«Estou a mostrar que já poderia estar há mais tempo na Primeira Liga» – Entrevista BnR com Rafael Barbosa

– O jogo por dentro –

«Não me tem valorizado tanto jogar a extremo puro»

Bola na Rede: O que é que já conseguiste beber de Pako Ayestarán em termos de ações e movimentos que te pede e que têm influência no teu jogo?

Rafael Barbosa: Isso depende da tática em que joguemos…

Bola na Rede: Podemos começar por aí. Em que tática te sentes mais confortável?

Rafael Barbosa: Gosto mais de jogar em 4-3-3, para aparecer como médio interior, ou 4-2-3-1, para jogar à frente dos dois médios mais defensivos. Numa linha de cinco, gosto de ser aquele jogador que vem da esquerda para o meio e também me sinto muito confortável a jogar nessa tática. Sou um médio que, se calhar, como profissional, fez muitos mais jogos a extremo/médio-ala. Acho que não me tem valorizado tanto jogar a extremo puro num 4-3-3. Sou mais um jogador, quando jogo a extremo, que vem para dentro e procura espaços interiores e, quando jogo a médio, procuro muito o espaço entre linhas, dou muita intensidade e procuro assumir o jogo da minha equipa.

Bola na Rede: Já assumiste que preferes jogar no corredor central do que como extremo. Que importância deve ser dada por parte de um treinador àquilo que são as preferências do jogador? Os próprios treinadores têm o cuidado de perceber isso ou tu de lhes dizeres?

Rafael Barbosa: Todos os treinadores que apanhei sabem que sou médio, não sou extremo. Quem me conhece e vê o Tondela a jogar sabe que se jogar a extremo não sou um extremo vertical. Os treinadores sabem disso. Quando jogo a extremo pedem-me movimentos interiores para tanto o defesa como o médio não saberem quem me vem acompanhar e para abrir espaços para os meus colegas na lateral. Todas as equipas por onde passei, todos sabiam que era médio e tentavam, quando jogava a extremo, explorar isso de outra forma.

Bola na Rede: Quem foi o treinador que te arrastou para extremo?

Rafael Barbosa: Foi logo no meu primeiro ano de sénior, com o mister João de Deus, que agora é adjunto de Jorge Jesus. Também fiz muitos jogos com ele a médio nesse ano. Apesar de ser médio, acho que sou um jogador rápido e, na altura, estávamos a precisar de um extremo que viesse para dentro. Ele optou por mim nesse jogo. Como correu bem, a partir daí, fui muito mais opção a extremo.

Bola na Rede: Com que jogadores mais te comparas (não necessariamente aquele que mais gostas)?

Rafael Barbosa: O Otávio do Porto é um jogador com características muito parecidas às minhas. Não gosto de comparações, mas acho que é um jogador que quando joga a médio-ala também gosta muito de vir para dentro, quando joga a médio também joga muito bem entre linhas, é um jogador muito intenso, que nunca desiste de um lance. Temos muitas parecenças nisso. Um jogador que admiro bastante é o Modric, mas acho que não somos nada parecidos.

Bola na Rede: Quando jogas por trás do ponta de lança, gostas mais de jogar por trás de um ponta de lança que se movimente mais e tu, consequentemente, te adaptes ao posicionamento dele, ou por trás de um avançado mais fixo que prenda mais os centrais, mas que te obrigue a fazer outro tipo de movimentos? Dando nomes a isto, preferes jogar nas costas de um Mario González ou de um Tomislav Strkalj?

Rafael Barbosa: Pois, são jogadores muito diferentes. Neste momento, tenho-me entendido muito bem com o Mario. Ainda agora, no jogo contra o Nacional, notou-se o nosso entendimento. Eu puxei o médio para ele vir procurar o espaço. Ele veio, rodou e foi com a bola e fez a assistência para o Murillo [ver vídeo 1]. Acho que nos temos entendido muito bem, porque se eu vou na profundidade, ele vem buscar no pé, se ele vai na profundidade, eu tento ir buscar no pé. Também já joguei muitos jogos com o Tomi, gosto muito de jogar com ele. Se calhar, aí tenho que ser eu a fazer muito mais os movimentos do que ele, por causa das suas características [ver vídeo 2], mas também me identifico muito com ele. É um jogador muito batalhador, também gosto muito das suas qualidades. Para bem a bola de costas para a baliza e sei que, quando a bola vem no ar, ele para a bola e vai jogar de frente para mim. Gosto dos dois, são jogadores diferentes.

Bola na Rede: O Mario González tem sido uma das revelações do campeonato. O que achas sobre ele?

Rafael Barbosa: É um avançado matador. Tem meia oportunidade e faz um golo. Acho que ele ainda pode ser muito feliz no futebol, porque chama muito o golo. A bola parece que vai ter sempre com ele, mas ele é que sabe onde é que vai ter a bola. Tem sido muito importante na nossa equipa. É um dos melhores marcadores do campeonato português. Estar no Tondela e ser um dos melhores marcadores do campeonato português é um feito muito grande.

Bola na Rede: O facto de agora jogares no Tondela, que é uma equipa que tem mais propensão para se recolher e se organizar defensivamente, potencia características diferentes no teu jogo?

Rafael Barbosa: Aqui, como defendemos muito mais, potencia-me mais ao nível defensivo. Acho que melhorei muito isso. Na Primeira Liga, tem que se ser muito intenso, tanto a atacar, como a defender. Foi uma das coisas que aprendi, a posicionar-me melhor. Um posicionamento mau pode fazer estragos a qualquer momento, nesta liga.

Bola na Rede: Tiveste que te redescobrir enquanto jogador a nível defensivo?

Rafael Barbosa: Não é muito o meu forte defender, sou um jogador mais ofensivo. Não tive que me redescobrir, mas tive que me adaptar a novas realidades e tenho melhorado cada vez mais nesse aspeto.

Bola na Rede: Qual é a equipa do nosso campeonato mais difícil de contrariar?

Rafael Barbosa: O jogo mais difícil foi contra o Sporting, em Alvalade, na primeira volta. O Sporting não deixava muitos espaços para nós jogarmos. Era uma equipa que estava muito intensa ao nível defensivo. Não havia muito espaço para pensar e tive alguma dificuldade. No jogo contra o Porto, em nossa casa, o Porto, que é uma equipa já conhecida pela sua intensidade, estava-nos a pressionar bastante. Os jogos mais difíceis foram esses dois.

Bola na Rede: E qual o jogador mais difícil com quem travaste duelos diretos?

Rafael Barbosa: Aqui, para mim, é complicado. Tenho que pensar nos médios, nos laterais e nos centrais. No jogo em Alvalade, o Porro não dava muito espaço, era muito intenso. Foi um jogador com quem tive algumas dificuldades. Quando vinha para dentro, com o Palhinha. O Zaidu é um jogador bastante rápido, também tive algumas dificuldades. Não consigo dizer um jogador que me matou completamente, em que eu dissesse que não sabia o que fazer.

Bola na Rede: Quando estás a ver um jogo, o que é que te faz olhar para um jogador e dizer que ele é bom?

Rafael Barbosa: A principal coisa que reparo quando vejo futebol é a qualidade do toque na bola e a forma como o jogador se posiciona. Tento sempre olhar para os jogadores da minha posição. Tento ver como é que ele estão entre linhas com o corpo, como é que tocam na bola, porque é que fazem aquele passe, qual era o objetivo deles. Esse tipo de coisas.

 

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Francisco Grácio Martins
Francisco Grácio Martinshttp://www.bolanarede.pt
Em criança, recreava-se com a bola nos pés. Hoje, escreve sobre quem realmente faz magia com ela. Detém um incessante gosto por ouvir os protagonistas e uma grande curiosidade pelas histórias que contam. É licenciado em Jornalismo e Comunicação pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e frequenta o Mestrado em Jornalismo da Escola Superior de Comunicação Social.

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