No recomeço da Bundesliga, depois de umas curtas férias, o TSG Hoffenheim recebeu o FC Bayern Munique, naquele que era um jogo vital para Niko Kovac.
Não só pela dificuldade do próprio adversário e do que uma possível derrota significaria nas contas do título, mas também pela questão da confiança, tendo em vista os confrontos para a Taça da Alemanha e Liga dos Campeões, onde a equipa tem fortes aspirações.
Julian Nagelsmann apresentou o seu habitual 3-5-2, onde Demirbay foi o médio mais recuado, com Bittencourt pela esquerda e Kramaric pela direita. Na frente, Belfodil foi o companheiro de Joelinton, relegando para o banco dos suplentes o húngaro Szalai.
Niko Kovac parece ter abandonado definitivamente o 4-3-3, que lhe ia custando o lugar – considerando os maus resultados -, apostando agora no 4-2-3-1 onde, pelo menos por agora, não há lugar, nem para Gnabry, nem para James Rodríguez.
Assim, foi Leon Goretzka que figurou no onze inicial, aparecendo nas costas de Lewandowski, com Coman sobre o lado esquerdo do ataque. Apesar dessas posições de referência, as trocas posicionais na equipa bávara foram uma constante e contribuíram em grande parte para a vitória por 1-3.
Com o mencionado 3-5-2, Nagelsmann pretendia, como é recorrente, pressionar de forma agressiva o adversário (com os alas-laterais a subirem no terreno e abandonarem a linha defensiva), destabilizando o seu início de construção.
Uma estratégia que acabou por não ter o impacto desejado, já que o duplo-pivô Thiago-Javi esteve sempre muito equilibrado, jogou bem sobre pressão e permitiu ao Bayern manipulá-la e rompê-la.
Nessa pressão alta, que procurava destabilizar a primeira fase de construção do Bayern, Kramaric (médio interior direito) tinha a missão de vigiar Thiago e impedir que o internacional espanhol tivesse um impacto direto na construção.
Contudo, o Bayern foi capaz de manipular a pressão alta do Hoffenheim a seu favor. Através de uma dinâmica recorrente, Thiago baixava até zonas bem profundas e arrastava consigo Kramaric, criando uma bolsa de espaço sobre a esquerda, onde aparecia recorrentemente Goretzka, mas também Lewandowski, e o Bayern conseguia ultrapassar a pressão do Hoffenheim (como vemos em baixo).
Quando Goretzka aparecia nesse espaço, Sule e Hummels faziam uso da sua capacidade para quebrar linhas de pressão, através do passe, para fazer a bola chegar ao ex-FC Schalke 04.
Essa pressão alta colocava muitos jogadores no meio-campo defensivo do Bayern. Assim, foi recorrente termos o Hoffenheim a lidar com situações de inferioridade numérica dentro do seu próprio meio-campo, com a sua defesa em contrapé face aos avançados bávaros.
Adicionalmente, Kovac deu instruções a Alaba para ocupar uma posição mais recuada do que o habitual, já que o treinador bávaro sabia que Nagelsmann gosta de pressionar os defesas-laterais adversários (aqui Alaba e Kimmich) com os seus alas-laterais.
Assim, se Alaba ficasse mais recuado, significava também que Posch (defesa-central sobre a direita) ia estar mais longe do seu ala-lateral. Por outras palavras, ia ficar numa situação de um para um com Coman, um jogador muito mais rápido e difícil de controlar, quando se é obrigado a defender em contrapé.
Tudo isto esteve na origem do primeiro golo do jogo:
Uma primeira parte demolidora do Bayern, pela forma como frustrou os planos do adversário, que fez por merecer a vitória, apesar da boa resposta do Hoffenheim no segundo tempo. A evolução do Bayern é notória desde a derrota frente ao Borussia Dortmund.
LÊ MAIS: Força da Tática: Deus é um Diabo… e voa
Temos campeonato!
Foto de Capa: FC Bayern Munique