Itália, o berço da pizza, da pasta, da ópera, e do Roberto Di Baggio. Sim, jamais pensaria fazer um artigo sobre algo oriundo do futebol italiano sem mencionar, ainda que ao de leve, um dos meus jogadores preferidos, mas não é dele que falamos. Quando pensamos na terra dos romanos e associamos o futebol vem-nos à cabeça o AC Milan no tempo de Kaká, o Inter de Mourinho, Totti, e a mais recente hegemonia da Juventus. É mais do que isto. Estamos a falar de uma nação tetracampeã mundial, o último do quais em 2006, na final que ficou marcada pela famosa cabeçada de Zidane a Materazzi.
“Em Itália o futebol é mais lento”, ouvi isto numa conversa de café com amigos. Não é que o futebol seja mais lento, mas há uma razão e fundo para se dizer isto. Em vez de lento, em Itália, o futebol é mais estratégico. Está tudo ligado à tática e à principal característica de boa parte das equipas italianas, saber defender.
Se a teoria da falta de rapidez fosse verdade, então poucos seriam os golos marcados na Serie A, e se formos a ver os números, só este ano em 22 jornadas disputas há uma média de 2.77 golos por jogo. Ou seja, quase 3 golos por jogo. Not bad! Mas como já foi fraseado, isto dos golos e da velocidade de jogo depende tudo do que está no papel, a tática. O tempo encarregou-se de munir os italianos com uma capacidade de adaptação que lhes permitiu criar algo de absolutamente invulgar e com resultados fantásticos, o Três Quatro Três.
A ideia de abordar um jogo de futebol com três defesas parece quase suicida, mas facto é, que os italianos e alguns países da América do Sul já o fazem há algum tempo. O problema disto estava na forma como o que estava escrito era transposto para o relvado. Inicialmente os três defesas estavam lá, e quando digo três defesas, são três centrais de raiz. Se há skill pelo qual o defesa-central não é muito conhecido, embora hoje em dia menos, é a rapidez. Ora isto fazia com que a equipa ficasse mais permeável à abordagem dos atacantes adversários. E a compensação? Perguntam vocês. Essa era outra dor de cabeça. Quando as coisas apertavam passava-se a ter cinco em vez de três defesas, que por norma, eram os dois médios mais recuados.
Resultado, desorganização táctico-defensiva que levava ao prejuízo. Mas isso deixou de ser problema. No início da época 2010/2011, dois homens decidiram transformar esta ideia de usar três defesas numa fórmula para ganhar jogos, um no Chile e outro, claro está, em Itália. Jorge Sampaoli antes de ser nomeado seleccionador do Chile era treinador do Club Universidad do Chile e foi lá que ele começou a pôr em prática o 3-4-3. Só para que se tenha noção, antes de Sampaoli e desta forma de jogar, o Universidad do Chile era equipa de ficar entre o 4º e o 8º lugar.