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Maxi ou Mini?

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Topo Sul

Nesta quarta-feira, Maxi Pereira deverá assinar pelo FC Porto. Comentei há dias com amigos que, neste mercado de transferências, todos os dias parecem ser o 1 de Abril – o célebre dia das Mentiras. Mas tudo é realidade, tudo é loucura, nada é gratidão, nada é prudência. Foi assim no caso Jorge Jesus, é assim no caso Maxi Pereira.

Desde que se lançou o fumo sobre a não renovação de Maxi Pereira, eu sempre soube que também havia fogo. Pelo comportamento do Benfica, do jogador e do seu empresário, percebeu-se que as coisas que já não estavam encaminhadas para o uruguaio ficar na Luz, estando sempre perfeitamente aberta a porta de Alvalade e do Dragão. Ambos os rivais tentaram mais um golpe ao bi-campeão, mas o Porto levou a melhor porque tem mais dinheiro para oferecer 16 milhões de euros a um jogador de 32 anos.

Considero quase tudo patético neste caso. O altíssimo salário que o Benfica propôs ao jogador, o tempo que se demorou a resolver a questão, a atitude de um jogador que vestiu de águia ao peito durante oito anos e, sobretudo, o investimento absurdo do FC Porto no vencimento do lateral uruguaio.

Maxi Pereira terminou contrato e não renovou com o Benfica Fonte: Sport Lisboa e Benfica
Maxi Pereira terminou contrato e não renovou com o Benfica
Fonte: Sport Lisboa e Benfica

Não vou escalpelizar cada uma destas questões porque acho que elas falam por si e não há muito mais para acrescentar. Apenas concluo, com mais este caso, que cada vez mais se estão perder os valores do futebol, esse tão apaixonante desporto. Maxi, como se vê, não tem problemas nenhuns em trocar o clube que lhe o levou ao topo das suas plenitudes pelo seu maior rival. Ao que parece, o exemplo dentro e fora de campo, ídolo de tantos benfiquistas, também sabe ser ingrato. No fundo, são todos iguais. E iguais no mau sentido. São situações como esta que fazem com que os adeptos não comprem camisolas com nomes de jogadores, não idolatrem jogadores ou treinadores e vão menos vezes aos estádios.

Mas estas são outras discussões. O que conta para o momento é que, em menos de um mês, o Benfica perde dois símbolos do sucesso dos últimos anos para os seus maiores rivais. Isto quer dizer várias coisas, mas, de entre as mesmas, a que me dá gozo destacar é a ganância dos rivais pelo “caceteiro” do Benfica e do “broeiro” treinador encarnado, ao ponto de fazerem negócios perigosos e imprudentes.

Olheiro BnR – Gelson Martins

olheiro bnr

A imprensa desportiva portuguesa vai adiantando que um dos dois jogadores que Jorge Jesus irá fazer subir do Sporting B ao plantel principal verde-e-branco é o extremo Gelson Martins, jovem internacional sub-20 português que vem de uma excelente temporada pelo conjunto orientado por João de Deus e de um Campeonato do Mundo onde assegurou algum destaque.

Trata-se, na verdade, de um futebolista nascido a 11 de Maio de 1995 na Praia, Cabo Verde, mas que cedo viajou até Portugal, onde começou a sua carreira futebolística no Futebol Benfica, isto antes de transitar para o Sporting na temporada 2010/11.

No emblema de Alvalade, haveria de se estrear no futebol sénior precisamente na temporada passada, ao serviço da equipa B, sendo que o seu impacto foi imediato, ou não tivesse o extremo de 20 anos somado 40 jogos e seis golos na Segunda Liga.

Extremo que entusiasma

Tendo tido diferentes funções ao longo do seu percurso de formação, a verdade é que isso garantiu a Gelson Martins uma interessante polivalência, sendo que o internacional sub-20 português já jogou em posições tão distintas como lateral-direito ou médio-centro.

Inegável, de qualquer forma, é que é a extremo que o jovem sportinguista mais se destaca, fruto da sua velocidade e qualidade técnica, características que o tornam fortíssimo em lances de um contra um e lhe permitem oferecer muita verticalidade ao seu flanco, seja o direito (preferencial) ou esquerdo.

Gelson Martins é uma das promessas do Sporting Fonte: Sporting Clube de Portugal
Gelson Martins é uma das promessas do Sporting
Fonte: Sporting Clube de Portugal

Diamante necessita da lapidação de Jesus

Dono igualmente de uma boa capacidade finalizadora, seja a média ou curta distância, a verdade é que Gelson Martins tem tudo para se assumir como um extremo de topo, embora seja honesto realçar que este diamante ainda terá de ser alvo de lapidação, sendo aí que Jorge Jesus se poderá assumir como decisivo.

Afinal, o novo treinador do Sporting, que terá identificado todo o óbvio potencial do jovem luso-caboverdiano, também terá percebido que haverão algumas arestas a limar, nomeadamente no capítulo da definição, onde nem sempre o extremo toma a melhor decisão, seja porque opta por uma finalização quando se lhe exigia um passe, ou por exagero nas iniciativas individuais.

Foto de Capa: Facebook ‘Seleções de Portugal’

Downhill’2015: Ronda 4, Lenzerheide, Suíça

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cabeçalho downhill

Este fim de semana decorreu a 4.ª etapa do campeonato do mundo de Downhill. A pista onde se realizou a prova foi em Lenzerheide, Suíça. Os atletas depararam-se com um percurso cheio de  pó, com muitas pedras e partes inclinadas, obstáculos que punham a técnica dos participantes à prova.

Na sexta feira, dia 3 decorreram as classificações. Nos juniores, o terceiro classificado foi Charlei Harrison com o tempo de 3:16.028, em segundo lugar  classificou-se o atleta Alex MarinTrillo com o tempo de 3:14.903 e no topo do pódio ficou Laurie Greenland com o tempo 3:13.737.

Nas elites femininas em terceiro lugar ficou Manon Carpenter com o tempo de 3:37.197, em segundo lugar , com um tempo de 3:29.032 ficou a atleta Rachel Atherton e em primeiro lugar classificou-se a francesa Emmeline Ragot com o tempo de 3:26.808.

Nos elites masculinos em terceiro lugar classificou-se o Australiano Connor Fearon com o tempo de 3:04.346. No segundo posto ficou Aaron Gwin, atleta da Specialized, com o tempo de 3:04.250 e no primeiro lugar ficou o Francês Loic Bruni com o tempo de 3:03.823.

A final foi marcada por algumas alterações na tabela classificativa. Nos juniores  o vencedor foi Laurie Greenland, com o tempo de 3:05.884, superiorizando-se a Andrew Crimmins, que fez uma recuperação notável em relação ao tempo da classificação, e a  Alex Marin Trillo respectivamente.

Nas elites femininas a vencedora foi a Britânica Rachel Atherton. A sua experiência fez que esta atleta atingisse o tempo de 3:28.126, ficando à frente de Manon Carpenter que ocupou o segundo lugar do pódio e a Tracey Hannah que concluiu a prova em terceiro lugar. Os elites masculinos, foi a categoria onde  houve mais alterações em relação aos resultados da classificação.

Em terceiro lugar, com um tempo de 3:02.342 ficou Dean Lucas, atleta da Devinci. No segundo lugar  aparece  Loic Bruni da Lapierre, com o tempo de 3:01.495. O vencedor desta categoria foi Greg Minnaar, que atingiu esta vitória ao conseguir o tempo de 3:00.535, sendo a 18.ª vez que este pisou o lugar mais alto do “caixote” nas provas do campeonato do mundo.

Greg Minnar esteve em destaque Fonte: Pinkbike
Greg Minnaar esteve em destaque
Fonte: Pinkbike

Com estes resultados, a classificação geral ficou da seguinte forma: em terceiro lugar encontra-se Greg Minnaar com 633 pontos, em segundo Lugar Loic Bruni com 645 pontos e em primeiro lugar Aaron Gwin com 749 pontos.

A próxima ronda realizar-se-á em Mont-Saint-Anne (Canadá) nos dias 1 e 2 de Agosto.

Foto de Capa: Pinkbike

EUA vencem Mundial Feminino: Lloyd desenhou o que as japonesas não conseguiram impedir

cab futebol feminino

Arrepiante, quase inacreditável e histórico. Na madrugada de domingo, 5, para segunda-feira, 6 de julho, os Estados Unidos da América derrotaram o Japão (5-2) na final do Campeonato Mundial Feminino de Futebol. Pela primeira vez na história da competição uma equipa chega ao terceiro título (1991, 1999 e 2015).

Carli Lloyd. É dela, tem de ser dela, o maior destaque. De muitas se faz uma equipa e com muitas se conquistam títulos, mas na final do Mundial mais mediático de sempre foi a jogadora dos Houston Dash a fazer história. Se até então nunca uma equipa havia marcado mais do que três golos numa decisão… Aos 20 minutos já Lloyd somava três golos.

Não é um erro, não. Em 20 minutos, vinte!, os Estados Unidos conseguiram um começo arrasador e quatro golos frente à segunda melhor equipa do mundo, o Japão, que procurava revalidar o título conquistado em 2011, frente aos mesmos EUA, nas grandes penalidades.

A equipa de futebol feminino dos Estados Unidos é um verdadeiro caso de uma junção agradável de fenómenos técnicos, tácticos e, também, de popularidade. Nunca o futebol (o verdadeiro futebol) foi tão popular no país, e o que as comandadas de Jill Ellis fizeram mais ninguém faz. São elas o principal rosto da modalidade no país, não a equipa masculina, e o povo sabe-o. Sabe-o e sai às ruas para assistir aos encontros, para celebrar, para lhes agradecer. É uma verdadeira festa, e o Mundial deste ano, no Canadá e a poucos quilómetros de casa, não foi excepção.

Vamos ao jogo jogado: de Lloyd se fez a história, sim, mas atrás da ponta-de-lança de 32 anos estava uma verdadeira equipa. E é aí que reside a fórmula de sucesso dos EUA, campeãs olímpicas em 2012, vencedoras da CONCACAF em 2014 e agora do Mundial. Da solidez de Hope Solo (a melhor guarda-redes do torneio) na baliza à consistência de Ali Krieger e Kelley O’Hara na defesa (não esquecendo Julie Johnston) e Heather O’Reilly, Lauren Holiday, Tobin Heath e Morgan Brian no meio-campo, o conjunto tem assegurada qualidade técnica e táctica quer em tarefas defensivas quer ofensivas, quando são chamadas à causa jogadoras como Amy Rodriguez, Sydney Leroux e, claro, Alex Morgan, uma das figuras da equipa (e até do Mundial anterior, quando tinha apenas 22 anos).

Como pilares que sustentam toda uma grande estrutura estão Christie Rampone e Abby Wambach, que ontem, já nos instantes finais do duelo, entraram em campo para pouco depois poderem erguer o troféu. Uma na defesa, com 40 anos e 308 jogos, a outra lá na frente, com 35 e 249 jogos. Ellis, a capitã, não temeu e tirou-as do ‘onze’ quando teve de o fazer, caso dos encontros a eliminar, mas não hesitou em fazê-las regressar num momento marcante para a equipa, para as jogadoras e para o país.

Porque uma final se faz de duas equipas, também o Japão merece palavras. Campeãs em título, as pupilas de Norio Sasaki – que chegou a colocar a eterna Homare Sawa em campo naquele que foi o seu sexto (!) mundial – tinham a há anos impensável possibilidade de igualar os EUA e a Alemanha (2003 e 2007) com dois títulos mundiais e revalidar o troféu conquistado há quatro anos, em Frankfurt. O começo histórico de Lloyd cortou-lhes as aspirações. Mas não o sangue nipónico, que continuou a correr ao longo dos 90 minutos e ainda se viu semi-compensado, com o conjunto derrotado a chegar mesmo ao segundo golo no começo da última parte. A resposta, no entanto, não tardaria e uma vez mais a ‘equipa azul’ via-se fora do jogo.

Percurso do Japão até à final: 1-0 vs Suíça, 2-1 vs Camarões e 1-0 vs Equador [fase de grupos]; 2-1 vs Holanda, 1-0 vs Austrália, 2-1 vs Inglaterra;

Percurso dos EUA até à final: 3-1 vs Austrália, 0-0 vs Suécia, 1-0 vs Nigéria [fase de grupos]; 2-0 vs Colômbia, 1-0 vs China, 2-0 vs Alemanha.

O Campeonato do Mundo de Futebol Feminino de 2015, recorde-se, disputou-se sempre em relva sintética e foi o primeiro da história a contar com a presença de 24 equipas.

Foto de capa: Página de Facebook do FIFA Women’s World Cup

A transformação de uma equipa verde no Verdão

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Era um cenário antecipado e previsível. Os adeptos pareciam estar mentalizados para que viesse a acontecer o pior. E aconteceu. Mas doeu da mesma forma. O choro e a frustração tomou conta de cada adepto do Palmeiras, consumada que estava a descida de divisão do Verdão após o empate a um golo, consentido no fim por um jogador formado no clube (Vagner Love), no Rio de Janeiro, diante do Flamengo. A equipa, que em Julho de 2012 erguera a Copa do Brasil, era, quatro meses depois, “arrumada” para a Serie B, escrevendo-se uma das páginas mais negras do clube.

Outra coisa não seria de esperar para além do imediato regresso à Serie A, e assim aconteceu. Em 2014, após dominar a Serie B, conforme se esperaria, o Palmeiras voltou ao lugar que lhe pertence – à elite do futebol brasileiro. As coisas começaram bem, com um vitória em Criciúma conseguida entre os 83 e os 87 minutos, mas com o desenrolar do campeonato foi-se percebendo que este Palmeiras ainda não tinha a regularidade e a competitividade que fizeram deste um dos maiores clubes da América do Sul. A equipa “arrastou-se” e a época de regresso ao Brasileirão ficou marcada pela ausência de um fio de jogo, que se traduziu num “futebol ruim”, séries enormes de jogos sem vencer (chegaram a ser 10 os jogos sem triunfos, e nas últimas 6 partidas perdeu 5 e empatou 1) e uma goleada ante o Goiás (6-0) que feriu o orgulho da torcida Paulista. Tudo junto, um penoso 16º lugar que colocou a equipa à beira do precipício… outra vez.

O defeso foi, por isso, importante para se reflectir naquilo que se deveria fazer no clube, de forma a mudar-se a mentalidade dentro do balneário e estrutura, direccionando-os para um futuro baseado nos êxitos de um passado cada vez mais distante. Zé Roberto, figura incontornável do clube, fez mesmo um discurso motivacional que ficou famoso nas redes sociais, lembrando o simbolismo da “camisa” do clube paulista.

O início do campeonato deixou muito a desejar. É certo que se venceu o rival Corinthians no Arena Corinthians, mas, fora isso, a equipa não somou qualquer vitória nos primeiros seis jogos do campeonato, caindo para os últimos lugares da tabela, precisamente ao contrário daquilo que “torcida” e direcção desejariam. Cabeças teriam que rolar, e a primeira, como é apanágio no Brasil, é sempre a do treinador. Oswaldo Vieira foi logo afastado, e o efeito chicotada fez efeito: a equipa venceu o Flu no jogo comandado pelo interino Alberto Valentim, e para substituir o antigo técnico foi chamado Marcelo Oliveira, bicampeão pelo Cruzeiro. Isso mesmo, um treinador que aguentou estar no mesmo clube brasileiro durante duas épocas seguidas… e ter sucesso. Na estreia, não venceu o jogo, mas ganhou sinergia e união de um plantel descrente em si. A equipa superou-se e fez o Grémio, uma das equipas em melhor momento de forma no Brasileirão, suar imenso para sair da Arena Grémio com os três pontos.

A partir daqui a confiança cresceu e os resultados são muitíssimo animadores. O Verdão recebeu o rival São Paulo no seu reduto e goleou-o sem apelo nem agravo por 4-0, naquela que foi uma das maiores goleadas de sempre da história do célebre “Choque Rei” – há 16 anos que não se verificava um desnível tão grande no placard do jogo entre as duas equipas e há 23 que o Palmeiras não vencia por estes números. A euforia tomou conta dos adeptos e da equipa, que venceu e dominou os jogos seguintes: bateu o Chapecoense e o Ponte Preta (fora de portas, com a maioria dos seus adeptos na bancada) por 2-0.

Marcelo Oliveira pode ter papel preponderante na ansiada mudança do Palmeiras Fonte: Facebook do Palmeiras
Marcelo Oliveira pode ter papel preponderante na ansiada mudança do Palmeiras
Fonte: Facebook do Palmeiras

À superfície, esta mudança de resultados pode parecer fruto de um mero aspecto motivacional, mas Marcelo Oliveira não injetou só doses de confiança nas suas tropas. Alterou a forma como a equipa se desdobra no ataque, passando Rafael Marques para uma cena menos de referência, entregando esse papel a Leandro Pereira, e manteve Dudu, peça fundamental desde o início do campeonato; a nível defensivo, o duplo pivô Gabriel-Arouca é agora muito melhor auxiliado pelas descidas de Robinho (um falso “10”, que sabe defender). Isto faz toda a diferença, pois Arouca (sobretudo) também se integra muito bem no ataque, dotando a equipa não só de maior rigor posicional, como também de eficiência ofensiva.

Ainda é cedo para se tirarem conclusões sobre o maior responsável da inversão de resultados do Palmeiras – efeito chicotada psicológica por oposição ao táctico – ,mas uma coisa é certa: Marcelo Oliveira parece ser o treinador certo para o clube e… para o futebol brasileiro (que colecciona mudanças de treinadores como não se vê em mais nenhum campeonato no mundo!). Um treinador que sabe lidar com a instabilidade e, sobretudo, instalar a segurança no longo prazo.

O treinador que pode, definitivamente, tornar uma equipa verdinha no… Verdão, e mostrar ao futebol brasileiro que a chave do sucesso pode estar na estabilidade.

Foto de Capa: Facebook do Palmeiras

Canto do Cisne

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E pronto. Aconteceu. Aquilo que eu mais temia, até. O Brasil nem sequer se apurou para as meias-finais da Copa América, perdendo com o Paraguai nas grandes penalidades, num jogo em que a equipe Canarinha acabou por sofrer mais um golo. O resultado final foi 1-1. É incrível como o Escrete conseguiu obter uma média exata de um golo sofrido por cada partida efetuada nesta edição da Copa América 2015, jogada no Chile. Enfim, mais do que culpas defensivas, o Brasil já não é o mesmo. Há largos anos, aliás. Está a perder terreno, arriscando-se também a ficar de fora da locomotiva vencedora dos próximos tempos. Vamos a fatores que contribuíram para tal.

Primeiramente, depois de 2002, o Brasil, como sempre acontece em países latinos – e incluo no leque dos latinos os países das Américas mas também os da Europa do Sul (portugueses, espanhóis, italianos e também gregos) – partiu para mais um tempo de convencimento. A que chamo eu de convencimento? A altivez? O orgulho? Talvez uma mistura de um e outro atributo… Isso tinha acontecido com o Brasil pós-1962, em que depois de se tornar Bi-campeão do mundo, pensou que não teria de fazer mais nada. Copa sim, Copa não, os títulos iam aparecendo por si só, como a ordem natural das coisas. Enganou-se. O Mundial de 1966 acabou por demonstrar uma terrível lição; que foi muito bem compreendida quatro anos depois. E atente, caro leitor, que quando falo no Brasil não falo obviamente no país inteiro, claro. Falo a quem de direito. CBF, dirigentes e demais autoridades desportivo-futebolísticas. Enfim, o mundo não está parado. As coisas avançam.

Os ideais humanos avançaram. Os direitos avançaram (embora hoje em dia se verifique um claro retrocesso, infelizmente; mas que só poderá levar a uma nova revolução nessa matéria, esperemos). A mentalidade muda. A vida é mutável, portanto. Tal acontece com o futebol, sendo uma pequena fração dessa miríade. Voltando ao ponto de partida deste parágrafo, podemos dizer que o Brasil já não está na linha da frente do futebol. Sei que muitas vezes defendi nesta casa que sim. Mas agora tenho de me render às evidências. Não dá para defender o indefensável. O Brasil está a perder o comboio. Aquilo que os técnicos brasileiros tinham de melhor – e de facto, até certo ponto, eram os melhores do mundo – foi o facto de terem trazido a teoria das modalidades de pavilhão – sempre povoadas pelos professores de Educação Física – para os relvados de futebol. O que fazia que as equipas brasileiras estivessem melhor preparadas que as outras, treinadas por malta da bola antiga e futeboleiros, que faziam as coisas de forma empírica, só porque sim; só porque no “meu tempo também era assim”. Curioso verificar que é isso que está a acontecer com o futebol Brasileiro a nível de clubes e a nível de seleção.

Os brasileiros anseiam por títulos Fonte: blogsalaojuazeiro.com.br
Os brasileiros anseiam por títulos
Fonte: blogsalaojuazeiro.com.br

Todavia , não foi por o Brasil ter perdido com o Paraguai que me fez escrever este artigo. Já vem muito de trás. Não nos podemos esquecer de que o Brasil esteve cinco Copas sem sequer ir a uma final. Entre 1974 e 1990, o Brasil não logrou o título, voltando a vencê-lo em 1994; curiosamente numa seleção que muitos autóctones abominaram, pelo suposto futebol defensivo. Mas o que interessa é que ganhou. Essa foi uma lição aprendida pelos brasileiros, sobretudo depois de 1982: “Ai é? Nós damos espetáculo e vocês é que ganham? Esperem lá que nós também sabemos jogar assim.” E assim foi. Entre 1994 e 2002, o Escrete chegou sempre à final e venceu por duas ocasiões. Uma excelente média. Nem vale a pena falar de gerações e da qualidade de cada uma. Claro que há sempre umas que marcam mais que outras. Mas Brasil é Brasil. A qualidade está (sempre) lá.

Outro fator que me chama a atenção é o crescente mediatismo e quase necessidade vital por um craque. Exaspera-se pela figura de um mágico que salve o futebol no Brasil. Agora é o coitado de Neymar (que não tem culpa nenhuma da mediatização). Há uns anos foi Kaká. Daqui a outros vamos ver quem será… e a seleção não sai disto. A meu ver, esta crescente necessidade existencial pela figura do “craque”, primeiro, está a matar o futebol brasileiro; e segundo, foi-nos trazida pela crescente globalização da sociedade americana, que, com o seu capitalismo selvagem, faz sempre exportar a imagem de que é preciso sempre alguém ser o melhor. Quando na verdade não existe “o melhor” sem primeiro haver um coletivo que o molde e lhe dê forma. Ah, e claro, não esquecer o papel pernicioso dos empresários do meio disto tudo: impondo jogadores e fazendo concessões de poder. Mais uma parte obscura do futebol, trazida pelo capitalismo.

Pegando nas palavras do sábio jogador alemão Paul Breitner (campeão do mundo em 1974), o Brasil tem que mudar. Isso aconteceu com a Alemanha, depois do Euro 1996. “Nós pensávamos que não tínhamos que fazer mais nada. Errámos. Tivemos de nos adaptar e voltar a desenvolver”. Essa mudança só vai ocorrer a médio e longo prazo. Uma mudança nas mentalidades dos mais jovens. Talvez não aqueles que joguem o próximo Mundial, nem o seguinte, mas uma coisa pensada com tempo. Coisa que nos países latinos – não apenas no Brasil e nas Américas, claro, mas voltando a referir a Europa do Sul – é muito difícil de acontecer. Até porque se o Brasil tivesse um terço da organização da Alemanha, até hoje não teria vencido cinco Campeonatos do Mundo. No mínimo, teria ganhado uns dez, à vontade.

Tirando só uma nota de humor, como fiz no meu último artigo, os brasileiros não precisam de ficar tristes: vai ser a primeira vez que não jogam a Taça das Confederações desde a sua criação, em meados dos anos 90 do século passado. A tal competição maldita. Nunca o vencedor da mesma se tornou no triunfador no Mundial do ano seguinte. Talvez o problema do Brasil desde 2002 seja mesmo esse: vencer as Copas das Confederações. Ou então a vida é apenas um conjunto de superstições.

GP do Reino Unido: mais uma (suada) dobradinha para a Mercedes

cab desportos motorizados

O Grande Prémio de Silverstone, Inglaterra, é sempre um dos mais esperados no que toca à F1. Rápido e imprevisível, é constantemente palco de grandes reviravoltas inesperadas. Este fim-de-semana, Lewis Hamilton corria em casa e procurava atingir a marca das 3 vitórias em Silverstone, igualando pilotos como Michael Schumacher ou Niki Lauda.

A qualificação provou, mais uma vez, a curva ascendente que os Williams estão a atravessar. Felipe Massa conseguiu a terceira posição, atrás dos dois Mercedes, enquanto que Valtteri Bottas saiu em quarto, à frente dos Ferrari. Lewis Hamilton, conseguiu, então, mais uma pole-position. Nesta altura, adivinhava-se mais uma fácil dobradinha para os Mercedes; mas a Williams ainda tinha uma palavra a dizer.

O excelente arranque de Massa providencia a ultrapassagem aos dois Mercedes, e também Bottas consegue subir a segundo, embora Hamilton tenha imediatamente recuperado essa posição. O safety-car foi introduzido logo na primeira volta; Grosjean (Lotus) e Button (McLaren) tocam-se e estão ambos fora da corrida. O GP deste fim-de-semana foi acidentado e cheio de peripécias que, aliás, ocasionaram o abandono de diversos veículos: apenas 13 terminaram a corrida.

À sexta volta, Massa permanecia na frente da corrida e era a primeira vez esta época que um GP era liderado por um piloto que não da Mercedes ou da Ferrari. A esta altura, Bottas estava novamente em segundo e a Williams tentava que os dois pilotos se distanciassem, juntos, dos dois Mercedes. Mas aquando da impossibilidade dessa estratégia, autorizam o finlandês a ultrapassar o colega da equipa. Tal manobra nunca chegou a acontecer.

Mais uma vez, a paragem nas boxes foi crucial na estratégia da Mercedes. Na vigésima volta, Hamilton troca de pneus antes dos adversários directos e sai na frente da corrida quando estes param. É nesta altura que se dá um dos momentos mais emocionantes da prova: Massa e Rosberg saem ao lado um do outro do pit-stop, e por pouco o espaço não chegava para os dois. Massa acaba por resistir ao alemão in extremis. As equipas começam, então, a informar os pilotos da ocorrência de chuva dentro de 15 minutos.

A Mercedes, entretanto, diz a Rosberg para dar o máximo e tentar a ultrapassagem a Bottas. Consegue-o a sensivelmente 15 voltas do final, quando a chuva já se fazia sentir. Rosberg faz então 3 voltas brilhantes e não só ultrapassa Massa e sobe a segundo, como se aproxima bastante de Hamilton. Nesta altura, chove torrencialmente e Raikkonen é o primeiro a mudar para pneus intermédios. Lewis Hamilton antecipa-se à equipa e entra nas boxes para mudar os pneus: ao contrário do que aconteceu no Mónaco, esta decisão algo precipitada do inglês viria a valer-lhe a vitória.

Quando todos entram para trocar de pneus, Rosberg fica em pista e é obrigado a fazer uma volta lenta; acabou por perder aqui a corrida. Também os Williams saíram prejudicados das paragens: foram às boxes ao mesmo tempo e quando voltam, já Vettel havia subido a terceiro. A Ferrari acaba por conseguir um inesperado pódio, quando passou ao lado da corrida em grande parte do tempo. Rosberg ainda tentou aproximar-se do companheiro de equipa mas a diferença entre os dois já chegava aos 10s.

Lewis Hamilton volta a vencer em casa e a Mercedes consegue mais uma dobradinha. Azar para a Williams, apesar da evidente melhoria ao longo do Campeonato. Sorte para a Ferrari. Nota positiva para Alonso: o espanhol da McLaren conseguiu os primeiros pontos da temporada, numa época em que o principal objectivo da equipa é já, e apenas, terminar as corridas. A F1 volta no fim-de-semana de 24 a 26 de Julho, na Hungria.

Foto de Capa: Mercedes AMG Petronas e Scuderia Ferrari

CSKA Sofia: Um Sentido Adeus ou um Simples Até Já

internacional cabeçalho

A nova época, que está prestes a começar, não vai dar à cidade de Sófia, capital da Bulgária, o sempre escaldante dérbi eterno entre os clubes com mais pergaminhos na cidade, CSKA Sofia e Levski Sofia, os mesmos que, durante décadas, fizeram ecoar o nome do país por essa Europa fora.

Depois de vários períodos altamente conturbados na sua história recente, o CSKA foi este ano despromovido na secretaria, a expensas de dívidas incobráveis a várias entidades oficiais do país e também salários em atraso de antigos jogadores e funcionários. A Federação Búlgara de Futebol (BFU), liderada pelo antigo internacional búlgaro e guarda-redes do Belenenses, Borislav Mihailov, não “perdoou” o antigo gigante do futebol do leste da Europa e retirou-lhe a licença que lhe permitia disputar o A Group (Liga Profissional Búlgara de Futebol A), condenando-o assim a uma longa travessia no deserto do futebol amador daquele país. Na próxima temporada, o histórico CSKA vai disputar a 3ª divisão do futebol búlgaro (Bulgarian V AFG), vendo-se assim obrigado a começar tudo de novo naqueles recantos onde a relva já não cresce e onde não poucas vezes a bola se torna num mero acessório durante uma partida de futebol.

No passado mês de Junho, um dos empresários mais poderosos do país, Grisha Ganchev, anunciou que iria, em parceria com outro empresário de sucesso, de seu nome Yuliyan Indzhov, assumir o controlo do CSKA, evitando assim uma eventual fusão com outra equipa da cidade numa tentativa de evitar a despromoção, conforme havia sido noticiado pelos meios de comunicação. Numa entrevista recente, Plamen Markov, uma antiga estrela da equipa e o novo Director Desportivo do CSKA, afirmou que não passa pela cabeça de ninguém envolvido neste novo projecto não ser possível regressar ao futebol profissional dentro de dois anos, algo que, caso venha mesmo a acontecer, marcaria certamente o fim dos lendários Армейците (Armymen).

Apresentação do novo treinador Hristo Yanev (segundo a contar da esquerda na foto) Fonte: Focus Sport
Apresentação do novo treinador Hristo Yanev (segundo a contar da esquerda na foto)
Fonte: Focus Sport

A nova direcção apresentou Hristo Yanev, um antigo internacional e talentoso médio búlgaro que já jogou, entre outros, no CSKA Sofia em duas ocasiões distintas, como novo treinador, que aos 36 anos de idade terá pela frente a hercúlea tarefa de devolver o histórico emblema búlgaro aos campeonatos profissionais daquele país do leste europeu.

Esta súbita despromoção é uma autêntica nódoa na história de um clube como o CSKA Sofia, que, durante décadas a fio, marcou – e de que forma! – o futebol búlgaro e mesmo o europeu, quer através das suas conquistas a nível nacional, quer através do talento de várias gerações de futebolistas que colocaram o clube na elite do futebol do velho continente.

Hristo Stoichkov, Emil Kostadinov, Lyuboslav Penev, Trifon Ivanov, Stiliyan Petrov, Georgi Dimitrov e Plamen Markov, entre outros, marcaram vincadamente as décadas de ouro do futebol búlgaro. As vitórias contra o Notthingham Forest FC, o Liverpool e o Bayern Munich, no início da década de 1980, deram ao CSKA uma projecção invejável na Europa futebolística, ao mesmo tempo que uma sólida produção de novos talentos, em constante desenvolvimento, permitiam ao CSKA conquistar seis campeonatos nacionais em dez anos, relegando assim os seus eternos rivais, Levski, para segundo plano. Foi precisamente num desses sempre escaldantes dérbis que teve lugar um dos piores episódios (provavelmente apenas destronado por esta abrupta descida de divisão) da história do CSKA. Em 1985, numa final da taça da Bulgária disputada no outrora imponente Vasil Levski National Stadium, o CSKA Sofia, que à época estava a atravessar um período de transição com a chegada à equipa de talentosos jovens como Hristo Stoichkov, enfrentava um bem estruturado e poderoso Levski, que contava na altura com jogadores como Nasko Sirakov, Plamen Nikolov, Emil Spasov e Bozhidar Iskrenov.

Equipa do CSKA Sofia 1988-89, da qual fazia parte entre outros, Hristo Stoichkov Fonte: Sibir
Equipa do CSKA Sofia 1988-89, da qual fazia parte entre outros, Hristo Stoichkov
Fonte: Sibir

 

O jogo tinha tudo para ser mais um memorável eterno dérbi do futebol búlgaro, mas acabou por ficar na história pelos piores motivos. Uma bola que Georgi Slavkov aparentemente controlou com o braço e que culminou no primeiro golo do CSKA e um hipotético penálti sobre Iliya Voinov quando o resultado já estava em 2-0 foram suficientes para incendiar os já irados adeptos das duas equipas e também os jogadores, que durante toda a partida se envolveram em diversas escaramuças, com cartões vermelhos a voarem, literalmente, para uma e outra equipa, deixando, ainda assim, muitas vezes os verdadeiros perpetradores passar incólumes. O jogo terminou com o resultado de 2-1 para CSKA, mas o que estava para acontecer, consequência das cenas de violência física e verbal a que os búlgaros assistiram durante toda a partida, viria a entrar para os livros de história do futebol. O Comité Central do Partido Comunista Búlgaro, liderado à época com mão de ferro por Todor Zhivkov, resolveu dissolver as duas equipas e voltar a criá-las sob uma nova gestão.

O CSKA passou a chamar-se numa fase inicial Sredets e o Levski passou a ser conhecido por Vitosha; ambos os treinadores foram despedidos e vários jogadores das duas equipas foram banidos para sempre do futebol búlgaro. Hristo Stoichkov, por exemplo, foi condenado por violação da moral socialista e por holiganismo, algo que poderia ter arruinado a sua carreira, como o próprio admitiu mais tarde numa entrevista. Plamen Nikolov e Emil Spasov, por seu lado, sofreram um rude golpe nas suas carreiras, uma vez que tinham já pré-acordos assinados com o FC Porto e viram os mesmos anulados pela Federação Búlgara de Futebol (BFU).

Sem o dérbi eterno e sem o CSKA Sofia, o futebol búlgaro ficará inevitavelmente mais pobre; ainda assim, nada disto demove os fervorosos adeptos dos Армейците (Armymen), que já fizeram questão de afirmar que não irão abandonar a equipa nesta nova dura etapa que os espera. Do outro lado da barricada, Stoycho Stoev, actual treinador dos vizinhos e rivais Levski, foi também peremptório ao afirmar que o dérbi eterno é algo que nunca poderá ser substituído e, num acto de raro desportismo, desejou que o CSKA regressasse rapidamente ao convívio entre os grandes.

Foto de Capa: ‘Portal CSKA’ – Site relativo ao CSKA em búlgaro

Copa América’2015 – Chile 0-0 Argentina (4-1 nas g.p): Apaixonante!

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O Chile inteiro parece ter entrado pelo Estádio Nacional Julio Maríntez Prádanos adentro. As bancadas coloriram-se do vermelho e branco das milhares de bandeiras chilenas ferverosamente agitadas por um público que viveu esta Copa América como o momento histórico que a competição, de facto, constituiu para um povo que, não fugindo à regra sul-americana, vive o futebol de uma forma que só entusiastas do desporto-rei conseguirão entender.

O hino argentino foi assobiado, o chileno cantado… perdão, gritado, a plenos pulmões, com uma entrega que se esperava contagiante, das bancadas para o campo.

O Chile, embalado pelo fervor das bancadas, começou melhor o encontro, pressionante sobre a área argentina, à medida daquilo que vinha fazendo contra os adversários que teve pela frente até à final, não se atemorizando pelo nome do adversário, anulando com determinação e, até, alguma agressividade as intenções contrárias (Vidal e, sobretudo, Aranguíz importantíssimos neste capítulo, auxiliando o “joker defensivo” chileno, Marcelo Díaz, que tanto fez de trinco como central quando os laterais subiam no terreno) de forma a lançar um ataque caracterizado pela  abundância – de homens e talento. O primeiro lance de perigo ilustrou isto mesmo, culminando com um remate de Vidal a causar dificuldades ao guarda-redes argentino, Sergio Romero.

A Argentina só conseguiu reagir por bola parada – livre batido por Messi, cabeceamento de Aguero e defesa apertada de Claudio Bravo. O ataque organizado alviceleste ia sendo, portanto, neutralizado, e as coisas ficaram ainda piores quando Angel Di María se lesionou (entrou Lavezzi). Tomando conhecimento da superioridade chilena, a Argentina reorganizou-se (Pastore, Lavezzi e Messi vieram mais atrás buscar jogo, Rojo e Zabaleta deixaram de subir tanto) e não permitiu tanta posse ao adversário, conseguindo, até, ganhar algum terreno com esta mudança estratégica, exibindo-se em bom plano nos últimos quinze minutos do primeiro tempo, culminados com um bom lance de envolvência ofensiva – Lavezzi lançou Pastore no flanco esquerdo, Messi e Aguero deslocaram a marcação, deixando espaço para o “inventor” da jogada rematar para uma boa intervenção do guara-redes chileno.

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Higuain falhou uma grande penalidade decisiva
Fonte: goal.com

A segunda parte trouxe mais do mesmo daquilo que se foi vendo na primeira meia hora de jogo, com o Chile a tomar o controlo do encontro, tendo como “capitães” da batalha do meio-campo Aranguíz e Marcelo Díaz, a oferecer mais posse de bola ao ataque chileno e “secando” completamente o ataque argentino. As situações de perigo criadas por La Roja, porém, eram escassas, apesar da vontade – Sanchez roubou a bola a Otamendi após uma má recepção do central do Valência nos primeiros segundos de jogo, mas isso apenas resultou num cruzamento para um cabeceamento inofensivo de Vidal à figura de Serigo Romero.

Até ao final do tempo regulamentar, a intensidade mantinha-se, mas a bola ia passando cada vez menos pelas extremidades do terreno de jogo, algo a que não estaria alheio o medo de não perder perante a proximidade do prolongamento. Ainda houve espaço, porém, para mais duas oportunidades de perigo – Sanchéz, num remate espectacular, de primeira, atirou ao lado da baliza de Sergio Romero, e Higuaín concluiu um contra-ataque argentino, lançado por Messi, com um remate à malha lateral da baliza chilena naquele que foi o último lance de perigo do tempo regulamentar.

O prolongamento não trouxe muito ao jogo, revelando fragilidades físicas esperadas de ambos os lados (embora o Chile estivesse mais fresco tanto pelo facto de não ter esgotado as substituições como pelas 24 horas a mais de descanso entre a meia-final e o jogo decisivo) e heróis da entrega, como Zabaleta, que emendou um erro de Mascherano, indo incomodar ao flanco direito (!!!) um remate perigoso de Alexis Sanchez, que não saiu conforme o atacante desejaria por força da intervenção do lateral do Manchester City, naquela que foi a única oportunidade de perigo do tempo extra.

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O Chile venceu pela primeira vez a competição
Fonte: globoesporte.com

Nos penalties, Higuaín e Banega falharam e coube a Alexis Sanchez a decisão de dar o primeiro título da história do Chile. Não era o tudo o nada da La Roja, mas entre a marca dos onze metros e a baliza de Romero estava, então, a distância de se agarrar uma oportunidade única – o Chile atuava perante os seus adeptos e tinha à sua disposição a selecção mais talentosa de sempre. Alexis avançou para a bola e, fervilhando nas suas veias uma mistura de loucura e frieza, executou, devagar, um penalti que colocou em suspenso toda a nação chilena mas que terminou no fundo das redes e significou um dos momentos mais felizes desta nação.

Um penalti que fez parar a respiração de um país inteiro, momentos em que a história ainda não se tinha escrito e a alegria ainda não tinha tido autorização para se soltar. Segundos que duraram horas, todos eles angustiantes, mas que, no fim, valeu a pena suportar.

O futebol tem destas coisas… apaixonantes.

 

Figura do Jogo: Charles Aranguiz – Foi o principal responsável por travar um dos melhores ataques do mundo em selecções. Pareceu omnipresente, desdobrando-se em desarmes um pouco por todo o terreno, nunca se desorganizando. Foi o capitão da batalha do meio-campo ganha à alviceleste e que permitiu ao Chile alcançar a superioridade na posse de bola, fundamental para neutralizar o ataque argentino e manter a confiança chilena na conquista da Copa América. No prolongamento, manteve a entrega e revelou uma enorme disponibilidade física.

Fora-de-jogo: Javier Pastore – Pastore não teve, propriamente, a exibição mais pobre da carreira, mas esteve muito apagado durante a partida e, apesar de ter pela frente um batalhão de incansáveis (sobretudo Aránguiz), exigia-se mais intensidade e entrega ao avançado do PSG.

Este miolo parece delicioso!

hic sunt dracones

Depois de André André, Sérgio Oliveira e Carlos Eduardo, Giannelli Imbula e Danilo Pereira são as mais recentes contratações para o meio-campo azul e branco. Cinco jogadores que se juntam a um meio-campo bem apetrechado onde figuram Rúben Neves, Herrera, Evandro e Quintero. São nove jogadores para três posições do tão já afamado 4x3x3 portista. Jogadores a mais para posições a menos.

A pergunta óbvia tem ocupado a cabeça de muitos portistas. Como encaixar tanta gente em tão poucas posições? Uma parte da resposta parece-me mais do que óbvia. Alguém vai sair:

– Carlos Eduardo, emprestado ao Nice na época passada, valorizou bastante depois das boas exibições em terreno francês. Neste momento, a grande dúvida parece ser mesmo o clube que o vai acolher na próxima época. Mónaco ou Nice, diz o jornal francês L’Equipe.

– Evandro? Pessoalmente, gosto bastante de Evandro. Considero-o um jogador inteligente e que oferece bastantes garantias quando entra. Para além disso, e como nós bem sabemos, é um bom marcador de grandes penalidades.

– Quintero… enorme criatividade num pé esquerdo fabuloso. Mas há sempre algo que parece faltar ao colombiano. E a nível defensivo, muitas são as bocas azuis e brancas que lhe exigem mais.

– Herrera? Talvez tudo se resuma à prestação do mexicano na Gold Cup. Se Herrera voltar a destacar-se, como já aconteceu no Mundial, poderá ser um sério candidato à saída.

As expetativas que recaem sobre as duas contratações anunciadas são enormes. Se em relação a Danilo já se sabe o que esperar, o preço de Imbula é mais do que suficiente para deixar os adeptos portistas a sonhar. Ora, parece que há duas posições no miolo portista que estão entregues e, ao contrário do que aconteceu na época passada com Casemiro, parece finalmente existir capacidade para começar a construir (com qualidade) a partir do médio defensivo.

Força, velocidade, visão de jogo, poder de choque, inteligência, posicionamento… Tudo neste meio-campo que se está a formar parece delicioso. Falta ocupar a última vaga. E agora? Quintero, André André, Herrera…? Deixem-me criar ainda mais confusão neste grande quebra-cabeças. Brahimi é um jogador que tem deixado muitos clubes a salivar. Para além disso, o investimento no argelino é grande e as esperanças em que este se valorize são altas. Brahimi já jogou no centro do terreno e há muitos portistas a pedir que o craque assuma a posição mais avançada do miolo portista.

E agora, Lopetegui? O que é que reservas para toda a comunidade portista? Para além dos títulos, claro…

Foto de capa: fcporto.pt