«Falei com o presidente do Estrela da Amadora para ser emprestado, porque ia ser muito difícil trabalhar com o Jorge Jesus»
Bola na Rede: A época 1998/99 é um pouco atípica porque começas no Estrela, fazes 11 jogos e não marcas nenhum golo, e depois vais para o CD Ourense, de Espanha, por empréstimo. O que é que motivou esse teu empréstimo e como foi a experiência de jogares em Espanha?
Gaúcho: Foi assim, foi quando o Jorge Jesus assumiu o Estrela da Amadora, então eu não concordava muito do jeito, do estilo dele trabalhar, de “descomunicar”, sabe? Então foi um choque muito grande, do jeito dele falar com os jogadores, eu não aceitava, não dava para mim e também nunca falou comigo como falava com outros jogadores, com todo o respeito. Então aquilo foi um choque muito grande e eu, cheguei a um momento que falei com o presidente para arranjar um clube para mim, para ser emprestado, porque assim vai ser muito difícil para a gente trabalhar, eu e o Jorge Jesus, claro. Então veio uma proposta do Ourense, em janeiro, para fazer os últimos seis meses, e eu fui para o Ourense, pronto para sair um pouco, para relaxar um pouco a cabeça, conhecer outro clube, conhecer outras pessoas, então fui para o Ourense.
Bola na Rede: Em 1999/2000 voltas ao Estrela e com Jorge Jesus a equipa fica no oitavo lugar da I Liga, com 40 golos marcados e tu marcas 21 desses golos – sentes que esta foi a época em que deste verdadeiramente a conhecer as tuas qualidades ao futebol português?
Gaúcho: É assim, minha qualidade foi logo no começo quando eu cheguei, depois, pronto. Depois, quando eu voltei para o Estrela, tivemos uma conversa, eu e o míster Jorge Jesus, a conversa foi muito positiva e também a equipa que nós tínhamos também ajudou bastante e graças a Deus fiz 21 golos. Sabe que não é fácil fazer 21 golos no Estrela. Apareceu muitas oportunidades nesse ano, mas infelizmente o presidente que lá estava não aceitou nem uma proposta, depois, no ano a seguir, eu acabei acho que indo para o Marítimo, acho que foi.
MATADOR | Futebol de luxo na época de 1999/2000, com Gaúcho a sagrar-se como o 3.º melhor marcador do campeonato. Porquê? Uma verdadeira equipa do CF ESTRELA DA AMADORA – e – óbvio! – o instinto matador de Gaúcho. A prova aqui, frente ao SC Braga, 17.Dez.1999! pic.twitter.com/rZrfaDdosT
— Estrela da Amadora (@cfeamadora) March 28, 2020
Bola na Rede: Falaste aí de algumas oportunidades, podes revelar alguns dos clubes que estavam interessados em ti?
Gaúcho: É assim, quando nós íamos jogar contra o FC Porto, até era o Estádio das Antas, ainda, e o Jorge Andrade, que é um grande amigo e um grande irmão que eu tenho na vida, ele me ligou, falou assim “se tu tiveres sorte se você fizer um golo no FC Porto não comemores”, “mas e porquê?”, “o presidente Pinto da Costa veio falar comigo e tal”, “está bem, não vou comemorar, espetáculo!” e eu pronto, já tinha tudo, as negociações já estavam todas feitas para ir para o FC Porto. Então fomos jogar, primeiro lance do jogo, eu faço o golo, 1-0. E eu não comemorei e as coisas estavam a correr muito bem para nós. Até o Jorge Costa dizia “para de correr, eu já sei que tu vais assinar pelo Porto”, “ainda não tenho nada certo ainda, Jorge Costa”, e ele “não, já sei”. O capitão a falar aquilo! O jogo a rolar e nós a conversar. E chegou um momento que as coisas foram para trás, porque o Fernando Santos não deu o aval para me contratar, ele teve outra solução que foi o Pizzi.
Bola na Rede: Antigo jogador do FC Barcelona, certo?
Gaúcho: Certo. E eu acho que no final do ano, o Pizzi fez cinco ou seis golos, eu fiz 21. Não preciso falar mais [risos].