Croácia 0-0 Bélgica: «Masterclass» de Luka Modric na última dança belga no Mundial

    A CRÓNICA: JOGO DE CARTAZ DECISIVO FOI ESPETÁCULO À ALTURA DAS EXPECTATIVAS

    Terminou a caminhada da seleção belga no Mundial de 2022! Foi um duelo entre duas seleções, Bélgica e Croácia, que, em teoria, teriam mais argumentos neste grupo. No entanto, e como já tem sido apanágio desta competição, foi Marrocos a causar surpresa e passar em primeiro lugar, relegando a seleção croata para segundo do grupo e deixando de fora as seleções da Bélgica e do Canadá.

    Neste jogo assistimos a tudo, jogadas desenhadas ao pormenor, remates inofensivos, contra ataques venenosos e falhanços incríveis. No entanto, e para quem viu este jogo, assistimos a uma batalha de definição e leitura de jogo entre o mestre e o aprendiz. Que jogo de luxo de Luka Modric, o mestre, e do seu aprendiz, Kevin De Bruyne. Simplesmente delicioso, lindo de ser visto, dois dos melhores centro campistas da atualidade, um deles já numa fase muito avançada da carreira, mas que surpreende a cada jogo que passa, o outro, na plenitude dos seus recursos, a carregar toda uma seleção sem ideias e sem rumo, às suas costas. De facto, as braçadeiras de capitão estavam muito bem entregues no jogo de hoje, a dois timoneiros, faróis das suas seleções, a orientar as saídas com bola, a procurar os seus companheiros, a progredir no terreno de jogo, no último passe, eles estiveram sempre lá, incansáveis, do primeiro ao último segundo.

    A primeira parte foi muito tática, sem grande espaço para jogadas perigosas, com as equipas a estudarem-se bem e a conseguirem anular os movimentos uma da outra, o que fez realmente com que não existisse espaço para a criatividade dos seus intérpretes. Do lado croata, Modric foi sempre o mais interventivo, a organizar a sua equipa e a pegar na bola para construir e, no lado belga, a tarefa de De Bruyne foi sempre mais ingrata, porque teve de ser ele a construir, a atacar, a levar a bola para a frente, porque não tinha Kovacic e Brozovic como auxílio, o que fez com que a Bélgica não tivesse ideias nenhumas nem fio de jogo.

    Na segunda parte assistimos a um jogo totalmente diferente, até por força da necessidade belga, com jogadas de perigo extremo, contra ataques venenosos, mas com uma ineficácia gritante de Lukaku e companhia que, com Thierry Henry a assistir do banco, não fizeram o que era suposto no ataque da equipa comandada por Roberto Martínez.

    Quero destacar ainda aqui a exibição monstruosa de Gvardiol, que senhor é este central, foi ele que deu o apuramento à sua seleção nos momentos finais e nos duelos sempre quentes com Lukaku, não vacilou, cortou, aliviou e defendeu como sabe, com classe mundial.

    No final, festejou a Croácia, que passa em segundo lugar deste grupo, por força deste empate precioso com a seleção belga!

     

    A FIGURA

    Luka Modric – Quem mais, não é? Que jogo delicioso do maestro da Croácia! O jogo gira à sua volta, como se fosse um ponto estratégico para os seus companheiros, a atacar e a defender, Luka é irrepreensível. Não sabe jogar mal, nunca o faz, até quando falha um passe, parece que tem uma magia diferente dos outros. A bússola croata, onde o jogo da sua seleção começa, sempre por ele, a organizar tudo e todos, como se fosse o professor dos seus alunos que, aos 37 anos, faz lembrar uma bela garrafa de vinho tinto, que estagiou durante muitos anos nos melhores palcos do mundo, e que continua a ser cada vez melhor a cada ano que passa.

    Um autêntico recital de música clássica protagonizado pelo camisola 10. Senhoras e senhores, apresento-vos o trequartista croata, para sempre, Luka Modric.

     

    O FORA DE JOGO

    Marko Livaja – Se não olhasse de novo para o onze inicial da Croácia, nem sequer diria que Livaja jogou a titular pela sua seleção. Simplesmente não esteve em campo, raramente se viu. O jogo atacante croata passou quase sempre pelos pés quer de Kramaric, quer de Perisic, deixando o camisola 14 croata completamente a “leste” desta partida. Acabou por deixar o terreno de jogo aos 64 minutos de jogo, para dar lugar a Petkovic, marcando uma exibição apagada e sem brilho.

     

    ANÁLISE TÁTICA – CROÁCIA

    A seleção croata apresentou um 4-3-3 clássico, com todo o jogo a passar por Modric, claro está, que organizou e distribuiu sempre a bola com tremendo critério. Gostei de ver as dinâmicas desta equipa da Croácia, com jogadores muito competentes, da baliza ao ataque, a defender e a atacar com muito critério. Kovacic ajudou muito Luka na saída com bola, cabendo a Brozovic o papel mais recuado no terreno de jogo, procurando sempre no ataque Kramaric, para combinações com Perisic, sempre em saídas atacantes certas e cirúrgicas, esta seleção está bem montada e ataca pela certa, sempre. 

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Livakovic (7)

    Juranovic (6)

    Lovren (8)

    Gvardiol (10)

    Sosa (7)

    Brozovic (7)

    Kovacic (8)

    Modric (10)

    Perisic (8)

    Livaja (2)

    Kramaric (7) 

    SUPLENTES UTILIZADOS

    Petkovic (5)

    Pasalic (3)

    Majer (4)

     

    ANÁLISE TÁTICA – BÉLGICA

    A ausência de criatividade é notória, numa equipa que se refugiou sempre em De Bruyne, para sair para o ataque com critério, o jogador do Manchester City FC era sempre o homem que recebia a bola. Muito sacrificado por este papel, não conseguiu ser decisivo, num esquema tático em que contou com Carrasco mais “preso” ao flanco, sendo que Mertens e Trossard, andaram soltos no campo, pelos flancos e pelo meio, a baralhar a defesa contrária, mas sem muito sucesso. Lukaku entrou na segunda parte, a meu ver até poderia ter entrado de início mas talvez não estivesse nas melhores condições físicas, o que se notou nos últimos minutos, onde falhou golos que todos sabemos que não costuma falhar. Eden Hazard entrou já no último suspiro da partida, e pouco acrescentou, porque também não estaria nas melhores condições físicas e até, diria eu, psicológicas. Por último, acredito que o clima dentro do seio do grupo não seja o melhor, pelo que se tem dito na comunicação social, sendo mais um fator que prejudicou a Bélgica neste campeonato do mundo.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Courtois (8)

    Dendoncker (5)

    Alderweireld (6)

    Vertonghen (7)

    Meunier (5)

    Castagne (7)

    Witsel (7)

    De Bruyne (8)

    Trossard (6)

    Carrasco (6)

    Mertens (6)

    SUPLENTES UTILIZADOS

    Lukaku (3)

    Thorgan Hazard (5)

    Doku (6)

    Tielemans (4)

    Eden Hazard (_)

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    Bernardo Santos
    Bernardo Santoshttp://www.bolanarede.pt
    Licenciado em Comunicação Empresarial e Relações Públicas, é um apaixonado por futebol desde tenra idade. O jovem natural de Tomar, mas residente em Lisboa, é um poço de sonhos por realizar, sendo que ser uma voz ativa no mundo do futebol é um deles! Comunicador, simpático, bem humorado e cheio de energia, assim é o Bernardo! Para solidificar os seus conhecimentos no desporto rei, completou os níveis I e II de Scouting no futebol, para além de uma formação de Team Manager. Atualmente, trabalha no departamento de comunicação internacional de uma grande empresa e divide o seu tempo entre as suas paixões e os seus vícios.