Andrea Belotti é um dos jogadores que mais me tem surpreendido, especialmente esta época. Quem não o conhece que veja um jogo do Torino FC. É o capitão e o jogador mais diferenciado da equipa. Não só pelos golos, mas também pelo que trabalha dentro das quatro linhas. A consistência demonstrada ao longo dos anos, adivinham-lhe um futuro risonho.
Apesar do relativo sucesso com que lida atualmente, não teve um trajeto futebolístico como a maioria dos jogadores da atualidade. Não teve formação em nenhum clube, dito grande, do futebol transalpino, tendo ingressado apenas aos 19 anos no Palermo (2013), oriundo do UC Albino Leffe (que milita na Serie C). Dois anos depois, deu o salto para o Toro, onde se mantém até hoje.
A nível físico, é um autêntico “Panzer”. Para além da sua estatura (1,81m), que lhe permite combater com os mais temíveis defesas da Serie A, apresenta uma robustez corporal como poucos. É o tipo de avançado, cujo estilo tanto se adapta a uma equipa mais modesta (como o Torino, atualmente), ou a um conjunto que lute por outro tipo de objetivos. Gosto de lhe chamar, “o ponta de lança híbrido”, porque consegue jogar de forma tão eficaz em ataque organizado, como em transições rápidas.
No campo da estratégia, impressiona pela inteligência nos seus movimentos. Com ou sem bola, quer seja no processo defensivo ou ofensivo, é, acima de tudo, um jogador de equipa. Preferencialmente, atua como único jogador no centro de ataque, uma vez que o seu raio de ação é enorme, e é capaz de dar conta do recado sozinho.
Tecnicamente, não é propriamente vistoso em cada toque, mas também não é “tosco”. De processos simples e sem grandes “rodriguinhos”, vai mantendo o emblema da cidade de Turim afastado dos lugares perigosos. Os momentos que mais chamam à atenção do adepto comum são, sem dúvida, a potência em cada remate, e os golos acrobáticos, de deixar qualquer um, boquiaberto.
Posteriormente, tem uma característica rara, nos dias que correm: a lealdade (até ver). São inúmeras as declarações de amor que já fez ao Torino, deixando-me a mim e aos adeptos rivais em desespero. Com todo o respeito pelo clube que representa, o ultimamente titular da squadra azzurra, tem asas para outros voos.
Em Itália, seria, de caras, titular em qualquer equipa que escolhesse. Podia ser o “matador” que falta em Nápoles, ou até, quem sabe, o “Benzema” de Cristiano Ronaldo na Juventus (apesar de ser menos provável a ida para o eterno rival). Tão bem que encaixava no Atlético, de Simeone, ou no Chelsea de Lampard… Mas, por agora, resta-nos apreciar Belotti no Torino FC e na seleção italiana. Reitero, é, principalmente, por este homem-golo/ponta de lança trabalhador, que os jogos do Il Toro ganham outra dimensão.
Foto de Capa: Torino FC
Artigo revisto por Joana Mendes