No regresso da “nossa” amada Liga dos Campeões (UCL), Sérgio Conceição voltou a Roma, agora como treinador, para enfrentar a armada Giallorossi. O confronto entre AS Roma e FC Porto é talvez o jogo mais equilibrado, e com desfecho mais imprevisível, destes oitavos de final da Liga dos Campeões.
Neste primeiro embate, Eusebio Di Francesco e Sérgio Conceição tinham algumas ausências nas suas equipas, em especial do lado azul e branco. Under e Olsen (apesar de estar no banco) eram cartas fora do baralho italiano, mas as ausências de Marega e Corona prometiam ter um maior impacto (e cumpriram) na armada portista.
Essas ausências contribuíram para acentuar mais o equilíbrio entre ambas as formações. Assim, em dois conjuntos que tiveram uma grande dificuldade em se impor através da posse de bola (até aí ouve equilíbrio), o que faz a diferença?
A qualidade individual. Emergiu, novamente, Dzeko.
Claro, Zaniolo marcou os dois golos e realizou uma exibição excelente, mas o impacto que o bósnio tem, época atrás de época, na equipa Giallorossi é decisivo. Foi na última edição da UCL e promete voltar a ser.
Equipas Iniciais
Roma, em 4-2-3-1 I Mirante – Florenzi, Manolas, Fazio, Kolarov – Cristante, De Rossi – Zaniolo, Pellegrini, El Shaarawy – Dzeko.
Porto, em 4-4-2 I Casillas – Eder Militão, Pepe, Felipe, Telles –Otávio, Herrera, Danilo Pereira, Brahimi – Soares e Fernando Andrade.
Roma incapaz de impor a sua superioridade numérica na saída de bola
Assim que o árbitro da partida apitou para o início do jogo, saltou à vista a incapacidade da equipa romana materializar a superioridade numérica que tinha na sua primeira fase de construção.
Com vemos no vídeo em baixo, a própria estrutura italiana, em posse, não facilitava a progressão. A circulação que já era lenta (pelos intervenientes), tornava-se ainda mais previsível pelo espaçamento entre os jogadores. Com bola, quanto mais previsível é o jogo, menos eficaz é.
O Porto sabia perfeitamente qual era o objetivo da Roma na construção e aproveitou a previsibilidade adversária para o impedir. Esse objetivo era fazer a bola chegar a Zaniolo-Pellegrini, posicionados nas costas dos médios portistas (em baixo).
Zaniolo e Pellegrini esperavam, mas os colegas eram incapazes de impor a vantagem numérica que tinha na saída.
Faltou veneno a este Dragão
A partida jogou-se a um ritmo lento, particularmente pela já mencionada incapacidade de ambas equipas agredirem o seu adversário, através da posse de bola. Esta “falta de veneno” foi muito evidente no Porto.
Sem Corona e Marega, recaía sobre Brahimi a responsabilidade de agredir. O argelino teve os seus momentos, recebendo no espaço entre o corredor central e a ala, ou embalando desde trás, conseguindo conquistar um ou outro canto, mas apenas iniciativas que não faziam o Olímpico suster a respiração.
Assim, como se percebe pelo vídeo, foi um Porto inofensivo pela incapacidade de mudar o ritmo. Essas mudanças eram fundamentais para ultrapassar a estrutura sólida romana, que não pressionava quando perdia a bola, mas procurava sim baixar rapidamente para o seu meio-campo para defender (como vemos no vídeo em cima, quando Brahimi arranca).
Dzeko, outra vez? O homem deve ter as costas destruídas.
Não vou colocar nenhum clip das intervenções de Dzeko, porque vídeos de 40 minutos são demasiado “pesados”.
Pode não ter a atenção mediática de outros #9, mas é um monstro. Móvel, associativo, dominante, esteve em todo o campo, jogou e fez jogar (e muito). Não contente com a companhia de Felipe e Pepe, flutuava para a direita para se impor a Militão, e baixava para junto de Danilo para receber de costas e permitir à equipa sair em transições.
Intervenções com bola de Dzeko no jogo:
A Roma venceu porque conseguiu ter em Dzeko a resposta que precisava às dificuldades que mostrei no início, em se impor com bola. O Porto, sem Marega e Corona, não tinha essas respostas.
“Vemo-nos” no Estádio do Dragão!
Foto de Capa: AS Roma