Seguimos a contagem decrescente para o início da época 2024-2025 marcada para o dia 3 de agosto, data em que Sporting e FC Porto se defrontam em Aveiro com a ambição de ganharem a Supertaça Cândido Oliveira. Os azuis e brancos não estão ativos no mercado, mas contam pelo menos com a reintegração do melhor jogador jovem da liga em 2022-2023: Ivan Jaime.
O jovem jogador espanhol, depois de três épocas de grande nível em Famalicão, chegou à Invicta com o rótulo de craque por lapidar. Apesar desse estatuto, não conseguiu demonstrar os créditos firmados em Famalicão nos poucos minutos que jogou com a camisola do FC Porto. Mais tarde, juntamente com André Franco e Toni Martinez, foi afastado do plantel principal por Sérgio Conceição.
Agora reintegrado por André Villas-Boas e Vítor Bruno, o espanhol ganha uma segunda vida no Dragão e nova oportunidade para relançar a carreira e mostrar todo o talento que já exibiu na liga portuguesa. Em Vila Nova de Famalicão, o espanhol mostrou-se um jogador diferenciado, com toque de bola requintado e decisivo no último terço, tanto a arranjar espaço para o último passe como para finalizar.
Chegou à cidade do Porto e a massa associativa acreditou que podia ocupar a vaga deixada por Otávio, como um dos criativos da equipa no último terço. Acredito que seja mesmo no meio que o espanhol consiga demonstrar o seu melhor futebol, não se sacrificando tanto no processo defensivo por ter Alan Varela atrás e não tendo que descer tanto e fazer tantas dobras tanto a Wendell como a Zaidu. Num mercado que não se esperam grandes movimentações por parte dos Dragões é essencial que o treinador Vítor Bruno consiga potenciar as qualidades de Ivan Jaime para revolucionar e reforçar o meio-campo da equipa.
Em contrapartida, Alan Varela chega a esta época como um dos titulares indiscutíveis da equipa. O argentino provou, mesmo com muitos minutos nas pernas, que veio para ser o dono e senhor da posição mais recuada do meio-campo. É também um jogador diferenciado pelo que dá a equipa no processo defensivo pelo seu sentido posicional, capacidade de desarme e de recuperação, mas também pela sua técnica e visão de jogo na primeira fase da construção. Independentemente do esquema que Vítor Bruno queira utilizar, dificilmente vai abdicar de Alan Varela por tudo o que o argentino consegue acrescentar à equipa.
À semelhança de grandes médios defensivos que já passaram pelo Dragão – Fernando ou Danilo Pereira que se tem falado muito no regresso – o argentino vai marcar a Invicta e o meio-campo da albiceleste nos próximos anos.
Já Nico González ainda não conseguiu convencer a nação portista. O ex-médio do FC Barcelona chegou com o intuito de se afirmar como titular indiscutível no onze do FC Porto, mas tarda a afirmar-se. É verdade que a segunda metade da época correu bem melhor ao médio de espanhol, somando muitos minutos e algumas exibições positivas ao formar dupla com Alan Varela. Mas pelo valor despendido pelo FC Porto e pelo burburinho criado em torno de Nico, acredito que o jovem jogador espanhol ainda tem muito por mostrar e está longe de atingir o seu potencial.
É verdade que é a primeira pré-época completa que o jogador está a fazer com a equipa e isso pode fazer toda a diferença para se afirmar no plantel. Nico tem uma forte presença no meio-campo pela sua estatura, já revelou que tem inteligência na fase de construção e no sentido posicional e dá-se muito ao jogo. São características muito interessantes para um médio, apesar de ainda lhe faltar somar melhor capacidade de decisão no último terço.
Acredito que o meio-campo dos Dragões passe muito por estes três médios: Alan Varela como médio mais recuado e Nico e Ivan Jaime mais adiantados. A juntar aos três, o FC Porto ainda tem médios interessantes no banco que podem render o trio titular ao longo da época.
Stephen Eustáquio é o médio com mais golo no clube. Chega com muita facilidade a grande área, finalizando bastante bem. Valorizou-se na Copa América 2024 e, ao ficar no Dragão, pode ser um jogador muito interessante a vir do banco para desbloquear jogos mais complicados. Resta saber se o futuro de Eustáquio passa pela Invicta, uma vez que é um jogador com mercado, nomeadamente de clubes que atuam na MLS.
Já Marko Grujic tarda em afirmar-se nos azuis e brancos. Vai para a quinta época ao serviço do clube depois de chegar do Liverpool FC numa transferência a rondar os nove milhões de euros. O médio de 28 anos tem visto o seu valor de mercado a desvalorizar por somar poucos minutos no campeonato. Ao ficar na Invicta pode ser uma alternativa a Alan Varela por acrescentar à equipa mais valências no processo defensivo e nas bolas paradas. Falta mais consistência ao jogador sérvio para se tornar um jogador importante para Vítor Bruno e para a sua seleção já que também ficou de fora do Campeonato da Europa.
Por último e para complementar as alternativas para o meio-campo, surgem as duas pérolas do Olival. Romário Baró tarda em afirmar-se como um jogador de clube grande. É um jogador com características únicas, fazendo lembrar um outro médio que brilhou em Portugal – Renato Sanches -, mas falta-lhe melhorar a sua qualidade na transição com bola e o timing certo para a largar.
É um jogador forte fisicamente, mas perde com relativa facilidade a bola por falhar timings e por entender mal o que o jogo pede. Se conseguir melhorar esse aspeto, consegue ser um jogador muito útil ao FC Porto. Já Vasco Sousa tem um toque mais requintado com a bola e, ao contrário de Baró, não a gosta de ter muito tempo no pé. É um jogador que ocupa muito bem os espaços no último terço e que decide quase sempre bem.
Além de ter um bom remate, é um jogador dotado tecnicamente e vejo-o como a alternativa natural a ocupar a posição de Ivan Jaime. Acredito que nesta época, dadas as circunstâncias de mercado que o clube apresenta, Vasco Sousa vai ter minutos e vai ser um jogador que vai marcar o futuro e o presente dos azuis e brancos.
Não saindo nenhum médio, é natural que a estrutura procure no mercado outras posições mais carenciadas. Acredito que o meio-campo da equipa seja equilibrado e tenha qualidade. Tem é que ser trabalhado de maneira potenciar as características dos jogadores que ocupam o miolo. As soluções que chegam da equipa B e a afirmação de Nico e de Ivan Jaime são cruciais para o sucesso portista.
