Com Sampaoli e com o 3-4-3, a equipa foi campeã nacional e conquistou a taça. O técnico chileno abalou para o comando da seleção e com ele esta filosofia, mas os resultados mantiveram-se. Sampaoli orientou o Chile em duas Copas América e num Campeonato do Mundo, sempre em 3-4-3. As duas Copas, uma ficou em solo chileno, país organizador em 2015, a outra foram-na buscar aos EUA. Já no Campeonato do Mundo de 2014, o Chile contribuiu para a catástrofe espanhola ao derrotar os então campeões do mundo por 2-0 e só foi afastado nas grandes penalidades pelo Brasil nos oitavos-de-final.
Este impressionante currículo fez com que no início desta temporada, Sampaoli fosse apontado como o novo timoneiro do Sevilha. Sem ser o afastamento da Taça do Rei às mãos do Real Madrid, nos quartos-de-final, o Sevilha ocupa nesta altura o 3º lugar, perto de Barcelona e Real, e está nos oitavos da Champions onde vai defrontar o Leicester.
Contudo, não foi Sampaoli que fez com que o 3-4-3 começasse a brilhar na Europa. Como foi dito, em Itália já se jogava assim, mas foi preciso António Conte tornar esta ideia de jogo numa arma. O Siena de Conte deu ares da sua graça em 2011 quando terminou em segundo lugar na Serie B. Garantida a promoção, o ex-jogador da Juventus recebeu um convite para ir treinar a Vecchia Signora.
Conte foi três anos treinador da Juve e três vezes campeão. Chiellini, Barzagli, e Bonucci, eram estes os três defesas com que Conte contava, tanto na Juventus como na seleção italiana, que treinou, aí sim sem grande brio, durante dois anos. Hoje estes papéis são representados por David Luiz, Gary Cahill, e Azpilicueta. Notam a diferença? É que na fórmula acima os três defesas são centrais de raiz. No 3-4-3 do Chelsea de Conte, um deles, neste caso Azpilicueta, é lateral.
Traduzido para miúdos, quando a equipa se encontra em processo defensivo, a linha de três mantém-se estável, e os laterais, aqui interpretados como médios interiores, exemplo mais notório do Chelsea no caso de Marcos Alonso, dão suporte defensivo junto à linha. Do ponto de vista ofensivo, a tendência é para linha de três subir até ao meio-campo, o lateral é a peça transportadora da bola, e um dos médios mais recuados, no Chelsea de Conte alterna-se entre Matic e Kanté, compensa cá atrás fazendo com que a equipa nunca fique desfalcada.
Óbvio que isto tem falhas. Nenhuma tática é 100% eficaz. Em momentos de jogo partido é muito provável que existam descompensações, mas esse mal é comum em todos os casos. É claro que, apesar da mesma tática, Conte e Sampaoli diferem. No Chelsea é muito comum ser David Luiz o homem que sai a jogar, quando não é um dos médios a fazê-lo. Já no Sevilha parece existir uma preferência por ser um dos médios, N’konzi ou Iborra, a ser o primeiro a transportar a bola para a frente.