para o resto da partida. Um Valência mais concentrado contrastou com um Atlético apático. Os campeões espanhóis ainda tentaram reagir, mas era uma missão muito difícil, se não impossível. O penalty falhado pelo ex-Benfica Siqueira em nada veio ajudar; talvez com o 3-2 antes do intervalo a história tivesse sido outra. Com esta vitória o Valência assume o comando provisório do campeonato espanhol, ficando agora à espera do que o Barcelona possa fazer frente ao Rayo Vallecano. Nuno Espirito Santo continua a realizar um excelente trabalho, respondendo aos críticos que o apontavam como um dos treinadores que mais rapidamente iria ser despedido.

Um novo Real Madrid

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la liga espanha

Há um Real Madrid diferente em Espanha. O atual campeão europeu, que conquistou a sua décima Liga dos Campeões na última época em Lisboa, no Estádio da Luz, promete ser bastante distinto, no aspeto tático, daquilo que era na temporada passada. As saídas de Di María e de Xabi Alonso, juntando às contratações de Kroos e James Rodriguez, impõem uma nova ideologia de jogo. Se para melhor ou para pior só o avançar da temporada irá responder. Essa é, inclusive, sempre uma questão suscetível a várias interpretações. Jogar bem não significa vitória, ou vice-versa.

Interessa, isso sim, analisar que tipo de alterações Carlo Ancelotti tem aplicado ao anterior sistema tático e, não menos importante, tentar perceber de que forma essas mudanças afetam o rendimento da equipa em geral e de alguns jogadores específicos. O Real Madrid da temporada 2013-2014 baseou toda a sua identidade de jogo num 4-3-3 clássico, mas ainda assim híbrido o suficiente para se ajustar a qualquer adversário. Aliás, o 4-3-3 que ofereceu a la decima aos adeptos do Real Madrid era um sistema altamente influenciado pela grande estrela dos merengues: Cristiano Ronaldo. O português, atual Bola de Ouro, “obriga” a um sacrifício coletivo, que, no final de contas, é brutalmente recompensador. Os títulos falam por si.

Ronaldo conquistou a Bola de Ouro antes de vencer a Champions>/i>  Fonte: dnaindia.com
Ronaldo conquistou a Bola de Ouro antes de vencer a Champions
Fonte: dnaindia.com

Ainda sobre o 4-3-3 época transata, o treinador italiano utilizava no meio-campo, sempre que podia, um triângulo no meio-campo constituído por Xabi Alonso a trinco, Modric a box-to-box e, para muitos considerada a chave do sucesso, Di María a interior esquerdo. Na frente, o outro trio era composto pelos rapidíssimos Ronaldo (esquerda), Bale (direita) e Benzema (centro). Como todos sabemos, a mobilidade e velocidade dos três homens da frente foi uma das características marcantes do estilo de jogo do Real Madrid. Se Benzema procurava imenso o jogo exterior, obrigando a mobilizar os centrais adversários, Ronaldo e Bale faziam o movimento interior, criando desequilíbrios nas alas e permitindo a subida dos laterais ( Coentrão e/ou Carvajal).

No entanto, e tal como referi acima, a colocação de Di María a interior esquerdo foi, talvez, a maior etiqueta do jogo merengue na época passada. E, de tudo, o mais curioso é que a questão do jogador argentino não se prende com o processo ofensivo – ainda que também tenha sido fundamental no último terço do terreno. Surpreendentemente, Di María trouxe ao jogo madrileno um equilíbrio defensivo perfeito. O ex-jogador do Benfica era o suporte de Cristiano Ronaldo e conseguia facilmente efetuar as dobras necessárias ao meio-campo (muito pelo fato de o português raramente acompanhar o lateral adversário). Com Di María em campo, o Real Madrid tinha uma maior capacidade de contenção e agressividade sobre a linha intermédia e, sobretudo, não permitia uma elevada percentagem de transições aos adversários. Porém, Di María já não jogador do Real Madrid. Foi-se o jogador-chave para o equilíbrio do Real Madrid e Ancelotti teve de arquitetar uma nova forma de jogar.

A questão James Rodriguez e Kroos

Com James Rodriguez e Kroos no primeiro onze oficial da época, o Real Madrid venceu a Supertaça Europeia, frente ao Sevilha, por 2-0, e deu um enorme espetáculo futebolístico. A crítica foi unânime nos elogios ao conjunto madrileno. O estado de graça, porém, foi curtíssimo. Rapidamente surgiram problemas: derrotas, empates e exibições paupérrimas. O estado de alerta fez acordar tudo e todos. Ancelotti inclusive. O experiente treinador italiano não perdeu tempo e decidiu reajustar várias posições no conjunto de Madrid. Ajustou o sistema tático aos novos jogadores e, num curtíssimo espaço de tempo, tudo mudou. O 4-3-3 deixou de imperar. O Real Madrid deambula, atualmente, entre dois sistemas táticos bem diferentes.

James e Kroos substituíram Di María e Xabi Alonso em Madrid  Fonte: Marca
James e Kroos substituíram Di María e Xabi Alonso em Madrid
Fonte: Marca

Nos últimos jogos, a equipa apresentou um modelo em 4-2-1-3, com Kroos e Modric a médios, James a médio-ofensivo, Ronaldo e Bale como alas e, por fim, Benzema a avançado. Este é um sistema tático ofensivo e, simultaneamente, uma boa forma de nunca perder apoio entre os setores. Para além disso, permite que Ronaldo e Bale troquem de posição com James Rodriguez, provocando vários desequilíbrios na retaguarda do adversário. Como é óbvio, tanta capacidade para trocas no setor ofensivo é sempre uma boa arma perante equipas pequenas, que defendem grande parte dos 90 minutos. O Real Madrid tem, com este novo esquema, uma maior (e melhor) circulação de bola. Cobrem com grande eficácia todos os espaços entre linhas, ganhando quase sempre as segundas bolas, e, simultaneamente, há uma grande disponibilidade para o passe curto, resultando assim numa maior capacidade no transporte de bola e eficácia no passe. Sem dúvida que as duas novas peças neste plano de Ancelotti fazem toda a diferença. Tanto Kroos como James são exímios no passe e dispõem de uma notável leitura do jogo. Principalmente com o alemão, que era figura central do Bayern de Munique, a equipa ganha imensa qualidade no centro de terreno.

O outro sistema que Ancelotti tem utilizado, essencialmente quando necessita de atacar com grande volume ofensivo, é o 4-2-4. Nesta formação, à imagem do anterior, Modric e Kroos são os médios mais posicionais. A médios interiores podemos ver James e Isco e, na frente, a dupla Bale e Ronaldo fazem de avançados. Com este sistema o Real Madrid perde alguma profundidade nas alas mas ganha bastante qualidade e intensidade no corredor central. Os laterais não sobem tanto e o volume de jogo ofensivo pelas ala é consideravelmente inferior. Na verdade, não existindo um trinco puro, o perigo de exporem em demasia a retaguarda faz com que os laterais tenham um maior cuidado e preocupação a nível defensivo. Isto é algo básico no futebol mas permite perceber que o afunilamento de jogo pelo centro do terreno é quase obrigatório e inato aos madrilenos.

Ancelotti dispôs a equipa assim no último jogo  Fonte: coiso
Ancelotti tem recorrido a este sistema quando precisa de maior volume ofensivo
Fonte: footyformation.com

Ainda assim, o mais importante destes dois modelos é o fato de permitir com grande facilidade que Ronaldo apareça na zona central. A ideia de Ancelotti é, sem dúvida, dar carta branca ao português para aparecer na zonas de finalização e evitar que seja obrigado a acompanhar as subidas do lateral contrário… evitando um grande desgaste físico. Sabendo que o internacional português tem está perto dos 30 anos e, naturalmente, acabará por perder o enorme fulgor físico de que dispõe, os responsáveis do Real Madrid, ao que tudo indica, pretendem que o internacional português concentre toda a sua energia no processo ofensivo. E isto, caro leitor, faz toda a diferença. Não é por acaso que o internacional português tem feito o melhor inicio de temporada de toda a carreira. Em dez jogos, Ronaldo leva catorze golos. Uma marca notável e verdadeiramente incrível.

Por fim, o “novo” Real Madrid é uma equipa mais disposta à circulação e controlo de bola, sem, no entanto, descurar as transições rápidas. Aliás, com Kroos, James e Modric, por muita largura que exista no posicionamento da equipa, o jogo vertical irá reinar em quase todos os momentos. E por falar em reinar, só o decorrer da época irá responder se o clube madrileno mudou para melhor ou para pior. Irrefutável é que o Real Madrid está diferente.

A Verdadeira Onda Verde

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A energia era quase palpável; transbordava da bancada para o relvado como um fluxo de raça, de ambição e de querer. Sentia-se a simbiose entre os jogadores e as bancadas; a Curva Sul como nos velhos tempos, como me habituei a ver no antigo Alvalade, à chuva e a comer uma queijada.

Os ricos londrinos podiam estar a ganhar em campo, podiam ter todas as estrelas da galáxia e todo o dinheiro do mundo, mas não têm esta História, este Amor e este Crer. Foram 90 minutos de uma goleada vocal em que três mil ingleses perceberam a verdadeira força do Sporting Clube de Portugal.

O dia 30 de Setembro vai ser eterno, assim como foram os jogos com Manchester City e Bilbau em 2012, ou até como os 5-3 aos rivais da Segunda Circular. Eterno porque podemos ter perdido em campo, mas cada um dos 40.734 espectadores se vai lembrar dele, daqueles 90 minutos, do regresso do Sporting ao lugar que merece entre os melhores da Europa, mas também o regresso dos Sportinguistas ao topo dos melhores públicos da Europa.

Desde miúdo que tenho um sonho: ver um jogo na Bombonera com uma camisola do D10S Maradona vestida e sentir o que é estar na melhor bancada do Mundo… E na terça-feira passada dei por mim a pensar nesse momento vivido aqui, neste pequeno paraíso terreno, na minha mini (mas tão grande) Bombonera. Não ouvi um único acorde da música da Champions; não ouvi porque tinha um mar de gente à minha volta a cantar que, tal como para mim, o Sporting era o seu (nosso) Grande Amor de uma forma ensurdecedora; começou o jogo e tudo continuou igual, minuto a minuto, até depois do último apito do árbitro.

A verdadeira onda verde  Fonte: zerozero.pt
A verdadeira onda verde
Fonte: zerozero.pt

Gosto imenso de ver as camisolas e cachecóis do meu clube espalhadas pelo mundo, desde o Taj Mahal até ao Corcovado – é algo que mostra a grandeza que temos. Mas nada é tão bonito como milhares de cachecóis estendidos na Curva Sul; milhares de vozes a fazerem uma única “serenata” ao nosso clube, à nossa paixão, ao nosso Sporting.

Pedir algo igual ao que se passou frente ao Chelsea em todos os jogos do campeonato é impossível, porque inconscientemente o adversário conta, o próprio jogo em si também; mas acredito que quanto maior for a nossa vontade de cantar e a demonstração de força, maior será a ambição dos jogadores, maior será a sua entrega e menor será a dificuldade com que conseguiremos as vitórias.

Este ano muito dificilmente será o ano do título: houve muitas mudanças na base e existem problemas “centrais” que dificultam a nossa tarefa. Mas mais do que títulos, mais do que ganhar campeonatos invictos ou passar à próxima fase da Champions, é com orgulho que vejo que algo está a voltar ao passado, aos tempos em que um jogo em Alvalade era algo único em Portugal, um festival dentro de um jogo de futebol; em que pais levam os filhos aos jogos, vestidos com a camisola do Nani, e cantam bem alto o nome do clube, e se nota que voltámos a ter orgulho no que somos e naquilo em que acreditamos. E eu acredito num Sporting vencedor.

Estará o céu do Dragão estrelado?

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serefalaraporto

Ao longo da história, sempre existiram jogadores categoricamente apelidados de estrelas. Salvo algumas exceções, estes jogadores são os mais mediáticos, aqueles que mais golos marcam e cujo nome fica rapidamente na memória dos seus adeptos. Porém, estas estrelas possuem, muitas vezes, egos enormes! Consideram-se “os melhores do mundo” e sentem-se na obrigação de decidir os encontros sozinhos.

Candidatos a estrelas há muitos! Estrelas momentâneas também surgem com frequência. Todavia, para que um jogador se torne “histórico”, mais do que tornar-se uma estrela, é preciso saber manter esse estatuto. Para tal, é necessário lidar com a pressão individual, na medida em que estes jogadores procuram ultrapassar as suas metas, e ainda lidar com toda a envolvente, dadas as elevadas expectativas que existem em seu torno. Evidentemente, isto só é possível quando existe uma capacidade cognitiva forte. Em frente ao guarda-redes, as estrelas podem hesitar, mas raramente falham! De facto, existem muitos jogadores com grande qualidade individual; no entanto, só os mentalmente mais capazes “sobrevivem”!

Nos últimos anos, o Porto tem tido várias candidatos a estrelas, sendo o caso de Iturbe o mais flagrante. Este jogador chegou do Paraguai com um talento individual enorme. Contudo, para além da escassa cultura tática que possuía, tinha uma característica muito usual nas vedetas: o individualismo.

O plantel portista atual engloba um número vasto de referências futebolistas, muitas das quais são ídolos das crianças! Quantas destas sonham tornar-se um deles? Possivelmente, o exemplo maior é Ricardo Quaresma. Quando começou a despertar para o futebol sénior, Quaresma era uma grande promessa! Inclusive, muito melhor do que Cristiano Ronaldo (dizia-se)! A grande discrepância existente entre estes jogadores foi precisamente no ramo mental! Ao contrário de Ronaldo, Quaresma não soube tomar as melhores opções ao longo da sua carreira, quer na vida pessoal, quer na vida profissional. Por conseguinte, Ronaldo será uma eterna estrela do futebol, enquanto Quaresma será um ídolo momentâneo.

Faltou a Quaresma força mental para adquirir outro estatuto  Fonte: UEFA / Getty Images
Faltou a Quaresma força mental para adquirir outro estatuto
Fonte: UEFA / Getty Images

Deste modo, um espetador mais atento aperceber-se-á de que existe precisamente uma “crise de egos” no FC Porto. O ideal “um por todos, todos por um” parece ter desaparecido, com o individual a querer destacar-se nas últimas partidas. Quaresma quer mostrar que merece jogar na equipa, acabando por não conseguir dar o melhor seguimento às suas intenções. Também Quintero, por não ser opção regular de Lopetegui, procura sempre “definir rápido” e provar ser candidato a estrela. Mas Tello é indiscutivelmente o exemplo mais notório. O miúdo-maravilha, a quem ainda pesa o desenvolvimento na cantera do Barcelona e a sua passagem pela equipa principal dos blaugrana, tem demonstrado achar-se “o melhor do mundo”. Em vários momentos optou pela individualidade em detrimento do coletivo. Certamente que os adeptos não esquecerão tão cedo o lance no final do jogo contra o Sporting! Será “alérgico” a assistências? Todavia, o caso português esta longe de ser único – o maior exemplo disto são os galácticos do Real Madrid. Interroguemo-nos: em quantas épocas o clube tem tido os melhores jogadores do mundo para cada posição e não ganha nenhum título?

Sumariando, enquanto uma estrela não for capaz de aceitar que precisa da ajuda do coletivo para vencer será difícil a Lopetegui ou a qualquer treinador atingir os resultados esperados. Neste caso particular, será uma tarefa árdua para o treinador espanhol, que defende a premissa “o coletivo faz sobressair o individual”, formar uma constelação, ou seja, unificar a sua equipa.

David Luiz: O reforço que ainda não é reforço

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ligue 1

O mercado de transferências do passado verão foi um dos mais entusiasmantes de sempre. Vimos um Manchester United de bolsos cheios e com vontade de se renovar, um Real Madrid a deixar sair duas grandes jóias da coroa e a contratar outras mais jovens, um Valência louco e um Liverpool com a ambição de voltar a fixar-se no topo da Premier League. Foi um mercado intenso e com mexidas surpreendentes. No entanto, esperávamos que clubes ricos como Manchester City, PSG ou Mónaco investissem mais. A verdade é que o fair-play financeiro veio admoestar estas equipas, que se vêem agora inibidas de gastar milhões descabidamente. O PSG é um desses casos.

Com uma equipa recheada de estrelas, esperava-se que o clube da capital francesa investisse em mais pérolas para se fixar entre os gigantes do futebol mundial. Houve algumas saídas e poucas entradas. As sonantes? Apenas uma: David Luiz. O central brasileiro de 27 anos mudou-se de Stamford Bridge para o Parque dos Príncipes por uma verba a rondar os 50 milhões de euros.

Agora, o PSG conta com uma recriação da dupla de centrais utilizada no último Mundial pela selecção canarinha e pode ainda prever a futura dupla de centrais, com o crescimento de uma grande promessa: Marquinhos. A verdade é simples, David Luiz não vale 50 milhões de euros e o arranque da Ligue 1 está a provar exactamente isso.

Quando José Mourinho voltou ao Chelsea, no início da época transata, David Luiz foi apontado como transferível. Mourinho afirmava que o central brasileiro não lhe dava confiança na zona mais recuada do campo. E é verdade. Apesar de ser um grande defesa central, David Luiz é muitas vezes imprudente dentro de campo. Arranca com a bola por ali fora e deixa um espaço vazio lá atrás que muitas vezes não consegue ser ocupado pelo médio defensivo, deixando assim a equipa descompensada.

David Luiz ainda tem de suar muito para provar os 50 milhões de euros investidos  Fonte: independent.co.uk
Apesar das criticas no último Mundial, o defesa sublinhou a sua determinação em vingar no PSG
Fonte: independent.co.uk

Agora, na Ligue 1, tem a oportunidade de mostrar que as coisas não são assim. Tem a oportunidade de relembrar os fãs a última época que fez de águia ou peito ou a primeira época em Inglaterra. Tem a oportunidade de fazer esquecer a sua desastrosa prestação no Mundial passado. Eu sei que David Luiz vale mais do que aquilo que mostrou até agora e que com uma mentalidade mais contida e um melhor posicionamento se pode afirmar, novamente, como um dos melhores centrais.

Com tudo isto, é importante referir outra coisa: David Luiz não é só um reforço de campo, é também um reforço de balneário. A boa disposição do brasileiro é um facto conhecido um pouco por todo o mundo. Brincalhão, bem-disposto e sempre ao lado dos seus companheiros, espera-se que o central canarinho seja uma boa aquisição para o balneário, ajudando a manter a moral, o espirito de união e um ambiente descontraído.

Ibrahimovic aprovou desde logo o novo central da equipa gaulesa, apelidando-o de “monstro”. É caso para dizer que se lhe cheirou a craque é porque David Luiz irá vingar. O nariz do sueco não engana.

Suzuki regressa ao Mundial de MotoGP em 2015

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cab desportos motorizados

A temporada de 2014 ainda não terminou e já são muitas as novidades no que diz respeito à próxima temporada. Já foram anunciadas novas contratações por parte das equipas da classe rainha, mas a grande novidade da época de 2015 é o regresso da equipa Suzuki à elite do Mundial de motociclismo.

A equipa japonesa tinha abandonado a competição em 2012, ano em que ficou em quarto lugar no mundial de construtores, devido à prestação do seu piloto Álvaro Bautista.

Depois do abandono, a Suzuki anuncia o seu regresso com os pilotos espanhóis Alexis Esparagró e Maverick Viñales. Posto isto, é importante perceber que moto apresentará a Suzuki e quais as características dos seus pilotos. Num mundo dominado pela Honda e pela Yamaha, a Suzuki terá uma difícil tarefa de afirmação.

A Moto

A Suzuki apresentará uma moto totalmente renovada, após a sua retirada em 2012. O principal motivo desse abandono foi a necessidade de desenvolver uma moto mais competitiva, capaz de lutar directamente com as Honda, Ducati e Yamaha, e aumentar o nível de tecnologia incorporado na máquina.

O motor de quatro cilindros em linha da GSX-RR é novo e debita 230cv de potência, sendo eficiente em consumo e durável. O quadro mantém a sua largura para bons desempenhos de manobrabilidade e aerodinâmica, optimizando ainda a força da carroçaria e o equilíbrio de peso. Todas estas alterações serão testadas já no último grande prémio de 2014, na Corrida de Valência, onde a Suzuki correrá com «wildcard».

moto
A nova moto da Suzuki
Fonte: mundomoto.esp.br

Os Pilotos

Os pilotos escolhidos para este regresso da Suzuki à classe rainha são os espanhóis Alexis Espargaró e Maverick Viñales. Dois jovens, com estilos diferentes de condução e com carreiras já bastante cimentadas.

Alexis Espargaró, por exemplo, já faz parte do plantel de MotoGP e na época passada conseguiu o título de campeão de CRT. Em 2014 tem registado bons resultados, como o do passado domingo, onde ficou em segundo lugar na corrida de Aragón.

Já Maverick Viñales vai estrear-se na elite do motociclismo com o regresso da equipa japonesa. Actualmente o piloto espanhol luta pelo título mundial da categoria de Moto2.

Espera-se, portanto, que a Suzuki regresse cheia de força e capaz de lutar com as restantes equipas do Mundial. Será, com toda a certeza, um factor importante para uma maior competitividade e trará ainda mais espectáculo ao mundo das duas rodas.

O Calendário

Com o final da temporada 2014 a aproximar-se, a DORNA – entidade responsável pelo Mundial de MotoGP- já divulgou o calendário provisório para a época de 2015. A única alteração feita em relação ao calendário da actual temporada diz respeito à troca de Circuito de Silverstone pelo de Donington Park, na Grã-Bretanha. Com 18 provas que passarão pelo continente Europeu, americano e asiático, espera-se uma emocionante temporada de 2015.

Estoril 2-0 Panathinaikos: Olha uma vitória portuguesa!

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Custou, mas foi. A vitória do Estoril sobre o Panathinaikos, esta noite, no Coimbra da Mota, valeu a Portugal a única vitória nesta jornada europeia.

José Couceiro promoveu várias alterações em relação à equipa que defrontou o Benfica: o capitão Vágner voltou à baliza depois de Kieszek ter feito três jogos como titular; na defesa apenas Yohann Tavares conservou o seu lugar – Anderson Luís, Bruno Nascimento e Emídio Rafael saltaram para o onze; Anderson Esiti, de 20 anos, somou os primeiros minutos da época com a camisola do Estoril; Kuca e Kléber cederam os seus lugares a Tozé e Bruno Lopes.

Assim, Couceiro delineou um 4-1-2-3, com o nigeriano Esiti a libertar Diogo Amado e Cabrera no meio-campo e dando muita liberdade a Sebá e Tozé para vagabundear nas costas de Bruno Lopes, a referência ofensiva. Do outro lado, Yannis Anastasiou dispôs o Panathinaikos em 4-2-3-1, com um duplo pivot constituído pelo português Zeca e pelo o ex-Sporting Prajnic, Dinas e Bajrami nas alas e Ajagun como segundo avançado, atrás do ponta-de-lança Petric.

Durante o primeiro tempo as equipas estiveram sempre muito encaixadas e as oportunidades rarearam – de facto, apesar de dois ou três remates mais ou menos perigosos para cada lado não pode sequer dizer-se que tenha havido uma real ocasião de perigo. A mobilidade do ataque do Estoril foi insuficiente para romper a robusta defesa do Panathinaikos; o jogo mais direto dos gregos nunca incomodou verdadeiramente a defesa canarinha.

Nos primeiros quarenta e cinco minutos, a equipa do Estoril apareceu quase sempre balanceada pelo lado esquerdo, com Sebá a juntar-se muito frequentemente a Tozé para procurar combinações curtas e foi, por isso, sem surpresa que vimos Anderson Luís a subir mais do que Emídio Rafael e Cabrera a explorar zonas mais adiantadas sobre o lado direito. Os efeitos práticos desta nuance táctica foram quase nulos.

Vágner, Yohan Tavares e Anderson Esiti - três dos maiores responáveis pelos zero golos sofridos
Vágner, Yohan Tavares e Anderson Esiti – três dos maiores responáveis pelos zero golos sofridos
Fonte: zerozero.pt

Ao intervalo, Couceiro fez uma alteração decisiva – lançou Kléber para o lugar de Bruno Lopes e nem dois minutos depois já o brasileiro protagonizava a maior oportunidade de golo para o Estoril, com um potente remate rasteiro a ir parar às malhas laterais da baliza de Kotsolis. Depois da ameaça, o golo: Sebá recuperou uma bola sobre o lado direito, arrancou em slalom até à linha final e assistiu primorosamente Kléber para o primeiro da partida, num lance em que ficaram bem patentes a capacidade técnica e de explosão de Sebá e o faro de golo do ponta-de-lança emprestado pelo FC Porto.

Com o Estoril por cima no jogo, o técnico do Pana recorreu ao plano B: tirou o desinspirado Donis (extremo) e colocou em campo Dinis (jovem médio defensivo), já depois de ter feito entrar Karelis (portentoso ponta-de-lança) para o lugar de Bajrami (extremo) ao intervalo, e o Panathinaikos passou a jogar em 4-4-2 losango, com Dinis à frente da defesa, Zeca e Pranjic como médios interiores, Ajagun como médio ofensivo e Petric e Karelis na frente. A mudança táctica resultou e o Panathinaikos – com muito mais profundidade (sempre com três homens muito adiantados na zona central), embora com menos largura (os laterais, muito pesados e pouco virtuosos, apoiaram pouquíssimo o ataque) – conseguiu chegar algumas vezes à baliza do experiente e sempre seguro Vágner.

Porém, rapidamente os canarinhos encontraram o antídoto para estancar os ataques helénicos e voltaram a assumir o comando das operações. Tanto que aos 66’ Cabrera cruzou primorosamente para a área e Diogo Amado, surgindo surpreendentemente num espaço que não era o seu, cabeceou com precisão para o fundo das redes – estava feito o 2-0 que tranquilizou as hostes estorilistas.

A partir daí, a equipa da Linha foi controlando quase sempre o jogo, refrescou o meio-campo e o ataque (com as entradas de Kuca e Filipe Gonçalves para os lugares de Tozé e Diogo Amado) e terminou a partida com uma vitória mais do que merecida (o facto de ter praticamente o dobro dos remates do adversário é um bom indicador para ilustrar isto mesmo). O Estoril alcançou, assim, o segundo triunfo da temporada e completou o primeiro jogo sem sofrer golos na era Couceiro.

Diogo Amado e Kléber - os autores dos golos do Estoril  Fonte: UEFA
Diogo Amado e Kléber – os autores dos golos do Estoril
Fonte: UEFA

Não posso terminar sem algumas notas de destaque: Vágner conseguiu uma clean sheet e parece ter readquirido o lugar; Bruno Nascimento e Yohan Tavares, jogando pela primeira vez juntos, rubricaram exibições irrepreensíveis no eixo da defesa; o nigeriano Anderson Esiti, num duelo muito particular com o compatriota Ajagun, mostrou muita serenidade numa posição nevrálgica e deu um sinal inequivocamente positivo ao seu treinador; Sebá voltou a mostrar que é um jogador muito completo e desequilibrador – foi sempre o mais interventivo e esclarecido do ataque; e Zeca, que aos 26 anos regressou aos palcos portugueses como capitão e “maestro” do Panathinaikos, evidenciou grandes qualidades (visão de jogo, capacidade de passe, controlo em progressão, força nos duelos físicos, agressividade no momento defensivo e inteligência táctica) e revelou-se fortíssimo em todas as fases do jogo.

 

A Figura

O colectivo do Estoril – como fica patente pelas minhas notas de destaque, todos os jogadores tiveram um desempenho positivo, pelo que seria injusto destacar apenas um deles. O Estoril valeu pelo que fez enquanto equipa e saiu da Amoreira com uma vitória importantíssima.

O Fora-de-Jogo

Os corredores laterais do Panathinaikos – Dinas e Bajrami, os extremos, tiveram uma noite claramente desinspirada e raramente conseguiram causar desequilíbrios na defesa do Estoril (não foi por acaso que foram os primeiros a sair); Bourbos e Nano, os laterais, ambos duros de rins e fracos com a bola no pé, fizeram-se valer da experiência a defender (a sua principal função) mas foram incapazes de dar largura à equipa no momento ofensivo quando a estratégia de jogo dependia disso mesmo.

Havia 0,013% de hipóteses de isto acontecer…

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O Sexto Violino

… e, no entanto, aconteceu mesmo. Depois de, no ano passado, o Sporting ter ido à Luz nos dezasseis-avos-de-final da Taça de Portugal, este ano o sorteio – pelo menos é este o nome que lhe dão oficialmente – ditou uma viagem até ao Estádio do Dragão na 3ª eliminatória (estão 64 equipas em prova). Dado que este acontecimento, ainda para mais em anos seguidos, tem menos hipóteses de ocorrer do que cada um de nós tem de contrair hemorróidas (4%) ou de um homem saudável de 45 anos sofrer uma doença fulminante (ataque, AVC ou outros, 1,4%), em princípio só poderíamos concluir que o clube sorteado tem mesmo muito azar.

Mas isso seria num país transparente, com um desporto – e, em particular, um futebol – sem casos dúbios e/ou de corrupção comprovada. Não é o caso de Portugal. E não se trata aqui de estar a lançar suspeitas; elas lançam-se a si próprias. Depois de vários anos de debates mais ou menos conspirativos sobre os sorteios no futebol – tanto a nível nacional como internacional – e de se falar de bolas quentes, bolas frias, sequências virtuais viciadas, etc., no ano passado tivemos por cá um exemplo concreto de como esse debate poderá ter alguma razão de ser. Falo, claro está, do sorteio de uma eliminatória da mesma Taça de Portugal, cujo vídeo se encontra abaixo. Não digo que tenha havido um erro deliberado. Mas que há margem para desconfianças e que elas ficaram ainda mais vivas desde esse acontecimento, isso ninguém pode negar.

Enquanto adepto, a sensação que tive no Benfica-Sporting da última edição da Taça (na altura o sorteio não suscitou desconfianças, porque não é inédito dois rivais encontrarem-se numa fase intermédia desta competição) foi que o clube de Alvalade não podia ganhar, desse por onde desse. A infelicidade de Rui Patrício (num lance em que podia ter sido assinalado penálti de Rojo, tal como a equipa do Benfica pretendia até ver a bola entrar na baliza) não apaga os dois penáltis nítidos de que os leões deviam ter beneficiado mas que Duarte Gomes não quis ver. O Sporting estava a renascer e os rivais começavam a perceber que Bruno de Carvalho não era outro Vale e Azevedo. Mesmo que não chegasse para ganhar o campeonato, vencer uma Taça no “ano zero” daria um enorme aumento de confiança aos verde-e-brancos. Pelo sim pelo não, jogou-se pelo seguro e não se deixou o Sporting discutir até ao fim o resultado na Luz. Foi esta a sensação clara que tive na altura.

No entanto, a minha opinião não vale mais do que a de qualquer outra pessoa. Além do mais, como a História é escrita pelos vencedores e por aqueles que têm mais poder de facto, esse jogo ficou para a posteridade como um épico entre dois rivais, ganho por aquele que mais suou a camisola e que mais qualidade tinha nas suas fileiras. O “frango” de Patrício também serviu de argumento para escamotear os lances na área encarnada. Seja. Voltando ao sorteio de hoje, faz-me confusão como é que a mesma equipa volta, passado um ano, a jogar contra um rival, fora, numa fase tão prematura da Taça. São os tais 0,013% de hipóteses, que parecem aumentar exponencialmente quando se trata do Sporting. Não será também irrelevante lembrar que os leões são a voz mais crítica dos três grandes, tocando em assuntos sensíveis que vão desde a questão dos fundos ao sorteio dos árbitros, passando pelas escutas que envolvem o Porto e o seu presidente.

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Seria ingénuo – ou, pelo menos, redutor – pensar que este sorteio, a confirmarem-se as suspeitas que é natural recaírem sobre ele, tivesse como objectivo “ajudar o Porto”. A leitura que faço é que, antes de tudo isso, haveria um claro e único prejudicado: o Sporting, que jogaria novamente contra um rival e, uma vez mais, fora de portas. Se tudo corresse dentro do expectável – e, sejamos realistas, o Sporting apenas ganhou uma vez nas Antas/Dragão nos últimos 16 anos – o clube de Alvalade seria de novo arredado da Taça. E todos sabemos quem seriam as equipas que beneficiariam com isso.

Mais uma vez, se Portugal tivesse um futebol acima de todas as suspeitas, o texto que agora escrevo não teria grande razão de ser. Mas todos sabemos que as coisas estão longe de ser assim. Mesmo na improbabilidade de o Sporting conseguir dominar o Porto no Dragão, haverá, muito possivelmente, outras forças que se encarregarão de garantir que tudo corre como desejável. No ano passado foi assim na Luz. Mais a mais, há que ter em conta que os dragões precisam de vitórias para calar a contestação incipiente. Pinto da Costa diz que só os burros é que falam de árbitros, mas nesta hora difícil até o infame Lourenço Pinto, presidente da Associação de Futebol do Porto, vem aludir a “questões de ordem oftalmológica” dos juízes. É isto que muita gente deixa passar em claro, mas é nestas questões que muitas vezes se decide o rumo das campeonatos e taças. E os dirigentes impolutos ligados ao Porto já estão a estrebuchar…

apostas

A probabilidade de o Sporting não defrontar nenhum dos outros grandes nestas duas fases (dezasseis-avos e 3ª eliminatória), ignorando já a questão de jogar fora em ambas as vezes, era de 90,63%. Juntando a questão casa/fora, esse número seria ainda mais elevado. Outro dado interessante: se, antes do sorteio do Benfica-Sporting para a Taça do ano passado, uma pessoa tivesse apostado 1€ em como o Sporting iria à Luz nesse ano e ao Dragão no seguinte (nas respectivas fases da competição), ganharia hoje nada menos do que 7812€. Muito mais do que se o Gil Vicente fosse campeão nacional (1001€ na bwin) ou se o Ludogorets vencesse a Liga dos Campeões (o mesmo valor)!

Seja como for, os dados estão lançados. O facto é que o Sporting vai jogar ao Dragão no próximo dia 17 ou 18, sobrecarregando ainda mais um calendário já de si difícil. Sabemos o futebol que temos em Portugal, assim como sabemos que os adeptos de outras equipas irão ridicularizar estas desconfianças. O que há a fazer, ainda que possamos vir a ser a única equipa a jogar com onze elementos nesse dia, é acreditar sempre que a vitória é difícil, mas possível.

 

*com David Martins

Recomeça o sonho dos Bulls

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cab nba

Já lá vão 16 anos desde que os Chicago Bulls não vencem o principal título da NBA. Na temporada de 1997/98, brilhava uma autêntica constelação de estrelas encabeçada por Michael Jordan e seguida de perto pelos astros Scottie Pippen, Dennis Rodman, Toni Kukoč, Luc Longley ou Ron Harper. Juntos conquistaram adeptos por todo o planeta e solidificaram a equipa de Chicago como uma das maiores potências do basquetebol norte-americano.

No entanto, os tempos de sucesso e glória esfumaram-se com a reforma de Michael Jordan. Os Bulls ficaram presos na sua própria história e, desde então, nunca mais voltaram a conseguir somar qualquer êxito da NBA. O início do novo milénio marcou o período de reformulações e de mudanças no plantel dos Bulls, que, até hoje, ainda não teve qualquer resultado prático a nível de conquistas relevantes – isto se excluirmos as vitórias na divisão Central em 2011 e 2012. Chegados a 2014, os adeptos da equipa de Chicago desesperam por uma candidatura séria e sem receios ao título de campeão da NBA.

Com Noah, Rose e Gasol já não há desculpas para uma candidatura séria ao título da NBA Fonte: NBA.com
Com Noah, Rose e Gasol já não há desculpas para uma candidatura séria ao título da NBA
Fonte: NBA.com

Nestes últimos anos, com Tom Thibodeau no comando, os Bulls cresceram muito a nível defensivo, mas pagaram sempre a fatura de não poder contar com um Derrick Rose na plenitude das suas capacidades. As sucessivas lesões do jovem base norte-americano têm comprometido sucessivamente as aspirações da equipa, bem como a falta de uma outra individualidade de qualidade acima da média com capacidade para resolver jogos contra equipas bem organizadas defensivamente. O regresso de Rose, agora com 25 anos e bem mais amadurecido, pode ser fulcral para uma inversão total nos resultados da equipa dos Chicago Bulls. Pelo que se viu nos jogos de pré-temporada e no Mundial de Basquetebol, Rose está mais inteligente, mais forte e sem medo de procurar desequilíbrios através da sua velocidade.

Este regresso de Rose anexado à contratação de Pau Gasol e Nikola Mirotić, ao ingresso do fantástico rookie Doug McDermott e às manutenções no plantel de jogadores como Joakim Noah, Jimmy Butler, Taj Gibson, Mike Dunleavy Jr. Ou Kirk Hinrich, pespetiva uma candidatura assumida dos comandados de Thibodeau ao título principal da NBA. Já não pode haver desculpas. A equipa é forte, tem muita profundidade e conta com jogadores acima da média como Rose, Noah ou Gasol. A batalha com os Spurs de Parker, Duncan e Ginobili e os Cavaliers de LeBron, Irving e Love está pronta para começar. Dia 28 arranca a competição. E eu acredito num brilharete destes Bulls!