Paulo Robles: Os eleitos de Roberto Martinez – A argumentação e o contraditório

    Paulo Robles está na Tribuna VIP do Bola na Rede. É treinador de futebol e inicia a sua rubrica de opinião “Zona de Pressão” no Bola na Rede. “Zona de Pressão” pretende ser um espaço critico sobre temas da atualidade e não só, que visam explicar melhor o fenómeno do futebol nas mais diversas vertentes..

    Vamo-nos deixar de “tretas”. Somos candidatos a ganhar o Europeu da Alemanha que começa a 14 de junho de 2024. Não existiu nem existirá num futuro a curto e médio prazo, uma convocatória que não deixe dúvidas ou que não seja suscetível de crítica.

    E porquê?

    1- Portugal tem um leque de escolha como nunca teve;

    2- Portugal com fase imaculada de apuramento, teve zero derrotas;

    3- Portugal vem de um Mundial controverso na relação: Selecionador x Cristiano Ronaldo;

    4- Existem seleções, habitualmente fortes e candidatas, que neste Europeu, por uma razão ou por outra, não estão ao nível que costumam estar (o que pode ser enganador);

    5- Selecionador estrangeiro, diplomata, simpático e empático, que promove, sempre, comparação com outros selecionadores estrangeiros e com treinadores portugueses da praça, que podem ter sido ou não, convidados, para o mesmo cargo de selecionador, antes de Martinez;

    6- A opinião pública em Portugal, está cada vez mais solidificada em “opinion makers”, que vivem precisamente da utilização do contraditório;

    7- Características do povo latino, à beira mar plantado.

    Cristiano Ronaldo a jogar por Portugal
    Fonte: Carlos Silva/Bola na Rede

    Somos piores pessoas por sermos assim? Creio que não. O que temos de saber, é o lugar de cada um. Posso ter opinião sobre algo que não percebo? Claro que sim. Posso ter opinião sobre algo que acho que percebo, porque vejo muito e falo muito daquele assunto? Claro que sim. Tenho é de saber pôr-me no sítio, e não me colocar a conjeturar sobre algo, que nunca fui confrontado com situação similar. Chama-se a isto, talvez: saber estar no seu lugar.

    Martinez, a meu ver, justificou quase tudo bem. Cometeu erros na articulação da argumentação, como eu e todos, podemos ou poderíamos cometer, na mesma ou em situações semelhantes.

    Um estágio decisivo em março, mas a convocatória é o somatório de todos os meses de apuramento? Uma parte de um jogo, um estágio de cinco dias, meia temporada a muito bom nível, suficiente para confirmar a espontaneidade e a confiança de um jogador para entrar durante um Europeu e mudar o resultado de um encontro? O oposto de um jogador sobrecarregado de jogos durante uma época, é um jogador com escassos minutos durante a época, e oriundo de uma lesão grave? O azar que justifica certas situações, não justifica o azar das lesões de Pepe e Raphael Guerreiro? Jogadores estarem habituados a ritmos de Champions, Taças e Premier League, vs. jogadores com ritmos, provenientes de competições domésticas, em Continentes bastantes afastados do Europa?

    A ideia da convocatória é clara, e eu assumo: concordo com as linhas gerais. É difícil ser treinador, também difícil, deverá ser, ser selecionador. Compreensível que o selecionador, a dar os primeiros passos como selecionador de Portugal, com tanta qualidade ao nível de jogadores, com uma história recente de evolução ao nível de resultados, jogou pelo seguro. Protegeu-se nos excelentes resultados do apuramento.

    Agora, ele sabe e muitos de nós sabemos: um Europeu é uma prova de surpresas, de pouco tempo para solidificação de um modelo, com a estratégia a viver muito da análise do adversário e da colocação da motivação a níveis máximos. Será necessário ter a equipa domada e dominada ao longo de todo o torneio. Todos juntos.

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